O atual presidente da Câmara de Vereadores, Epaminondas Neto, o Papy (PSDB), permanecerá no comando da Casa de Leis até o final de 2028. Em decisão unânime, os 29 vereadores da Casa reconduziram o presidente até 2028.
A decisão, antecipada 17 meses antes do prazo formal — previsto para dezembro de 2026 —, foi definida no início da tarde desta quinta-feira, 10 de julho, após uma articulação que durou cerca de 72 horas desde o anúncio oficial da bancada do PSDB em apoio à permanência de Papy na liderança do Legislativo da Capital.
A nova composição é válida somente a partir de 2027 e altera apenas as posições de vice-presidente e 2ª presidência, que ficarão a cargo de Lívio Leite (União Brasil) e Ana Portela (PL). André Salineiro, do PL, atual vice-presidente, deixará a posição para liderar o partido após o biênio 2025/26.
Caminho natural
Quando começou a ventilar a possibilidade da manobra, vereadores procurados pelo Midiamax não sinalizaram aversão. Como o caso do estreante Maicon Nogueira, PP, que vê a medida como um “caminho natural”.
“Foi assim com os últimos presidentes e acredito que deva ser assim também com o presidente Papy, é um rito natural. Eu tô em primeiro mandato, tô aprendendo muito sobre como funcionam as coisas aqui e eu confio nos meus colegas. Se esse for o entendimento da maioria, vai ter o meu voto também”, afirmou.
Júnior Coringa, do MDB, que chegou a se colocar como uma terceira via no final do ano passado, buscando liderar o Legislativo neste biênio, afirmou que agora defende a união em torno da manutenção da presidência nas mãos de Papy. “Eu acho que a população não quer uma briga, um racha dentro da Câmara”, avalia.
Assim como o emedebista, outros parlamentares veem na gestão de Epaminondas a harmonia necessária para o Legislativo avançar. Contudo, há também quem veja com preocupação o risco de interferências na Casa de Leis.
“Pela minha experiência, muitas vezes o Executivo quer interferir na independência dessas casas. Por mais que o discurso seja de que eles respeitem, sempre há interferência. É isso que está por trás dessa antecipação. A independência dos poderes”, afirmou Marquinhos Trad (PDT), que já foi prefeito de Campo Grande entre 2017 e 2022.
Encontro pré-anúncio
À imprensa, antes da votação, Papy afirmou que teria tido encontro com a cúpula do ninho tucano no início da semana. Os detalhes do encontro não foram explicitados, mas, na terça-feira (8), no final da tarde, o líder da bancada do partido na Câmara anunciou o apoio da legenda à manutenção do comando legislativo sob Papy.
A manobra rapidamente se articulou e, em menos de três dias, já estava divulgada no Diário Oficial, convocando para eleição, que formalmente estaria prevista para dezembro de 2026.
Vereadores acreditam que a mobilização em torno da reeleição da Mesa Diretora envolve o pleito de 2026. Ana Portela (PL) avalia a potencial saída de colegas de parlamento, caso sejam eleitos a outros cargos. Ronilço Guerreiro (Podemos) já considera o risco de interferências políticas comprometerem as decisões dos vereadores, levando a tirar o foco das prioridades da cidade.
O Midiamax apurou que a medida seria uma estratégia do PSDB para garantir a presidência da Câmara Municipal de Campo Grande a Papy até o fim da 12ª Legislatura, em 2028, evitando, assim, a necessidade de negociar cargos em 2026, ano de eleição.
O mesmo movimento no “apagar das luzes” antes do recesso já ocorreu em legislaturas anteriores.
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