Além da Prefeitura, Adriane e Rose podem se consolidar como lideranças e estimular mais mulheres na política em MS
Cientista político destaca mulheres líderes políticas de MS com projeção nacional
Dândara Genelhú –
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Para além do resultado de quem comandará a Prefeitura de Campo Grande, Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União Brasil) já colhem frutos inéditos na política de Mato Grosso do Sul. Pela primeira vez, a capital do Estado terá duas mulheres no segundo turno. O passo torna a consolidação como liderança política mais próxima das candidatas, que poderão estimular a participação de mais mulheres no cenário político de MS.
No primeiro turno das Eleições de 2024, Campo Grande viu um cenário inédito a cada nova parcial divulgada pela Justiça Eleitoral: duas mulheres na frente. Adriane Lopes finalizou em primeiro lugar, com 140.913 votos, e em seguida, Rose Modesto com 131.525 votos.
Em uma análise sobre o cenário político em Mato Grosso do Sul, o doutor em Ciência Política, Daniel Miranda, ressalta que os resultados do primeiro turno abre possibilidades para Adriane e Rose.
“Se Adriane Lopes e Rose Modesto se firmarem como lideranças em seus partidos, se consolidarem (no caso de Rose, já é consolidada) como forças eleitorais, o quadro de mulheres líderes de MS vai aumentar e com certeza pode estimular mais mulheres a se engajarem na política”, afirma o doutor.
O especialista pontua que MS possui um quadro de mulheres fortes no cenário político nacional. “Embora Mato Grosso do Sul tenha ainda uma política dominada por homens, não se pode esquecer que há grandes líderes mulheres, de projeção nacional”.
Assim, citou “Tereza Cristina como ministra da Agricultura e senadora influente; Simone Tebet teve importante papel nas eleições de 2022, sendo recompensada com um ministério; a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, enraizada em MS”.
Eleitoras fizeram a diferença no resultado?
A divisão de gênero fica em 54% feminino e 46% masculino no eleitorado de Campo Grande. Ou seja, a maioria dos votantes é mulher.
Porém, o perfil do eleitorado não é visto como fator decisivo para o segundo turno da Capital. Para Miranda, o fato de duas candidatas mulheres “pode ter levado para elas um número maior de eleitoras (mulheres), tal fator, isoladamente, não foi decisivo”.
Com três candidatas mulheres à Prefeitura de Campo Grande neste ano, certamente o público feminino ficou interessado nos perfis delas. “O fato de elas serem mulheres, provavelmente despertou a curiosidade e fez muitas mulheres a conhecerem melhor e, em muitos casos, optar por votar nelas”, pontua o especialista.
Considerando o cenário campo-grandense, Miranda destaca que o resultado do primeiro turno não se limitou apenas ao perfil de maioria feminina no eleitorado da cidade.
Obstáculos
O cenário formado em Campo Grande para o segundo turno apenas com mulheres, deixa visível a caminhada para mais representatividade feminina. No entanto, candidatas ainda estão sujeitas a obstáculos na corrida eleitoral.
Enquanto nas Eleições de 2020 campo-grandenses elegeram apenas uma mulher, em 2024 foram duas. As duas parlamentares que assumem mandato em 2025 representam 6% dos vereadores que compõem a Câmara de Campo Grande. No total, a cidade possui 29 pessoas para legislar.
Em relação à Câmara de Campo Grande e a política sul-mato-grossense, Miranda aponta que “os principais fatores que impulsionam as candidaturas são recursos (dinheiro, tempo de TV), apoios políticos, alianças e, é claro, a candidata se apresentar/comunicar bem com seu eleitorado”.
Em seguida, destaca o cenário já conhecido: homens no poder dos grupos. “O problema é que os partidos são dominados por homens. Logo, as mulheres enfrentam desafios grandes dentro dos partidos, antes das eleições”, afirma.
As dificuldades aparecem principalmente após conseguirem espaço para concorrer. “Depois, nas eleições, tem mais desafios ainda. Ou seja, a ‘corrida de obstáculos’ do processo eleitoral tem mais obstáculos para as mulheres do que para os homens, por isso é tão difícil elas conseguirem chegar vitoriosas nas eleições”.
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