Prefeitos de duas das cinco maiores cidades de Mato Grosso do Sul, Ponta Porã e Três Lagoas, decidiram atropelar o decreto estadual que determinou restrições mais severas às atividades consideradas não essenciais. Os dois gestores têm em comum o partido, o PSDB, cuja maior liderança no Estado é justamente quem assina o ato ignorado, o governador .

O prefeito tucano de Ponta Porã Hélio Peluffo anunciou que não acataria o lockdown proposto pelo governo estadual ainda na quinta-feira (10), quando o decreto foi publicado. O município foi um dos 43 rebaixados para a bandeira cinza do Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança na Economia), de risco extremo para a . Mas, segundo a prefeitura, as medidas de biossegurança balizadas pela classificação vermelha, de alto risco, já seriam suficientemente seguras.

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Prefeito de Ponta Porã Hélio Peluffo com governador Reinaldo Azambuja – Reprodução/Facebook

Já o prefeito de Três Lagoas Ângelo Guerreiro (PSDB) chegou a se curvar ao decreto de Reinaldo, mas voltou atrás na segunda-feira (14) e baixou ato municipal liberando o comércio não-essencial de baixo e médio risco. Embora tenha registrado quase mil novos casos de covid-19 nas últimas duas semanas e 31 mortes, o município atribui a lotação de 96% nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) a pacientes de outras cidades da região Leste.

O da última quinta-feira (10) passou a determinar, e não mais recomendar, o cumprimento das recomendações do Prosseguir nos municípios. No caso da bandeira cinza, podem funcionar regularmente apenas as atividades essenciais. A faixa vermelha permite também a abertura de atividades não-essenciais de baixo risco.

A resistência dos prefeitos em adotar as medidas mais duras se deve à pressão de parte do comércio, setor diretamente impactado pelas restrições.

Em nota oficial publicada na segunda (14), o governo do Estado disse que o decreto partiu de um apelo da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul). O posicionamento ainda alerta aos prefeitos que atropelaram o ato para que “assumam a responsabilidade sobre as consequências”.

A reportagem tentou contato com os prefeitos citados, mas sem sucesso.