Advogada e ativista dos povos indígenas, Tatiana Ujacow recebe título de cidadã campo-grandense

A advogada integra lista de nomes homenageados em solenidade que deve acontecer no dia 22 de agosto na Câmara Municipal

Mariane Chianezi – 09/07/2024 – 11:33

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Tatiana Ujacow (Foto: ONU)

A advogada e ativista dos povos indígenas, Tatiana Azambuja Ujacow (Rede Sustentabilidade), será homenageada com título de cidadã campo-grandense na Câmara Municipal de Campo Grande no próximo mês. A solenidade acontece no dia 22 de agosto, às vésperas do aniversário de 125 anos da Capital.

Ao Midiamax, a advogada afirmou que se sente lisonjeada pela homenagem e que título vai coroar amor que já sente em viver na capital Morena.

“Uma alegria muito grande, uma honra. Agradeço esse reconhecimento. Campo Grande é uma cidade que estou há anos, tenho laços familiares aqui. Nasci em Dourados, mas adotei Campo Grande há muito tempo. A Cidade Morena me conquistou desde menina. Me sinto lisonjeada, escolhi aqui para morar, luto para que a cidade se desenvolva cada vez mais. Já tenho essa sensação de pertencimento, o título vai coroar essa sensação”, afirmou.

Propositora da homenagem, a vereadora Luiza Ribeiro (PT), afirmou que a escolha do nome da advogada para homenagear foi em reconhecimento ao trabalho desempenhado por ela na cidade, pelas causas que defende.

“É um orgulho para mim. Como mulher, eu sempre fui admiradora da Tatiana, por causa da atividade dela, seja como advogada, seja como professora ou como militante, e ela também tem uma representação política importante. Ela já ocupou espaços de representação política, permanece num partido que ela defende as convicções, junto com a nossa Marina Silva. Então para a gente é um orgulho”, afirmou.

A parlamentar também pontuou sobre a contribuição da advogada às academias de ensino. “Tatiana tem uma obra, uma obra científica muito respeitada na área do direito, especialmente do direito dos povos indígenas, não é comum nos encontrarmos. Pesquisadores para essa área, ainda mais aqui em Mato Grosso do Sul, né? Então, enaltecê-la como cidadã campo-grandense é maravilhoso”, disse Luiza.

Confira a lista completa de homenageados aqui.

Advogada fala sobre o direito indígena à ONU News

Em 2023, advogadas de Mato Grosso do Sul, integrantes do Comitê Intertribal memória e ciência indígena, concederam entrevista à agência de notícias da ONU sobre o direito indígena e a perspectiva ambiental. O debate repercutiu a participação no Fórum Permanente sobre Questões Indígenas da ONU, realizado em Nova Iorque.

Na ocasião, a advogada Tatiana Ujacow, em entrevista a ONU News, destacou a defesa dos povos indígenas e a preservação do planeta. Ela comentou sobre como é possível unificar a relação entre indígenas e produtores, em um Estado agropecuário, como Mato Grosso do Sul.

“O indígena tem a cosmologia própria, da relação com a terra que é espiritual, a terra é mãe e premissa de vida. E esse respeito com a terra que eles nos ensinam, a tratar a terra, a não desgastar, depredar e desmatar, precisamos aprender e agregar valor ao que produzimos. Fazer com que o desenvolvimento seja sustentável”, destacou.

Tatiana aproveitou para reformar a importância mundial da adoção de práticas sustentáveis, como forma de valorizar a produção mundialmente. “Vemos mundo afora, esse descuido com o meio ambiente e suas consequências. E precisamos ir para um rumo adequado ao planeta”.

Indígena à margem do direito

Advogada de Mato Grosso do Sul, Tatiana Ujacow acompanha os casos de violência contra indígenas, principalmente em casos de operações de reintegração de posse. Para ela, fica nítido, que o indígena vive a margem do direito positivo brasileiro.

“Assistimos a essa situação diariamente. Desde uma prisão preventiva que não preenchia os requisitos, indígenas encarcerados, às condições das prisões. Fiz um estudo sobre a situação dos presídios, que os indígenas mal recebiam suas visitas, porque é submetido a uma revista, que por vezes é uma invasão à cultura deles”, exemplifica.

Ela destaca que quando se trata do povo indígena é necessário reconhecer como um ser humano, respeitar os hábitos próprios da cultura do povo, como prevê a Constituição Federal. “Precisamos olhar o outro a partir da diferença e compreender como o princípio da dignidade da pessoa humana. Que deve existir e nortear as decisões em relação a esse povo, ter esse cuidado com esse povo que já foi massacrado várias vezes, e na luta por seus direitos enfrentam esse tipo de situação, que nos estarrece”, destacou na entrevista.