Após a operação que teve as instalações da Prefeitura de Bonito entre os endereços alvos de agentes do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) na terça-feira, 7/10, a administração municipal e quebrou o silêncio sobre a ação que resultou na prisão do secretário de Administração e Finanças, Edilberto Cruz Gonçalves, e a diretora de Licitações, Luciane Cintia Pazette.
A operação Águas Turvas, deflagrada por agentes do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, busca estancar um rombo de R$ 4,3 milhões em licitações na cidade, reconhecida como a capital do ecoturismo nacional.
Em nota divulgada no início da noite de ontem, a administração afirmou que “foram adotadas todas as medidas necessárias para garantir pleno acesso aos objetos do mandado de busca, em total colaboração com as autoridades competentes”, reforçando ainda que “a administração municipal sempre pautou suas ações pela legalidade, ética e transparência junto à população”.
“A Prefeitura permanece à disposição das autoridades responsáveis para fornecer todas as informações e documentos necessários ao devido andamento das investigações”, afirmou o texto da gestão do prefeito Josmail Rodrigues (PL), que ao longo do dia não retornou as diversas tentativas de contato da reportagem para manifestação sobre a ação.
Além dos dois servidores presos, o Gecoc também levou para a cadeia o empresário Carlos Henrique Sanches Corrêa e Luis Fernando Xavier Duarte, funcionário de imobiliária. Luis foi preso em flagrante pela posse de arma de fogo e conseguiu soltura após pagar fiança de R$ 2 mil.
O MPMS informou que havia quatro mandados de prisão para serem cumpridos durante a ação. Assim, até o momento, restam um investigado não localizado. O Jornal Midiamax busca apurar as circunstâncias desse alvo na operação e atualizará o status assim que houver confirmação oficial das autoridades policiais.
Os primeiros detidos prestaram depoimento na Delegacia de Polícia Civil de Bonito.
Entenda
O Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), deflagrou a Operação Águas Turvas na terça-feira (7), buscando desarticular uma suposta organização criminosa especializada em fraudar licitações na Prefeitura de Bonito. Contratos que totalizam R$ 4.397.966,86 são objeto de investigação.
A ação resultou no cumprimento de quatro mandados de prisão preventiva e 15 de busca e apreensão. As diligências ocorreram nos municípios de Bonito, Campo Grande, Terenos e também em Curitiba (PR).
De acordo com as apurações do Gecoc, o grupo atuava desde 2021 em fraudes relacionadas a licitações de obras e serviços de engenharia no município. A investigação aponta que os processos licitatórios eram simulados, com a inclusão de exigências específicas para favorecer empresas que faziam parte do esquema.
O esquema contava com a participação de servidores públicos que, segundo o MPMS, forneciam informações privilegiadas a empresários e ajustavam os processos internos para garantir a vitória das empreiteiras selecionadas. Em contrapartida, recebiam vantagens financeiras indevidas.
Os investigados são suspeitos de crimes como organização criminosa, fraude em licitações, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. A operação contou com o apoio do Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
O nome “Águas Turvas” é uma alusão à perda de transparência nos atos da administração pública, em contraste com a imagem de Bonito, cidade conhecida por suas águas cristalinas. Segundo o Ministério Público, a atuação ilícita dos investigados “maculou” a imagem do município.
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