A prisão do prefeito Henrique Budke (PSDB) possibilita mudança de cenário do Executivo e Legislativo de Terenos. Rumores sobre pressão para renúncia do vice eleito na chapa do tucano, Arlindo Landolfi (Republicanos) tomaram conta do município, a 30 quilômetros de Campo Grande.
Caso o vice-prefeito renunciasse ao cargo após afastamento do prefeito preso, o presidente da Câmara, Leandro Caramalac (PSD) poderia assumir o Executivo. Assim, o vereador do PSD ficaria no cargo de prefeito até que houvesse decisão sobre Budke, eleito para liderar o Executivo.
Leitores do Jornal Midiamax afirmaram que circulam na cidade rumores sobre a pressão para renúncia de Arlindo. O deputado federal e ex-prefeito de Terenos, Beto Pereira (PSDB), teria se reunido com o vice-prefeito e o presidente da Câmara do Município na quarta-feira (10) — um dia após a operação com prisão de Budke.
Na ocasião, o deputado supostamente teria pressionado o vice, do Republicanos, para entregar o cargo e possibilitar a ‘escalada’ do presidente da Câmara até o Executivo. O Jornal Midiamax tentou contato com o deputado federal por diversas plataformas, devidamente documentados, para esclarecimento da suposta situação.
Nesta quinta-feira (11), o parlamentar logo depois do fim agenda pública e evitou a imprensa. Não houve êxito em ligações ou mensagens pelo WhatsApp. Contudo, o espaço segue aberto para posicionamento e esclarecimento sobre os fatos.
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Vice-prefeito ‘sondado’
O presidente do Republicanos em Terenos, Professor Celso, afirmou que o vice-prefeito Arlindo foi sondado para renúncia do cargo. Contudo, garantiu que o Republicanos irá assumir o Executivo.
“Sei sim que o vice-prefeito foi sondado para essa possibilidade e disse não, quer assumir o cargo de prefeito. Isso faz parte do jogo político, a gente sabe disso”, avaliou.
Ao Midiamax, o presidente do diretório municipal disse que o presidente da Câmara se reuniu com Arlindo. “Não participei da reunião, a gente teve o conhecimento da conversa sim, do nosso vice-prefeito com o presidente da Câmara, vereador Leandro Caramalac”, disse.
Logo, pontuou o posicionamento da legenda. “A posição nossa, do Republicanos e do vice, daqui a pouco prefeito de Terenos, é de que não, ele não vai renunciar ao mandato dele”.
Ademais, destacou que Arlindo “vai assumir amanhã [12 de setembro] e vai tocar o município até que se resolva essa questão do afastamento do prefeito Henrique”. “Nós somamos com o prefeito Henrique”, lembrou.
Celso afirmou que “o partido Republicanos Terenos não concordaria com uma renúncia”. Então, esclareceu que o cenário seria possível apenas se o “vice-prefeito tivesse algum problema de saúde muito sério que o impedisse de assumir, mas não é o caso, ele mesmo quer assumir.
Já o presidente estadual, Antônio Vaz, comentou que não conversou com o vice eleito pelo partido. “Estou em SP, e não tive a oportunidade de falar com ele”.

Reunião
O Jornal Midiamax acionou o presidente da Casa de Leis sobre a suposta reunião e possibilidade de assumir o Executivo. “Não, não estou sabendo de nada disso não. A coletiva de imprensa amanhã é inclusive com todo mundo, vamos ver o que vai tomar a decisão”, disse por ligação.
Quando questionado sobre qual decisão seria anunciada, voltou atrás. “Não, é coletiva de imprensa”, disse na conversa. “A lei orgânica diz que eu tenho 48h para fazer o comunicado oficial, então vou fazer tudo amanhã”, afirmou.
A reportagem também tentou contato com o vice-prefeito de Terenos, por meio de ligação. Não houve retorno até a publicação desta matéria.
Pronunciamento
Além disso, o Jornal Midiamax tentou contato com vereadores de Terenos. Marcio Rezende (PODE) informou que o pronunciamento divulgado pela Câmara será do presidente, exclusivamente. “O pronunciamento só do presidente, se alguma outra entrevista acontece no particular”, esclareceu.
O vereador do Podemos também informou que não houve reunião entre os parlamentares para tratar sobre o anúncio da sexta-feira (12), após a prisão do prefeito. “É uma situação bem difícil, ruim para política. Não exatamente para política, mas para a população, atrapalha, traz prejuízo para população e o município”, disse sobre a operação contra corrupção na cidade.
Já sobre o comando do Executivo, disse que a manutenção do vice é a melhor opção. “Pelo meu ver, quem tem que assumir é o vice. Mas não tenho como falar alguma coisa, por não ter conhecimento, nem pensei na hipótese”, comentou.
No mesmo sentido, o primeiro-secretário da Câmara, vereador Caco (PP), confirmou que não houve reunião antes da coletiva anunciada. “Não, só sei que amanhã vai ter a coletiva”. Ademais, afirmou que não possui conhecimento sobre a reunião entre Caramalac e o vice-prefeito.

Prefeito do PSDB
No primeiro mandato, teve Felipe Salomão (MDB) como vice-prefeito. Assim, em 2024, tentou reeleição e se manteve no Executivo do município.
Ainda no PSDB, Henrique concorreu pela federação PSDB CIDADANIA, além de ter apoio de mais sete partidos. São eles: Republicanos, PDT, PSD, Podemos, PT, PCdoB e PV.
Para a reeleição, o prefeito mudou de vice e contou com um nome do Republicanos, Doutor Arlindo.
O prefeito integra o núcleo do PSDB há pelo menos oito anos. Nas redes sociais, acumula fotos com Beto Pereira, condenado pelo TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul) por rombo na Prefeitura de Terenos.
Em 2017, participou de evento do PSDB, quando publicou a primeira foto com o ex-prefeito. Além disso, em julho de 2020 assumiu a presidência do PSDB em Terenos.
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Para acabar na lista do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul) de políticos com ‘contas sujas’, o pré-candidato do PSDB à Prefeitura de Campo Grande, Beto Pereira, foi flagrado e condenado por gastos irregulares na experiência que teve como prefeito de Terenos.
Na cidade que fica ao lado de Campo Grande e tem apenas 17 mil habitantes, Beto deixou um rastro com rombo nas contas da Prefeitura e três condenações transitadas em julgado por contas julgadas irregulares que, segundo a legislação brasileira, podem deixar o ex-prefeito inelegível.
Esquema de fraude em licitação
A operação aponta Henrique Budke como líder da organização criminosa alvo da Operação Spotless. Então, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) deflagraram a investigação nesta terça-feira, 9 de setembro.
A investigação apontou que o grupo liderado por Budke tinha núcleos com atuação bem definida. Servidores públicos fraudaram disputa em licitações, a fim de direcionar o resultado para favorecer empresas.
Os editais elaborados sob medida simulavam competição legítima. Portanto, somente no último ano, as fraudes ultrapassaram os R$ 15 milhões.
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O esquema ainda pagava propina para agentes públicos que atestavam falsamente o recebimento de produtos e de serviços, bem como aceleravam os processos internos para pagamentos de contratos.
Provas da Operação Velatus, de agosto de 2024, renderam a Operação Spotless. O Gaeco e Gecoc obtiveram autorização da Justiça e confirmaram que Henrique Budke chefiava o esquema de corrupção.
Spotless é uma referência à necessidade da realização dos processos de contratação da administração pública sem manchas ou máculas. A operação contou com apoio operacional da PMMS (Polícia Militar de MS), por meio do BPCHq (Batalhão de Choque) e do Bope (Batalhão de Operações Especiais).
Em nota, a assessoria de comunicação da prefeitura confirmou a ação.
“Até o momento, o Poder Executivo Municipal não foi oficialmente comunicado sobre o real motivo da ação. Ressaltamos, porém, que a Prefeitura está colaborando integralmente com as autoridades competentes, fornecendo todas as informações e documentos que se fizerem necessários para o esclarecimento dos fatos”, diz o comunicado.
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