Nesta quarta-feira (15), amigos e familiares de Dinho Vital, morto a tiros na última semana em Anastácio, vão realizar uma passeata para pedir por justiça. Segundo eles, Dinho teria sido morto injustamente, após ser espancado.

Uma das organizadoras e amiga de Dinho, Jociélly Fernandes, revelou que a passeata deve acontecer às 17h, na praça Arandu, com destino ao Fórum do município. Ela explica que as respostas dadas sobre o caso não condizem com a realidade e que um crime teria sido cometido.

“Queremos que os envolvidos nesse crime paguem pelo que cometeram. O veículo que Dinho estava dirigindo foi alvejado por disparos. Segundo as informações era tentar conter a situação, mas não ocorreu dessa maneira”, justificou Jociélly.

Segundo ela, Dinho teria sido espancado antes da morte. “Juntou quatro ou cinco homens e partiram para cima dele e ele também revidou. Acredito que nessa hora tinha que ter ligado com a guarnição para polícia, e dado voz de prisão, o que seja, já que estava tão alterado como o outro lado disse”, completou.

Além disso, ela defende que a informação da polícia não faz sentido, pois teriam sido muitos tiros, o que não justifica a intenção de apenas desarmar uma pessoa.

“Nós sabemos que ele foi, sim, executado, porque, da arma que estava com ele no veículo, não houve disparo, então não teve troca de tiros, como estão dizendo. Ele recebeu tiro pelas costas, ele tentou correr, fugiu para trás do carro, mas infelizmente faleceu”, defendeu.

Diante da situação, ela levanta um questionamento quanto a desavenças. “A gente fica se perguntando, será que foi uma queima de arquivo? Será que não foi um cala-boca? O que de fato fez com que tirassem a vida dele? Se não houve troca de tiro, se não teve um duelo, ele foi simplesmente alvejado”, questionou.

Informações oficiais desencontradas

Informações desencontradas nos registros da morte do ex-vereador enfraquecem a tese de ‘confronto’. Dinho teria sido morto com dois tiros nas costas.

Pelo registro na Polícia Civil, que está como morte a esclarecer, Dinho foi encontrado sem vida ao lado do veículo Fiat Toro, de cor preta, atingido por três tiros, na lateral direita do corpo, próximo ao quadril. Consta também que ao lado dele foi encontrada uma pistola 9mm. A cerca de 50 metros do local estava o veículo Toyota Etios, que era ocupado pelo sargento e pelo cabo, que disseram ter feito os disparos em legítima defesa.

Já a PRF (Polícia Rodoviária Federal), ao chegar por volta das 17 horas, encontrou a vítima, dois veículos e dois homens, de 32 e 37 anos, sendo eles os policiais militares. Foi constatada a presença da PM, que já estava atendendo à ocorrência e ficou responsável pelo encaminhamento à Polícia Civil, tendo em vista que foram os primeiros a chegar no local.

Ainda segundo a ocorrência da PRF, também estava presente uma ambulância do Corpo de Bombeiros. A equipe da PRF permaneceu realizando a orientação de trânsito durante os trabalhos da perícia.

Em terceiro registro, da PM, a ocorrência está registrada como homicídio decorrente de intervenção policial. Assim, consta nesse registro que foram chamados para o local após serem avisados de uma pessoa armada na BR-262.

Segundo a Corregedoria da PMMS: “Todos os procedimentos legais foram tomados, as providências de Polícia Judiciária Militar foram realizadas, a perícia técnica do Estado foi acionada recolhendo todos os indícios e vestígios e a ação será investigada por meio de um Inquérito Policial Militar. O caso foi remetido à Corregedoria da PMMS e as oitivas das testemunhas serão providenciadas o mais breve possível”.

Políticos também rebatem discurso da polícia

Ainda em contradição com a versão da polícia, a morte do ex-vereador de Anastácio é tratada como execução pela classe política e por presentes na festa onde ocorreu briga entre Dinho e o ex-prefeito do município, Douglas Figueiredo, que precedeu a morte.

Fonte revelou ao Jornal Midiamax que Dinho foi atingido por dois disparos, sendo um nas costas, apontando para uma ‘morte violenta’ e sinônimo de execução pela dinâmica. Há ainda a informação de que vários tiros foram disparados contra Dinho.

Políticos e pessoas que estavam presentes no evento ouvidos pelo Jornal Midiamax não concordam com a tese da polícia. “Mataram com tiro nas costas, armaram tudo, a missão deles era matar o Dinho”, disse um político que estava na festa, mas pediu anonimato por também temer pela sua segurança.

Servidor público questiona o fato de o ex-prefeito Douglas Figueiredo ter policiais militares como seguranças particulares. “Ele [Douglas] pode mandar matar qualquer um e falar que foi confronto”.

Ainda conforme relatos de testemunhas, Dinho não estava armado na festa e, em nenhum momento, proferiu ameaças contra o ex-prefeito, Douglas.

O que dizem várias testemunhas diverge da versão oficial da polícia. Quem presenciou o crime afirma que os PMs à paisana, que estavam armados e ao lado do ex-prefeito a todo momento, o acompanharam para fora do local após a discussão. “O ex-prefeito estava a alguns metros do local da festa, não estava nem no trevo ainda, quando voltaram lá [os PMs] e mataram o cara”, pontua o político.

Outro ponto que gerou revolta da população foi o fato de que os PMs envolvidos na morte de Dinho ingeriram bebida alcoólica durante o evento e, assim, estariam sob efeito de álcool durante a execução.

Quanto ao ex-prefeito Douglas, um dia após o acontecido, a assessoria dele informou ao Midiamax que ele estava abalado com a situação e que Dinho teria começado a discussão no evento,

Ainda conforme declaração repassada pela assessoria, Douglas não estava mais na chácara na hora dos disparos que mataram Dinho.

Dinho Vital seria candidato nas eleições municipais de Anastácio

Dinho Vital seria candidato durante as eleições municipais deste ano, concorrendo sob a sigla do PP (Partido Progressista), confirmou ao Midiamax o atual presidente estadual do partido, Marco Aurélio Santullo.

Segundo ele, ainda não estava definido a qual cargo Dinho concorreria. “Não sei se era para prefeito, vice ou vereador, mas o diretório de lá [Anastácio] estava organizando uma chapa com ele”, disse Santullo.

O cargo mais recente ocupado por Dinho na esfera política foi como vice-presidente do PP em Anastácio. Ele também era suplente de vereador no município. Nas últimas eleições municipais, em 2020, ele recebeu 264 votos, ficando como suplente do vereador Professor Aldo (PDT).

Anteriormente, ele havia sido eleito como vereador em 2016, mas pelo DEM. Ele também já foi secretário de Planejamento de Miranda, em 2021.

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