A comunicação do Governo Lula tem nova marca. Na sexta-feira (29), o ministro Sidônio Palmeira, titular da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, apresentou a mensagem “Governo do Brasil – do lado do povo brasileiro”, durante encontro que reuniu cerca de 600 servidores de órgãos e entidades do Sistema de Comunicação de Governo. A reunião aconteceu no salão Oeste do Palácio do Planalto.
A expressão ‘União e Reconstrução’ marcou os primeiros anos do governo Lula. A nova marca, segundo Palmeira, busca agora inaugurar uma nova fase na gestão petista.
Entretanto, analistas de comunicação política avaliam que o efeito junto à sociedade dependerá diretamente do desempenho econômico da gestão federal.
Lucas Pimenta, jornalista especializado em marketing político, considera que “depois de dois anos e meio patinando para encontrar uma marca”, Lula ganhou uma de presente: a taxação de Donald Trump.
“A taxação de Trump e a defesa da soberania contra a interferência americana foram as únicas pautas que conectaram o governo ao eleitor médio e desengajado, o que é curioso, afinal, o discurso nacionalista sempre foi atrelado ao bolsonarismo. O único momento de respiro do governo foi esse. Mais do que isso, Lula sabe que a situação econômica não terá reversão breve e economia decide a eleição”, disse ao Jornal Midiamax.
O analista destaca que a mudança deve ser observada com visão macro das necessidades do eleitor médio.
“Uma realidade que narrativas complexas não podem combater. Ou seja, se os preços nos supermercados continuarem altos, o brasileiro mais pobre seguirá culpando o presidente, como historicamente o fez, mesmo com o inimigo comum externo (Trump) e o interno (A elite). Historicamente o eleitor médio não consegue refletir de forma profunda e sempre atribui glórias e fracassos, em especial, os econômicos, ao presidente”, aponta.
A psicóloga Gisele Meter, consultora em marketing político, segue a mesma linha de raciocínio. Ela considera que “se o governo não entregar resultado concreto que é mais emprego, economia melhor, saúde funcionando, essa mensagem pode se voltar contra eles”.
“Agora, o objetivo maior é furar a bolha e pegar o eleitor de centro, até o conservador moderado que valoriza soberania. Se der certo, pode melhorar a avaliação do governo e consolidar uma imagem de liderança forte. O que é importante para 2026. Mas tem riscos. Essa coisa de “ter lado” pode aprofundar a polarização. Tem eleitor que está cansado de briga, que quer moderação. E outra coisa: cria expectativa alta”, pontua.
Gisele ressalta que o cidadão comum pode não perceber a mudança do slogan imediatamente, mas deve ser bombardeado com a mensagem em propagandas, pronunciamentos, materiais oficiais. Segundo a especialista, a repetição, junto com ações concretas como a resposta ao Trump, pode construir essa percepção de ‘governo que me defende’.
“Mas é isso: tem que haver consistência entre o que fala e o que faz. Senão não vai colar”, ressalta.

Mais mudanças
Outra mudança na marca governamental é a substituição da expressão “Governo Federal” por “Governo do Brasil”.
De acordo com Sidônio Palmeiras, a mudança busca tornar a linguagem mais simples e direta, permitindo com que a população se identifique melhor com o governo.
“Mais do que uma federação, somos uma nação, somos o povo do Brasil”, afirmou o ministro.
Para Gisele, a sacada foi certeira. “Essa mudança é genial do ponto de vista de comunicação. “Federal” é técnico, frio. “Brasil” é emocional, caloroso. É como a diferença entre falar “Ministério da Saúde” e “SUS”. Todo mundo sabe o que é SUS, todo mundo tem uma relação emocional com o SUS. “Governo do Brasil” quer criar essa mesma conexão”, destaca.
A consultora avalia que as mudanças são estratégicas para o projeto de reeleição de Lula em 2026.
“É claramente uma preparação para 2026. Esse slogan inclusive, pode virar slogan informal de campanha facilmente. É disputar o nacionalismo com a direita. Mostra essa clareza, a visão de unificar toda a comunicação do governo sob uma bandeira só para dar mais coesão. É uma jogada bem pensada, que mostra que eles entenderam que a fase de ‘lua de mel’ acabou. Agora é preparação para os embates que vêm por aí”, destaca Gisele.
Lucas Pimenta reforça que as mudanças sinalizam o tom contrário à promessa de pacificação prometido até aqui.
“Para o que não se tem solução se arruma um culpado e Lula, além de Trump, aposta no ‘nós contra eles’ e na disputa contra uma suposta elite, que pagaria menos impostos do que o povo, os brasileiros mais pobres. Essa mudança vem para ativar o instinto gregário, primeiro, com um viés nacionalista, aproveitando o alinhamento do adversário com o Trumpismo, e trazendo a tona um segundo inimigo comum, esse interno, que seria essa elite de privilégios”, afirma.
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