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Política

‘Corremos atrás do sim e conseguimos parcialmente’, diz Nelsinho Trad após Trump liberar celulose e ferro de MS

Senador de MS admite que atuação de Eduardo Bolsonaro atrapalhou tratativas nos EUA
Gabriel Maymone -
Senador Nelsinho Trad (PSD-MS) presidiu comitiva de senadores para tratar sobre tarifas nos EUA (Divulgação)

Em conexão ainda nos Estados Unidos para voltar ao Brasil, o senador (PSD-MS) comemorou o fato de diversos produtos brasileiros terem escapado do tarifaço de 50% do presidente Donald Trump, que começa a valer a partir de 6 de agosto.

O parlamentar presidiu a comitiva de senadores que esteve nos EUA para abrir diálogo sobre as tratativas em relação à sobretaxa de 40% — somada aos 10% já aplicada anteriormente. A senadora Tereza Cristina (PP-MS) também integrou o grupo.

Apesar de afirmar que ainda há muito pela frente. “O jogo está só começando”, pontuou.

No entanto, detalhou os esforços da comitiva: “Posso dizer que o ‘não’ nós já tínhamos. Corremos atrás do sim e conseguimos parcialmente. A maior vitória é abrir canal de diálogo”, exaltou.

O grupo ainda enfrentou as tensões políticas e diplomáticas em meio aos diálogos.

Torcida pela celulose

Quando a Casa Branca divulgou o decreto com a lista de produtos que escaparam da tarifação, Nelsinho conta que torceu pela celulose. “Fui olhando o que estava dentro e o que estava fora. Aí, achei a celulose”, comentou, explicando que fez a defesa de um dos principais ativos de .

Tarifaço de Trump excluiu ferro-gusa, terceiro produto mais exportado por MS aos EUA. (Divulgação)

Conforme dados oficiais, a celulose foi o segundo produto brasileiro mais exportado por MS aos Estados Unidos no ano de 2024.

O grupo resolveu dividir tarefas, como explica Nelsinho, que presidiu a comitiva. “Fizemos reunião e dividimos. O Espiridião [senador do PP por Santa Catarina] defendeu a madeira, a Tereza [Cristina, do PP de MS] a questão do Agro. Eu fiz a defesa da celulose”, explicou.

Ao afirmar que a intervenção da comitiva foi apenas um e não o único dos fatores que deram flexibilidade ao decreto norte-americano, Nelsinho Trad explicou que conversas com grandes empresários apoiadores de Trump foram fundamentais. “Chamamos empresários norte-americanos, porque aqui eles tomam um lado. Fomos nesses caras e mostramos o impacto [das tarifas] a eles. Isso foi um trabalho hercúleo”, ressalta o senador.

Questões políticas apimentaram negociações

Ao Jornal Midiamax, Trad reforçou que não deixou que divergências políticas atrapalhassem o objetivo do grupo. “Teve uma hora que falei para o pessoal: o que une todo mundo? Vamos focar nisso!”, lembrou.

A viagem também foi marcada por polêmicas como a atuação do deputado federal — e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro —, Eduardo Bolsonaro, que chegou a declarar que estaria agindo para que os parlamentares brasileiros não fossem recebidos por ninguém, nos Estados Unidos.

No entanto, Nelsinho conta como superou questões políticas para levar o grupo a obter êxito — ao menos parcial — em seus objetivos. “Não vou dizer que não teve o componente mais apimentado nesse tempero, porque teve. Tivemos que andar pra frente. Veio a questão do STF, do Alexandre de Moraes, a gente saiu dessa, pois queríamos focar no comércio, nas tratativas comerciais”, explicou.

Além disso, Nelsinho afirmou que a questão em torno do julgamento de Jair Bolsonaro — réu por tentativa de — foi colocada à mesa. “Em determinados momentos isso foi questionado a nós. Mas falamos que nosso país tem uma constituição que garante atuação independente dos poderes. Disse, de forma bem equilibrada, que nem que o presidente [Lula] quisesse ele não poderia fazer um negócio desse [interferir no julgamento do STF]”, detalhou.

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Trabalhos continuam

Ainda no aeroporto de Atlanta, Nelsinho afirmou que a comissão continuará atuando e adiantou os próximos passos: “A comissão não se extingue, tem sua continuidade. Vamos fazer relatório e apresentar no plenário. Vamos dar sequência nas tratativas, pois teve setor que ficou de fora, vamos ver se conseguimos reabrir o canal”, disse.

MS exportou 315 milhões de dólares aos EUA no 1º semestre

Os Estados Unidos representa apenas 5,97% das exportações de produtos sul-mato-grossenses, conforme aponta o relatório Comex de junho de 2025, elaborado pela Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de MS).

Esse é o percentual verificado no primeiro semestre de 2025.

Então, o relatório mostra que, de um total de 5,2 bilhões de dólares exportados no período, cerca de 315 milhões foram para os EUA. Assim, o país de Trump figura como segundo maior comprador de MS.

Em 2024, Mato Grosso do Sul enviou 785 mil toneladas de produtos aos Estados Unidos.

A carne bovina é o produto mais exportado de Mato Grosso do Sul para os Estados Unidos; rendeu, em 2024, total de 225 milhões de dólares. A celulose é o segundo produto, e o ferro-gusa, o terceiro. Óleos, açúcar, couro, carne de aves, peixes, ovos e até amido integram a lista.

Trump confirma tarifaço

Conforme comunicado oficial da Casa Branca, “as ações recentes do governo do Brasil ameaçam segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos. Membros do Governo do Brasil tomaram medidas que interferem na economia dos Estados Unidos, infringem os direitos de livre expressão de cidadãos dos Estados Unidos, violam os direitos humanos e minam o interesse dos Estados Unidos em proteger seus cidadãos e empresas. Membros do Governo do Brasil também estão perseguindo politicamente um ex-presidente do Brasil, o que está contribuindo para o colapso deliberado do Estado de Direito no Brasil, para a intimidação politicamente motivada naquele país e para abusos de direitos humanos”.

Como exemplo, o decreto assinado por Trump cita o ministro do STF, Alexandre de Moraes, alegando que o magistrado teria abusado da autoridade judicial para “atingir oponentes políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências”.

Ainda, Trump declara emergência nacional: “Concluo que o escopo e a gravidade das políticas, práticas e ações recentes do Governo do Brasil constituem uma ameaça incomum e extraordinária, que tem sua origem total ou substancialmente fora dos Estados Unidos, à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos e, por meio deste, declaro emergência nacional com relação a essa ameaça”.

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