Diante de comentários criticando o projeto de lei sobre distribuição de absorventes pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e nas escolas municipais de Campo Grande, a vereadora (PT), autora da proposição, comenta que só a medida não resolve a desigualdade, mas representa um obstáculo a menos para mulheres conseguirem melhorar suas condições de vida e lutar por mais avanços.

Protegidas pela distância que a proporciona, algumas pessoas criticaram o projeto, aprovado por unanimidade na Câmara Municipal de Campo Grande. Para além de achismos, a autora levou dados, inclusive estampados com depoimento em vídeo de pessoas que sofrem sem acesso ao item básico de higiene na menstruação.

“É triste saber que falta empatia nas pessoas, porque, uma mulher ter a vida interrompida pelo fato de não ter absorvente, é uma dor. E quando a gente se importa com a dor do outro, a gente se engrandece”. Contudo, afirma que, apesar de críticas, houve avanço, uma vez que, quando apresentaram o tema pela primeira vez, deputados federais foram ‘linchados' nas redes sociais.

Situação que, de fato, não predominou, pelo menos, nos comentários da página do Jornal Midiamax no Facebook, em relação à matéria sobre a aprovação do projeto de lei. Foram publicadas críticas maldosas, como ‘tantas outras necessidades mais importantes' ou outros sugerindo que a empresa que fornecerá o absorvente já está engatilhada (?). Mas, acredite, há bem piores que não serão reproduzidos no texto.

Houve, no entanto, reações positivas e falas parabenizando a iniciativa. “Menstruação não é escolha e muitas meninas e mulheres não têm condições de comprar itens básicos de higiene”, escreveu uma leitora. “Agora a gente já vê que tem gente entendendo, apoiando o tema e mostrando que os dados estão aí e são assustadores e que nós precisamos agir para mudar essa realidade”, afirma Camila Jara.

Ela acrescenta que não é só a distribuição de absorventes que resolverá a desigualdade de gênero no Brasil. “Para isso, a gente precisa de políticas públicas de distribuição de renda. Mas quanto menos um obstáculo a mulher tiver na vida para conseguir melhorar suas condições, para conseguir lutar por melhorias, melhor. Estamos no caminho certo”, diz a parlamentar – única mulher entre os 28 vereadores de Campo Grande. 

Projeto precisa ser sancionado

A medida, que ainda precisa ser sancionada pelo município, é uma forma de combater o que se chama de pobreza menstrual para cerca de 70 mil campo-grandenses que vivem em situação de vulnerabilidade e sofrem com a dificuldade de acesso aos itens básicos de higiene durante o período menstrual. A proposta tem coautoria do vereador Willian Maksoud (PTB).

Na falta de absorventes, mulheres utilizam jornal, papel higiênico, pedaços de pano e até mesmo miolo de pão, materiais inadequados e inseguros que podem causar infecções e graves problemas à saúde.

De acordo com o texto, está prevista a realização de ações de educação e conscientização sobre o tema com o objetivo de desfazer o tabu em torno da menstruação, para que seja encarada como de fato é: um acontecimento natural e normal de corpos que possuem útero.