Vereadores de Sidrolândia arquivam CPI contra Vanda Camilo uma semana após abertura
Parlamentar alegou que o rito foi descumprido, já que a comissão não foi formada
Renata Portela, Anna Gomes –
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Nesta terça-feira (30), durante sessão na Câmara Municipal de Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande, o vereador Carlos Henrique Olindo (PSDB) requereu o arquivamento do requerimento que resultou na abertura de comissão processante contra a prefeita Vanda Camilo (PP). O requerimento foi votado e aprovado por maioria.
O parlamentar, que é filho de advogado que atua na defesa de ré da Operação Tromper, relembrou o requerimento apresentado em 16 de abril por Enelvo Felini Júnior (PSDB). Na semana seguinte foi votada a abertura da comissão, com 12 votos favoráveis.
Somente o vereador Gabriel Auto Car (PSD), citado na investigação, votou contra. Olindo afirma que o Legislativo não tem mecanismos suficientes para investigar o caro e que o inquérito não chega a citar diretamente a prefeita Vanda Camilo.
Por isso, caberia ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) tal investigação e não à Câmara. Assim, o vereador pediu o arquivamento do requerimento de Enelvo.
Ele ainda alegou que como não foi formada a comissão, foi descumprido o rito. No pedido, o parlamentar diz que, caso fatos novos apontem a participação da prefeita nos crimes, a abertura da comissão pode ser votada novamente.
Na votação, foram 8 votos favoráveis e 5 contra. Com isso, foi arquivado o requerimento para abertura da comissão processante contra a prefeita.
Comissão aberta
Citado nas investigações da Operação Tromper, o vereador Gabriel Auto Car, da Câmara de Sidrolândia, foi o único a votar contra pedido de abertura de uma comissão processante contra a prefeita Vanda Camilo (PP).
A investigação foi instaurada por 12 votos a favor. Agora, os vereadores vão definir quem deve compor a Comissão Processante, que pode cassar o mandato da prefeita.
Ao Jornal Midiamax, membros da oposição disseram que a abertura da investigação serve apenas para amenizar os ânimos da população local.
“Não vão cumprir o papel de legisladores, não vai dar em nada. A maioria é base da prefeita, não vão condená-la. A gente espera que a investigação na Justiça faça algo, porque aqui é só deboche com a população”, comentou.
A Polícia Militar foi acionada para acompanhar a sessão nesta terça-feira na Casa. Antes da votação, o presidente da Câmara, Otacir Figueiredo, o Gringo (PP), disse que ele e a prefeita Vanda Camilo (PP) estavam ‘muito tranquilos’ com o pedido de abertura de uma comissão processante a ser votado.
Pedido de investigação
O vereador Enelvo Felini Júnior (PSDB) fez a leitura do requerimento que protocolou na Câmara de Sidrolândia para pedido de abertura de comissão processante contra a prefeita Vanda Camilo (PP). Presentes na sessão, moradores da cidade pediram regime de urgência na tramitação.
“Sei que todos que estão aqui pedem uma Sidrolândia mais limpa e transparente. Peço que todos os vereadores se atentem a nossa responsabilidade de fiscalização, e em atenção a todos os moradores de Sidrolândia”, disse na ocasião.
Vereador Gabriel e Gringo
Investigações do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), que levaram à prisão do vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB) e de outros sete na terceira fase da Operação Tromper, mostram indícios que o suposto grupo criminoso teria envolvimento com os parlamentares da Câmara de Vereadores de Sidrolândia, inclusive com o presidente da Casa, Otacir Figueiredo, o “Gringo” (PP).
O Gecoc também apontou indício de repasses mensais da Prefeitura Municipal de Sidrolândia para o vereador Izaquel de Souza Diniz, vulgo “Gabriel Auto Car” (PATRIOTA). O parlamentar foi um dos 28 alvos de busca e apreensão da terceira fase da Operação Tromper, em 3 de abril.
Em 1º de agosto de 2022, Tiago Basso envia mensagens para Claudinho Serra, então secretário de Fazenda, informando que teria assuntos para tratar sobre o vereador “Gabriel”.
Em 9 de agosto, oito dias depois, Tiago Basso conversa com um contato nomeado como “Vereador Gabriel”, identificado como o parlamentar Izaquel Diniz. Ele envia foto de uma cartão bancário pertencente à cunhada, casada com o irmão do vereador, para o repasse de valores. Segundo o MPMS, essa seria uma estratégia para ocultar os repasses mensais.
Na sequência, em 11 de agosto, o vereador enviou outra foto de cartão bancário da cunhada, mas desta vez pertencente a outro banco para fazer o envio de dinheiro. Nesse episódio, ele pede que Tiago agilize o pagamento.
Vereador preso
Vereador de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB) foi preso após mandado de prisão autorizado pela Justiça por suspeitas de esquema de corrupção, durante a terceira fase da Operação Tromper.
O parlamentar é ex-secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica de Sidrolândia e genro da prefeita Vanda Camilo.
No dia 26 de abril, 23 dias após a operação, Claudinho teve liberdade concedida, com uso de tornozeleira eletrônica. Ele chegou a faltar 7 sessões na Câmara de Campo Grande e não retornou.
Ao invés disso, apresentou atestado médico alegando abalo psicológico e deve se ausentar por mais 30 dias.
Claudinho foi um dos oito alvos de prisão da operação, comandada pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e da Polícia Militar, que apura corrupção na prefeitura de Sidrolândia.
Foram cumpridos também 28 mandados de busca e apreensão por suspeita de corrupção em contratos de asfalto, segundo divulgou o MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul).
A investigação, tocada pela 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Sidrolândia, ratificou a efetiva existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e contratos administrativos com a Prefeitura Municipal de Sidrolândia, bem como o pagamento de propina a agentes públicos municipais.
Também foi identificada nova ramificação da organização criminosa, atuante no ramo de engenharia e pavimentação asfáltica. Os contratos já identificados e objetos da investigação alcançam o montante aproximado de R$ 15 milhões.
A operação contou com o apoio operacional do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), do Batalhão de Choque e da Força Tática da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, além da assessoria militar do MPMS.
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