Depois de afirmar que Consórcio Guaicurus ‘não vai trocar os ônibus tão cedo’ em Campo Grande, o ex-diretor da Agereg (Agência Municipal de Regulação), Vinícius Campos, disse que “nada vai mudar”. Em oitiva na CPI nesta segunda-feira (26), ganhou referência de “advogado do Consórcio” após defender as empresas que controlam o transporte coletivo na Capital.
“A verdade é essa: esse contrato é inviável. Tanto para o Consórcio, quanto para o município. Ambas as partes estão insatisfeitas, podem fazer os TAGs que forem, não vai ser melhorado”, afirmou.
Logo, disse que “não vai ter ônibus com ar-condicionado, não vai vir ônibus zero, não vai vir”. O advogado defendeu as empresas: “eles não têm dinheiro, não têm fluxo de caixa para isso”.
Rescisão do contrato
“O Executivo pode rescindir o contrato”, apontou. Contudo, disse que não apontou a solução durante a gestão na Agereg. “Nós nunca colocamos a questão de rescindir. Porque eu sabia que se rescindisse esse contrato, ia licitar e não ia aparecer interessado”, justificou.
Relatora da CPI, Ana Portela (PL) questionou a falta de apontamentos feitos pelo ex-diretor ao Executivo. “Entendo as coisas que o senhor pontuou, e até concordo. Só que as coisas que o senhor está dizendo, tanto era importante, que o senhor tinha que ter passado essa situação para o Executivo. É tudo perda de tempo?”, indagou.
No entanto, momentos após afirmar que não pautou a rescisão. Disse que não lembra se propôs o fim do contrato com o Consórcio.
Ao vereador Coringa (MDB), o ex-diretor da Agereg disse que tinha servidores suficientes. A informação vai contra as alegações de outros ex-presidentes de Agências ouvidos na CPI.
“Não precisavam mesmo, existem soluções que não dependem de servidores. A solução que nós estávamos discutindo era uma rescisão amigável. Não lembro se eu propus ou não”, voltou atrás sobre a rescisão.

Superlotação
Mais uma vez, a superlotação ganhou destaque nos debates. Mantendo o ritmo de outros depoentes das agências, Vinícius disse que a lotação ocorre apenas em momentos de ida e volta do trabalho.
“A questão da lotação nos veículos, isso está restrito aos horários de pico, que é de manhã quando o pessoal sai para trabalhar e no fim da tarde. Se o senhor for olhar às 14h na Afonso Pena não tem ninguém dentro”, respondeu ao Coringa.
“Advogado do Consórcio”, disse Luiza Ribeiro (PT) sobre as falas do ex-diretor da Agereg. Ela pontuou que os usuários utilizam o transporte justamente nos horários de trabalho. “Passar a vida com superlotação”, apontou.
Ex-diretor da Agereg comentou revisão tarifária
Lívio Leite questionou a revisão tarifária do sétimo ano de concessão. O advogado depoente disse que calcularam, mas não aplicaram o reajuste.
“Nós conversamos com o Consórcio para esperar essa revisão, porque a tarifa ia explodir”, explicou. “A gente já tinha os cálculos da revisão, estavam favoráveis para que explodisse”, detalhou sobre a situação.
Neste mesmo sentido, destacou que as empresas concordaram em manter o preço da passagem de ônibus durante a gestão dele, até 2019. “O Consórcio entendeu também que para eles não era interessante explodir, porque teria uma fuga maior de passageiros”, disse.

Veículos com documentação atrasada
Por fim, vale lembrar da denúncia sobre veículos com documentação atrasada. Em Campo Grande, ônibus do Consórcio Guaicurus circulam até com licenciamento atrasado. A denúncia desta segunda-feira (26) acontece após inspeção do vereador Maicon Nogueira (PP). Os apontamentos aconteceram também na oitiva da CPI.
“Identifiquei ônibus em flagrante estado de inconformidade documental. Encontrei ônibus rodando com licenciamento de 2023. Não estava no setor de ônibus encostado, eles já estavam limpos para sair juntos já com os primeiros motoristas”, disse Maicon durante sessão da CPI do Consórcio.
A primeira fiscalização aconteceu na Viação Cidade Morena, no bairro Moreninhas. São aproximadamente 250 veículos nesta garagem. Além disso, existe uma garagem na Viação Campo Grande, na região do Ana Maria do Couto.