Aldeias de Dourados têm quase 7 mil eleitores que votam ‘à espera de milagres’

Indígenas dizem que só são lembrados em época de eleições

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Eleitores indígenas na via principal acesso à Aldeia Jaguapiru (Fotos: Marcos Morandi,Midiamax)

Em meio à poeira da principal estrada de chão que dá acesso à aldeia Jaguapiru, os moradores da Reserva Indígena Federal de Dourados seguem em direção a urnas ‘à espera de um milagre’ que possa vir de um dos sete candidatos à prefeitura de Dourados. A área tem 6.830 eleitores e muita esperança em dias melhores.

“Toda eleição é sempre a mesa coisa. Prometem muito para ganhar o nosso voto e não fazem nada para nossa gente. Eles falam que vão nos ajudar e depois esquecem”, diz uma moradora que enfrentou uma longa caminhada com o bebê de 8 meses no colo porque não tinha com quem deixar o filho.

A reportagem do Jornal Midiamax acompanhou alguns eleitores na escola municipal Tengatuí, onde estão algumas seções de votação. Nas paredes das salas de aula não existe nenhum cartaz escrito no idioma dos povos originários.

“Tem eleitor que não fala português e tem dificuldades para votar. Acho que deveriam pensar em placas indicativas na língua guarani. Ia facilitar para o eleitor indígena”, sugere um mesário, uma vez que o número de votantes é considerável.

“Quase ninguém olha por nós aqui nas aldeias. Aprendi ao longo da minha vida que só posso contar com Deus”, desabafa Lindava, de 39 anos, uma das vozes que clama em meio a uma população de quase 20 mil habitantes, conforme o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).

Na pauta de pedidos dos moradores da Reserva Federal, a água potável ainda parece artigo de luxo e lidera a lista, seguida de segurança, saúde, asfalto e habitação. “Não estamos pedindo nada de mais, apenas o mínimo para a sobrevivência”, conta a viúva e mãe de cinco crianças.

“Este ano temos um candidato indígena à prefeitura e mais de 20 postulantes à Câmara de Vereadores, mas ainda estamos bem distantes de conseguirmos eleger alguém da nossa própria comunidade”, reclama outra moradora da aldeia que cursa pedagogia na UEMS (Universidade Estadual de Dourados).

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