Políticos, amigos, familiares e o público que acompanhou a carreira do deputado estadual Cabo Almi (PT) se despedem na tarde desta terça-feira (25) do parlamentar morto na segunda-feira (24) vítima da Covid-19. O velório está sendo realizado no Cemitério Memorial Park, em Campo Grande.

Para o deputado federal (PDT-MS), a perda é irreparável. “Perdemos um dos deputados mais comprometidos com a causa trabalhista. É uma perda grande para Mato Grosso do Sul. Vivemos essa situação lamentável em que o presidente está brincando enquanto passeia pelas ruas”, disse, em referência a Jair Bolsonaro.

Chefe de gabinete de Almi, Francisco Ferreira da Cruz lembra da amizade de mais de quatro décadas. “Tínhamos convívio na lavoura, na polícia e na política. É uma perda irreparável, principalmente para o social”, lamentou.

O deputado estadual (sem partido) destacou a relação de respeito que tinha com o colega na (Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul). “Vai deixar um vazio para todos que depositavam esperança nele. Éramos oriundos da PM [Polícia Militar], mas opostos na política. Mesmo assim, jamais perdemos o respeito”, comentou.

Amigo da família, Gustavo Henrique, de 27 anos, lembra que acompanhava o petista desde quando ele era vereador na Capital. “Cresci na casa dele, brincando com um dos filhos. Via ele saindo de terno e só então descobri o que era um vereador. Era como se fosse alguém da família”, disse.

Muito abalados, familiares não quiseram dar entrevista. A Alems, a Câmara Municipal de Campo Grande e o Governo do Estado decretaram luto oficial de três dias.

Morte

Cabo Almi estava internado desde 7 de maio no Hospital da Cassems. Ele testou positivo para a doença causada pelo novo coronavírus quatro dias antes e começou o tratamento em casa.

Com o agravamento do quadro, ele precisou ser intubado. Entre altos e baixos, ele permaneceu internado por 17 dias, mas não resistiu e faleceu na noite de segunda-feira.

Paranaense de Jardim Olinda, José Almi Pereira Moura veio com a família ainda criança para Mato Grosso do Sul, fixando residência no distrito de Lagoa Bonita, em Deodápolis. Mudou-se para Campo Grande em 1982.

Antes de ingressar na PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), em 1983, trabalhou como cobrador de ônibus, empacotador e promotor de vendas de indústria de alimentos, além de se formar como torneiro mecânico pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).

Em 1987, casou-se com Irene Carolina de Oliveira, com quem teve três filhos, Flávio, Fabrícia e Monique.

Foi promovido a cabo em 1988. Já em 1996, foi eleito vereador na Capital, e conquistou mais dois mandatos nas urnas. No ano de 2010, foi eleito deputado estadual pela primeira vez, sendo reeleito em 2014 e 2018. Sua cadeira será ocupada pelo primeiro suplente, o ex-deputado estadual Amarildo Cruz, também do PT.