Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves é acusada de assédio e xenofobia por ex-servidoras
Comissão de Ética da Presidência da República investiga denúncias contra ministra sul-mato-grossense e três integrantes do primeiro escalão da pasta
Da Redação –
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A ministra das Mulheres do governo Lula, sul-mato-grossense Cida Gonçalves, está no centro de uma série de acusações que envolvem racismo, assédio moral, xenofobia e omissão de membros de sua gestão. As denúncias, reveladas nesta segunda-feira (20), foram feitas por ex-servidoras da pasta e encaminhadas à CGU (Controladoria-Geral da União) e à Comissão de Ética da Presidência da República.
Em áudios e documentos obtidos pelo Estadão, as servidoras também acusam a secretária-executiva do ministério, Maria Helena Guarezi, de racismo por uma fala sobre o cabelo de uma servidora negra durante uma reunião; a corregedora interna, Dyleny Teixeira Alves da Silva, de ser omissa em apurar as denúncias; e a ex-diretora de Articulação Institucional, Carla Ramos, de gritar com servidores subordinados.
Contra a ministra, pesam as acusações de ameaças de demissão, cobrança de trabalho com prazos inatingíveis, tratamento hostil, manifestações de preconceito e gritos. O clima hostil teria se formado no ministério após um desentendimento entre a ministra e a ex-secretária nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política, a paraense Carmem Foro.
Após a exoneração da sindicalista, que teria alcançado o cargo com apoio do PT e da CUT (Central Única dos Trabalhadores), a ministra teria convocado uma reunião com a presença de cerca de 30 servidores, ocasião na qual teria feito ameaças de demissão a membros da equipe da então recém-exonerada ex-secretária, além de críticas à postura institucional de Foro.
“Pode ser que boa parte de vocês também possa sair ou não. A princípio, eu tinha dito para a Carmen que quem é dela, que veio com ela, tinha que ir”. Em outro momento do áudio obtido pelo Estadão, Cida diz: “E se vocês acham que eu não sei o que aconteceu nos corredores, eu sei. Cara, eu sei tudo”. Ela também teria dito que passaria a cobrar mais resultados e trabalho dos servidores.
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Ainda na gravação, a ministra teria reclamado da dificuldade em encontrar alguém dentro dos critérios estabelecidos para os cargos da pasta. Seria “mais difícil” recrutar uma mulher negra, do Norte ou Nordeste, com perfil feminista e trânsito com os movimentos de mulheres no Congresso. Essa foi uma das falas apontadas na denúncia pelas ex-servidoras. A partir da saída de Foro, as situações de “isolamento político” e assédio teriam aumentado.
Antes de sua saída, em abril de 2024, um episódio envolvendo a secretária-executiva, Maria Helena Guarezi, também está entre os destaques da denúncia. Durante uma reunião na Enap (Escola Nacional de Administração Pública), Guarezi teria chamado a atenção de Carmem Foro por conta do volume do seu cabelo.
Ainda de acordo com as denunciantes, a secretária-executiva disse que Foro deveria permanecer sentada na mesa de reuniões porque seu cabelo, que é crespo, estaria atrapalhando a visão. O comentário teria desagradado Foro, que se sentiu humilhada. Contra a corregedora interna, pesa a acusação de postura omissa frente às situações enfrentadas pelas servidoras.
O que diz o Ministério?
O Ministério das Mulheres afirmou que nenhuma das acusações foi registrada formalmente nos canais de denúncia da Corregedoria do órgão. Em nota ao Midiamax, a pasta informou que é “contra todo tipo de discriminação” e ressaltou que dará andamento a qualquer denúncia feita formalmente nos seus canais pertinentes, além de prestar todo o apoio a eventuais apurações instauradas nos órgãos externos de controle.
Sem comentar as acusações, o ministério disse que, em 2024, realizou capacitações sobre prevenção e enfrentamento ao assédio moral e sexual, abordando em detalhes as atribuições da Corregedoria, além de esclarecer como as denúncias sobre conduta de conotação sexual e assédio moral são tratadas no âmbito do direito administrativo disciplinar.
O que diz a ministra?
O Midiamax também entrou em contato com a ministra Cida Gonçalves para ouvir suas considerações a respeito das denúncias, mas até o fechamento desta reportagem não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.
(Por Marcus Moura)
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