Senadores por Mato Grosso do Sul, Nelsinho Trad (PSD-MS) e Tereza Cristina (PP-MS) podem ir aos EUA com a comissão aprovada para negociar com o congresso americano, em Washington (DC), o tarifaço imposto por Donald Trump ao Brasil.
Após a aprovação da missão parlamentar, Nelsinho ‘convocou’ Tereza Cristina nesta manhã e os dois devem acertar a possível ida com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), durante a tarde desta quarta-feira (16). Trad propôs o compromisso oficial, que recebe sinal verde no Congresso Federal.
Vale ressaltar que Nelsinho e Tereza são, respectivamente, presidente e vice da CRE (Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional) do Senado, o que justificaria a ida. Além disso, a senadora sul-mato-grossense atuou como ministra do agronegócio na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Assim, a presença dela na comissão favoreceria a articulação com o parlamento norte-americano. Em entrevista nesta manhã, Tereza afirmou que na época de ministério negociou com os EUA para retomarem a parceria de exportação da carne brasileira.
Atualmente, os EUA são o segundo maior comprador do insumo bovino do Brasil, ficando atrás somente da China. “[…] propus e conseguimos aprovar no Plenário, o envio de uma missão oficial a Washington. O objetivo é pedir a prorrogação do prazo da tarifa, previsto para 1º de agosto, e defender os interesses do Brasil e do nosso Estado”, afirma Nelsinho ao Jornal Midiamax.
Conforme o senador, a viagem está marcada para acontecer entre os dias 29 e 31 de julho, pouco antes de Trump colocar em prática as medidas unilaterais impostas ao Brasil. “Essa é uma resposta institucional do Senado, construída com apoio unânime. Está em jogo uma política de Estado, que precisa de diálogo e de responsabilidade por quem trabalha, produz e gera empregos”, afirma Nelsinho.
MS suspendeu exportação de carne aos EUA
Frigoríficos em MS decidiram suspender as exportações de carne bovina aos Estados Unidos e a atitude pode baixar o preço da proteína no mercado interno. Entretanto, o Governo do Estado vê como grave a perda de competitividade das cadeias produtivas do Estado com o tarifaço. As medidas de Trump passam a valer a partir de 1º de agosto.
Assim, conforme o titular da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, uma das alternativas seria vender essa carne bovina para o mercado interno, o que poderia aliviar o preço no bolso dos sul-mato-grossenses. Outro ponto de alerta seria o tempo de demora para conseguir exportar parte desta produção para outros países.
“A gente não consegue colocar esse produto rapidamente em outro mercado internacional. A consequência seria colocar esse produto no mercado interno sul-mato-grossense, mercado interno brasileiro, o que obviamente pode haver um aumento de oferta e também uma redução de preço e, na sequência, até uma redução de preço da arroba do boi aos produtores. Por isso que é tão preocupante esse tarifaço”, explicou Verruck.
Apesar da medida, o Sincadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de MS) reforçou ao Jornal Midiamax que as plantas frigoríficas continuam com os abates normalmente. Porém, a exceção seria para as que estão habilitadas a enviar ao mercado norte-americano, que devem reduzir as escalas de abates.
Não há espaço no Brasil para carne represada
Entretanto, Tereza Cristina disse que as carnes exportadas para os EUA não têm mercado no Brasil e que a suspensão dos frigoríficos de Mato Grosso do Sul pode trazer prejuízos para o país.
A parlamentar explica que a carne enviada para o país norte-americano é constituída de ‘retalhos’ e carne magra para compor o hambúrguer. “O que nós exportamos? Carnes que a gente não usa no Brasil. Então essa história de que essa carne vai ficar dentro no Brasil não é verdade”, explica a senadora.
Por conta do tipo de carne produzida nos EUA, o país compra do Brasil os retalhos para misturar e ’emagrecer’ os hambúrgueres. Atualmente, o país governado por Donald Trump é o segundo maior comprador das carnes brasileiras, ficando atrás somente da China.
“Eu fui me certificar e não existe mercado interno para toda essa carne. Então é um problema. O que pode acontecer? Em Mato Grosso do Sul o boi já caiu de preço; o produtor vai ter prejuízo. Os frigoríficos provavelmente vão ter que dispensar funcionários”, cita Tereza Cristina.
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