O atual ‘chefão’ do Consórcio Guaicurus, diretor-presidente Themis de Oliveira, não apresentou números em oitiva da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) nesta quarta-feira (18). Enquanto os dados ficaram para depois, insistiu em barreiras para instalação de ar-condicionado nos ônibus e renovação da frota em Campo Grande.
Mais uma vez, o Consórcio afirmou que não substituirá os ônibus ultrapassados que realizam transporte público em Campo Grande. Themis alegou que a renovação não é possível sem aporte público.
“Para eu substituir em torno de 200 ônibus, precisaria pegar um financiamento de R$ 170 milhões”, apontou.
O atual presidente, Themis de Oliveira, assumiu em janeiro deste ano, no lugar de João Resende, que ficou 12 anos no cargo. Apesar da troca de cadeiras, Resende segue na diretoria do Consórcio.
A sessão desta quarta-feira (18) previa oitiva com o sócio-proprietário do Consórcio Guaicurus, Paulo Constantino. Mas ele entregou atestado para fugir da CPI que investiga o transporte público em Campo Grande. O presidente da Comissão, Lívio Leite (União), disse que vão deliberar sobre nova convocação. Para isso, os membros se reúnem na segunda-feira (23).
Se houver nova oitiva, os vereadores podem estender a terceira fase. Enquanto isso, confirmaram audiência pública com os usuários do transporte público em 25 de junho. Telão na praça Ary Coelho transmitirá o momento.
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Ônibus novos?
Relatora da Comissão, a vereadora Ana Portela (PL) questionou os custos de manutenção do Consórcio. Assim, a relatora disse que, em 2016, as empresas tiveram custo de manutenção de 76% sobre o valor da tarifa, sendo que, em 2020, o percentual subiu para 87%.
Em outras oitivas, depoentes confirmaram que os ônibus velhos encarecem os custos das empresas. No entanto, Themis não apresentou os números. Disse que poderia procurar os dados e encaminhar posteriormente aos vereadores.
Logo, o presidente lembrou que entregaram novos ônibus em 2023. “Mesmo sem poder, usando o chapéu dos acionistas como crédito nas instituições financeiras. Estamos pagando, vamos pagar por mais três ou quatro anos”.

Ficou para depois
Novamente, Themis deixou a vereadora sem resposta. A relatora apontou que as despesas operacionais do Consórcio aumentaram de R$ 84 mil para R$ 11 milhões ao longo dos anos. “Desconheço o termo”, disse o presidente do Consórcio ao negar os dados.
Obrigados a retirar 98 ônibus velhos das ruas e substituir por novos, o Consórcio não informou as condições financeiras para cumprimento da exigência do Executivo. “Já recorremos da decisão”, alegou Themis.
Ar-condicionado
Themis apontou que a climatização dos ônibus está fora de cogitação até determinação oficial. “A questão do ar-condicionado nos ônibus é possível, no meu ponto de vista é necessário, mas precisa de uma decisão da Prefeitura, do meio contratante”, disse.
Então, afirmou que “se o contratante me determinar que a partir de agora os ônibus devem ter ar-condicionado, e isso não estava no contrato inicial. Vou cumprir assim que determinado”, cravou.
Maicon Nogueira (PP) apontou diversas denúncias dos usuários. A resposta do presidente foi limitada: “O que manda é tarifa, se você tem tarifa, seja subsidiada ou não, pública estabelecida, se for compatível para manter o serviço, ele melhora”.

Redução de frota
Questionado por Coringa (MDB) sobre a perda de mais de 100 ônibus na frota de Campo Grande, Themis apontou a redução de passageiros. “Foram perdidos muitos passageiros ano passado, transportou algo em torno de 40 milhões de passageiros. Enquanto a previsão no pior dos cenários era de 85 milhões de passageiros”, justificou a redução dos veículos.
Já sobre a superlotação apontada pelos usuários diariamente, o presidente do Consórcio disse que possuem cerca de cinco câmeras em cada ônibus. Contudo, disse que não transmitem imagens ao vivo.
Ou seja, não existe controle em tempo real da quantidade de passageiros por meio das câmeras. Assim, condicionou aos funcionários da concessionária a possibilidade de alertar a superlotação por meio de tablet instalado nos ônibus.

Média de 8 anos
Themis confirmou que a frota tem idade média acima do limite, sendo que opera com mais de 8 anos de média. São 194 ônibus que precisam de substituições para adequar a idade da frota, informou o presidente da concessionária.
A vereadora Luiza Ribeiro (PT) citou omissões de viagens e as linhas ‘fantasmas’ relatadas pelos usuários. O diretor da concessionária negou. “Isso não acontece, vereadora. O que nos move são as ordens de serviço da Agetran”.
Ademais, afirmou para a vereadora que o desequilíbrio econômico é milionário. “A primeira perícia foi inconclusiva”, lembrou. Então, disse que a segunda perícia foi determinada judicialmente.
Porém, estudos internos das empresas apresentam déficit maior. Mais uma vez, não apresentou os dados exatos.
Também citou os aditivos ao contrato inicial. “Já no primeiro termo aditivo, ele muda de março para outubro e muda algumas tarifas. Não reequilibra isso no contrato e não incorpora no reajuste esses 8 meses de inflação que ficaram de março para outubro”, disse.
Contudo, vale lembrar que a alteração ocorreu para cumprimento de legislação, que condiciona o reajuste de tarifa de forma anual. Assim, em março daquele ano, o Consórcio ainda não possuía 12 meses de prestação de serviços para reajustar os valores.
Mobilidade
O presidente do Consórcio destacou ainda que os ônibus novos não atenderão a população. “Só os ônibus mais novos não vão atender a população, os ônibus vão ser todos velhos e a população vai achar que ainda está passando muito tempo no ônibus. Vai continuar com a sessão da má prestação dos serviços”, opinou.
Neste sentido, criticou a mobilidade urbana da Capital. Afirmou que o tempo de traslado dos ônibus aumentou nos últimos anos. “Não cabe um ônibus, ocupa duas faixas”, disse sobre as vias principais da cidade.
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