Enquanto o Consórcio Guaicurus cria empecilhos para instalação de ar-condicionado nos ônibus que circulam em Campo Grande, cidades do interior de Mato Grosso do Sul já vivem o conforto. Diretor de operações das empresas disse, na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que a temperatura corporal e pontos não climatizados impedem o investimento para conforto dos usuários.
Contudo, ônibus com ar-condicionado e wi-fi fazem parte da rotina de usuários do transporte coletivo de Três Lagoas, a 327 quilômetros de Campo Grande.
Em 5 de maio, a Prefeitura de Três Lagoas colocou nas ruas veículos coletivos climatizados e com internet gratuita. São 12 veículos no total, sendo 10 em circulação e dois de reserva. Além disso, a primeira semana de circulação foi gratuita. Ou seja, não cobraram tarifa dos usuários.
LEIA – Quase 100 ônibus: Diretor de operações do Consórcio confirma frota ‘vencida’
Inviável para os veículos?
O diretor de operações, Paulo Vitor Brito de Oliveira, comentou ainda sobre a possibilidade de ar-condicionado para os usuários do transporte. Porém, considerou o equipamento como inviável em Campo Grande.
“Não consegue manter temperatura adequada dentro do ônibus”, justificou. Assim, deu série de fatores que causam a variação de temperatura. “Ônibus para a cada ponto, portas que abrem, quando o corpo de uma pessoa está resfriando, ela sai e entra outra com a temperatura [de fora]”, citou o diretor.
Até os pontos de ônibus seriam fatores para a não instalação dos equipamentos em Campo Grande. Paulo destacou que as paradas não são climatizadas na Capital, o que dificultaria a instalação de ar-condicionado nos ônibus.

Barreiras
No entanto, no Rio de Janeiro, cidade litorânea com histórico de altas temperaturas, os pontos são abertos também. Além disso, os veículos de transporte público são climatizados com ar-condicionado.
Não é preciso ir para outro estado para viabilizar o uso de ar-condicionado com pontos de ônibus abertos e calor extremo. Mais uma vez, Três Lagoas desmente o argumento das empresas: além de veículos climatizados, os pontos de embarque e desembarque são abertos.
Há dois anos, a cidade foi para o topo da lista dos municípios mais quentes do Brasil. Com 42,7°C, Três Lagoas tem altas temperaturas como Campo Grande. Nem por isso, a Viação Cidade Corumbá deixa de oferecer o conforto aos usuários.
LEIA – Consórcio Guaicurus ameaça reajuste com número enganoso; 7 capitais aumentaram tarifa em 2025
Esta não é a primeira vez que o Consórcio usa argumentos enganosos. No início de 2025, o novo chefe do Consórcio Guaicurus, Themis Oliveira, apontou que outras capitais aumentaram o valor da tarifa de ônibus.
Contudo, ao invés do número indicado por ele — de que mais de 14 capitais haviam reajustado os valores — apenas sete confirmaram aumento em 2025. Na ocasião, a empresa pressionava o aumento da tarifa. Ações judiciais mantêm a solicitação, que encareceria o transporte, sem qualidade equivalente.
Especialista critica falta de equipamento
A engenheira e mestre em Mobilidade Urbana, Lúcia Maria Mendonça Santos, se revoltou com a falta de ar-condicionado nos ônibus do Consórcio Guaicurus em Campo Grande. Assim, criticou o serviço prestado aos usuários na Capital em oitiva da CPI.
Profissional de Santa Catarina, Maria prestou depoimento por videochamada na CPI do Consórcio. “Se aqui em Florianópolis, que é frio, nós temos ar-condicionado, imagina vocês que vivem no pico do calor”, criticou.
Uma das suposições da especialista vai de encontro com os relatos de usuários o transporte: excesso de calor. Então, disse que a instalação dos equipamentos de conforto básico aos usuários não seriam “grande empecilho”. Considerando que o transporte público em Campo Grande é comandado por um grupo de empresas.

Ônibus pegou fogo
Enquanto isso, Campo Grande dispõe de serviço que ‘pega fogo’, literalmente. Um ônibus do Consórcio Guaicurus, da linha 124 (Enersul – Santa Felicidade / T. Guaicurus), pegou fogo na noite em 23 de maio. O incidente aconteceu na Avenida Gury Marques, nas proximidades da Avenida dos Cafezais.
Contudo, apesar da ocorrência de frota velha do Consórcio, ninguém ficou ferido. De acordo com testemunhas, as chamas podem ter se iniciado nos freios do veículo. O empresário Alvaney Carvalho de Almeida passava de carro no local, e a esposa dele, Andreia Milani, foi quem viu as chamas.
“O ônibus estava parado, o motorista estava do outro lado, falando no celular, e eu falei: ‘O ônibus está pegando fogo’”. Com problemas no freio, o motorista parou o veículo e estava ao celular para avisar a empresa, porém, ele não viu o início do fogo.
💬 Receba notícias antes de todo mundo
Seja o primeiro a saber de tudo o que acontece nas cidades de Mato Grosso do Sul. São notícias em tempo real com informações detalhadas dos casos policiais, tempo em MS, trânsito, vagas de emprego e concursos, direitos do consumidor. Além disso, você fica por dentro das últimas novidades sobre política, transparência e escândalos.
📢 Participe da nossa comunidade no WhatsApp e acompanhe a cobertura jornalística mais completa e mais rápida de Mato Grosso do Sul.
***