Foi da última fila de cadeiras dispostas na ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) que Jhossina Velasquez, de 33 anos, acompanhou a sessão solene em homenagem às mulheres nesta terça-feira (10). Com olhar curioso, a gari boliviana radicalizada brasileira há 8 anos foi uma das homenageadas, entre médicas, advogadas, promotoras e esposas de deputados.
Não teve quem recebeu mais palmas e que tenha se emocionado mais com a homenagem pelo serviço que, muitas vezes, é invisível para a sociedade. Seja ele o de varredora de rua ou de mãe de seis filhos, que se desdobra e até deixa de dormir para cuidar das crianças e da casa.
Jhossina estava preocupada, inclusive, por não ter um currículo impresso para anexar à justificativa da homenagem, trâmite necessário para a realização da sessão. De bermuda, camiseta e cabelos presos, a gari se emocionou ao ter, pela primeira vez, seu trabalho reconhecido publicamente.
No entanto, ninguém pode dizer que a gari não tem um currículo. Jhossina trabalha das 18h às 3h. “Eu escolhi esse turno para poder criar os meus filhos durante o dia. À noite, o meu esposo cuida deles. Mas é bom dizer que existem muitas mães solteiras que criam bons seres humanos, mesmo tendo tantos afazeres”, ressaltou a homenageada.
Jhossina disse que foi surpreendida pela assessoria do parlamentar João Henrique Catan (PL) para receber a homenagem. “Conheci o deputado durante a campanha e fiquei preocupada por não ter um currículo para entregar”, conta.
A gari veio para o Brasil ainda nova, quando perdeu o pai e a mãe. Ela morou em Corumbá e há oito anos está em Campo Grande. Se instalou na Capital trabalhando no lixão e, quando viu a oportunidade de trabalhar com carteira assinada como varredora de rua, não pensou duas vezes. Logo, conquistou a vaga e trabalha na empresa há quatro anos.
Todos os dias, Jhossina varre a Rua 14 de Julho, entre os trechos da Avenida Fernando Corrêa da Costa e a Rua Antônio Maria Coelho. Ela é mãe de cinco meninos, sendo o mais velho com 16 anos, e uma menina de 2 anos, a caçula.
Após o serviço, a gari deixa o Centro e segue para o Bairro Cidade de Deus, onde chega somente às 4h20 em casa. “A gente precisa ter orgulho de ser mulher, que dá conta de tudo. Trabalha fora, sustenta a casa e cria os filhos”, justificou.
A neuropediatra Maria José Martins Maldonado também estava entre as homenageadas. De acordo com a médica, que já recebeu várias homenagens no Dia da Mulher, é importante que cada vez mais sejam ocupados os espaços de poder.
“A mulher é mais sensível, mais sincera e mais centrada. O dia em que tivermos homens e mulheres ocupando vagas de deputados em igualdade, porque ainda vamos ter, estaremos evoluindo em políticas mais voltadas para a coletividade”, destacou a presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul.
Participaram da composição da Mesa Diretora a subsecretária da Cidadania Luciana Azambuja, a esposa do presidente da Assembleia Paulo Corrêa (PSDB), Adriana Corrêa e Célia de Arruda Leandro, esposa do desembargador presidente do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) Paschoal Carmelo Leandro.
Foram homenageadas Adriana Bellei, Amanda Cristine Balancieri Iunes, Carla Fernandes Lago Zaher, Bruna Oliveira, Dharleng Campos de Oliveira, Eliana Izabel Regasso de Souza, Elizabeth Anache, Erika Karla Barros da Costa, Eudirce Isabel dos Reis Fiorese, Fátima Pereira de Souza, Filomena Aparecida Fluminhan, Gedália Ferreira de Ávila, Geyse Castro Ortega, Giselle Marques de Araújo, Jhossina Velasquez Chacon, Lauane Andrekowisk Volpe Camargo, Liz Danielli Derzi Wasilewski de Matos Oliveira, Maria Emilia Ramalho Sulzer, Maria José Martins Maldonado, Neca Chaves Bumlai, Marilia de Brito Martins, Noemi Mendes Siqueira Ferrigolo, Simone Spengler Coelho e Vanessa Moreira de Araujo.
