João Carlos Parkinson de Castro, ministro da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores e coordenador nacional dos Corredores Rodoviário e Ferroviário Bioceânicos, disse que não vai faltar Capital para a Malha Oeste, importante via ferroviária que está inativa há 10 anos. Parkinson, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e outras autoridades participam de uma audiência pública para debater o tema nesta manhã de sexta-feira na Câmara de Campo Grande.
“O que o investidor privado precisa é segurança jurídica. Se houver estabilidade no sistema concessionário, previsibilidade sobre o que vai acontecer nos próximos anos. Não vai faltar capital para esta ferrovia. O que determina o apetite do setor privado é a rentabilidade do projeto, o que já está evidente em Mato Grosso do Sul”, disse Parkinson.
A Malha Oeste liga Corumbá (MS) a Mairinque (SP), em 1.973 km de extensão. A audiência pública, que contou com representantes da bancada federal, estadual e vereadores da Capital, tem a missão de livrar de vez a ferrovia do ‘fantasma’ do abandono que marca as concessões modais em MS.
Há uma década inativa, a ferrovia segue impactando diretamente o escoamento produtivo de setores importantes, como o agronegócio e a indústria.
“Nós temos crédito, mas a iniciativa privada também tem interesse. É viável ter financiamento, o qual tem retorno”, disse o ex-ministro José Dirceu.
De acordo com a vereadora Luiza Ribeiro (PT), a ferrovia está parada porque a Rumo Malha Oeste S.A., que é a concessionária, não cumpriu adequadamente o contrato da concessão, iniciado em 1996. “Inclusive, ela levou multas, tanto do Tribunal de Contas da União, como levou multas de contratos que ela não cumpriu recentemente, com a Suzano, inclusive”, afirmou.
A parlamentar destacou que a audiência foi proposta para debater a reativação da ferrovia e tem como propósito colaborar com a tomada de decisão no futuro da ferrovia.
“É uma vantagem você fazer a concessão, desde que a concessionária cumpra, porque a outra concessionária da rodovia BR-163 [Motiva Pantanal, antiga CCR MS Via] não cumpriu as metas, como esta da ferrovia também não cumpre”, alfinetou.
A audiência pública na Capital foi uma oportunidade após o TCU deliberar decisão terminativa, afirmando a impossibilidade de fatiação da ferrovia, concedendo para algumas empresas e para fazer a rebitolagem. Bitolagem é a distância entre as faces internas de dois trilhos de uma via férrea. Essa medida é crucial para garantir que as rodas dos trens se encaixem perfeitamente nos trilhos, permitindo sua circulação segura.
O governador em exercício José Carlos Barbosa, o Barbosinha, comentou nesta semana que o financiamento dos investimentos em ferrovias está sob a disposição de recursos da iniciativa privada. Às vésperas da audiência encomendada pelo PT de Mato Grosso do Sul, que trouxe o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, para debater a reativação da Malha Oeste em Campo Grande, Barbosinha afirmou que o Governo Federal não tem dinheiro para bancar rodovias.
“Quem banca ferrovia hoje é a iniciativa privada. Estamos dialogando a ferrovia que integra Três Lagoas a Aparecida do Taboado, Ribas do Rio Pardo a Inocência”, disse durante lançamento de obras da prefeitura em Campo Grande.
Sobre as falas do vice-governador, que representa Eduardo Riedel durante viagem oficial à Ásia até o dia 15, Luiza as atribuiu ao papel das concessões. “Na verdade, é o seguinte, as ferrovias, como as hidrovias, como as rodovias, elas em grande parte, hoje, foram construídas com recursos do governo federal, mas elas estão operando por concessões”, disse, ressaltando que o Governo do Estado é parceiro na pauta de reativação da Malha Oeste.
A iniciativa liderada pela vereadora Luiza Ribeiro (PT) e pelo presidente da Casa de Leis, Epaminondas Neto, o Papy do (PSDB), atende à solicitação do STEFBU (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Bauru e Mato Grosso do Sul), do deputado estadual Zeca do PT e do deputado federal Vander Loubet (PT).
O encontro busca amplo debate com a sociedade civil, incluindo empresários, trabalhadores e gestores públicos, sobre a importância estratégica da retomada da ferrovia para Campo Grande, Mato Grosso do Sul e todo o eixo logístico Centro-Oeste/Sudeste.
A reativação da Malha Oeste é considerada um importante elemento de impulsão econômica para a Capital. Com a retomada do transporte ferroviário, Campo Grande se tornaria um centro logístico nacional, com impacto direto no desenvolvimento econômico, na geração de empregos e na integração com a Rota Bioceânica, especialmente por possuir compatibilidade de integração com o mercado boliviano.
Assim, a conexão ferroviária com países vizinhos abriria caminho para um novo corredor internacional até os portos do Pacífico.
“Esse é um debate fundamental para o futuro de Campo Grande e do nosso Estado. A reativação da Malha Oeste pode transformar nossa logística, impulsionar a economia, gerar empregos e fortalecer a integração latino-americana. Precisamos unir forças e promover o diálogo entre todos os envolvidos”, destacou a vereadora Luiza Ribeiro.
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