A oitiva de João Resende, ex-diretor do Consórcio Guaicurus, começou com tensão na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) nesta segunda-feira (16). Desde a apresentação inicial, o ‘ex-chefão’ ameaçou fazer uso do direito de silêncio — permitido para investigados da Comissão.
“Com certeza vai ser histórico, os senhores têm o compromisso com Campo Grande e eu também tenho”, disse o ex-diretor. Logo depois, questionou os vereadores da Comissão.
“Quero me vestir na condição não de componente da CPI, estou aqui para responder, não para perguntar. Mas como os senhores têm compromisso com a verdade, quero fazer a seguinte pergunta, iniciando pela vereadora Luiza Ribeiro: a senhora leu o contrato, conhece todas as cláusulas do contrato?”, perguntou.
Então, o presidente da Comissão, Lívio Leite (União), fez uso da palavra para advertir o ex-diretor das empresas. “Prefiro que o senhor faça suas considerações iniciais, porque quem pergunta aqui somos nós”, disse.
Contudo, Resende não aceitou o apontamento do presidente da CPI do Consórcio. “Eu não abro mão, o senhor leu as 7,5 mil partes? Então o senhor não conhece o contrato pelo completo? O senhor está investigando algo que não conhece”, afirmou o ex-diretor.
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Direito de silêncio
Na CPI, João Resende afirmou que era um dos donos do Consórcio; ou seja, tinha porcentagem de ações das empresas que comandam o transporte coletivo em Campo Grande. Porém, não respondeu sobre os lucros que obteve com os 2% das empresas. Questionado pela relatora Ana Portela (PL), João Resende indagou novamente a comissão.
“Os senhores também nem sequer perguntaram, não ouvi uma pergunta dessa comissão. Não me interrompa”, disse, quando Lívio tentou interferir.
“Se o senhor me interromper, vou fazer uso do meu direito de silêncio”, ameaçou Resende.
Assim, Lívio pediu novamente respeito ao investigado. “O senhor está afrontando a Comissão, está sendo desrespeitoso. Nós estamos sendo educados com o senhor. Quero pedir, mais uma vez, o senhor tem muito a falar, tem muito a contribuir para essa Comissão”, disse o presidente.
“Se eu não falar, falo com a imprensa depois”, ameaçou Resende novamente, durante a fala do presidente da CPI. “O senhor vai continuar me interrompendo?”, questionou Lívio.
A relatora da CPI, Ana Portela (PL), questionou sobre a situação financeira alegada pela empresa. “Se vocês tiveram lucro entre 2015 e 2019, por que, desde lá de trás, vocês já não se prepararam para o que está acontecendo agora?”.
Então, João disse que ficaria em silêncio. “Vou requerer o meu direito de permanecer em silêncio”. Após intervenção do presidente novamente, disse que os vereadores não procuram a verdade. “O dia que os senhores resolverem saber da verdade, me acionem”.
Ana Portela reforçou: “Se tiveram lucro entre 2015 e 2019 e não renovaram a frota, é um problema que vieram empurrando com a barriga”. João ficou em silêncio até o fim das questões da relatora.
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