Empresa ligada à ex-mulher e sócia do advogado Frederick Wassef, que defende o senador (Republicanos-RJ), recebeu R$ 41,6 milhões durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo informações do UOL, entre janeiro de 2019 e junho deste ano, a Globalweb Outsourcing, fundada por Cristina Boner Leo, recebeu em um ano quase tudo o que foi pago ao longo de 4 aos das gestões de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB): R$ 42 milhões.

Contratos da empresa negociados com governos anteriores foram prorrogados e aditivados em R$ 165 milhões na Gestão Bolsonaro. Além disso, forma fechados novos acordos com o grupo no valor de R$ 53 milhões, totalizando R$ 218 milhões a serem pagos nos próximos aos.

A Globalweb presta serviços de informática e tecnologia da informação a diferentes órgãos federais, como o Ministério da Educação e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Wassef negou relações entre os negócios da empresa e ele, acusou um de Cristina de perseguição e defendeu Bolsonaro. O nome do advogado retornou ao noticiário depois que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro e suspeito de praticar lavagem de dinheiro, foi preso na quinta-feira (18) em um imóvel do advogado em Atibaia (SP).

Conforme o advogado, não há relação entre os aumentos nos pagamentos e sua atuação. “Jamais o presidente Bolsonaro moveu uma palha para quem quer que fosse. Isso é pura calúnia e ilação”. Ele e Cristina ficaram juntos de 2008 a 2017 e refutou ter atuado pela Globalweb, mesmo que informalmente.

A Globalweb e a empresária negam haver influência política nas contratações, afirmando ter participado de licitações e que as renovações de contratos a partir de 2019 ocorreu de forma automática. As informações foram prestadas em nota assinada por Pedro Rondon, que se apresentou como presidente da Globalweb –que seria gerida por uma filha de Cristina.

Já o Palácio do Planalto não se posicionou perante o UOL.

CEO da Globalweb já foi condenada por improbidade administrativa

Cristina Boner Leo criou a empresa, datada de 2010, mas foi apresentada como CEO e presidente do Conselho de Administração da Globalweb em fórum do IFL (Instituto de Formação de Líderes) em 2017. Dois anos depois, representou a empresa em evento da RNP (Rede Nacional de Pesquisadora).

Em junho do ano passado, ela foi condenada por improbidade administrativa no “ do DEM” e ficou proibida de fechar contratos com o poder público até 2022, conforme sentença da 2ª Vara de Fazeda Pública do Distrito FEderal.

Atualmente, a Globalweb é administrada por Bruna Broner Leo da Silva, filha de Cristina. Esta e Wassef se mantiveram amigos, com o advogado a representando em processos judiciais.

Eles também são sócios em um terreno de 339 mil metros quadrados em São Francisco do Sul (SC). Em 2013, a Justiça de tratou Frederick Wassef como “companheiro” de Cristina em uma ação criminal que envolve outro ex-marido da empresária.

Wassef se apresenta como advogado de Bolsonaro, tendo procurações assinadas pelo presidente, dá entrevistas em nome deste e costuma frequentar o Palácio do Planalto. No entanto, a advogada Karina Kufa afirma centralizar em seu escritório todos os processos de Bolsonaro, exceto os de competência da AGU (Advocacia-Geral da União) e nega que Wassef preste serviços advocatícios para o presidente ou integre seu escritório.

Empresária vendeu carro blindado para o presidente

Em abril de 2019, a Revista Veja noticiou que Cristina, por meio da Compusoftware (outra empresa da empresária), vendeu uma Land Rover blindada a Jair Bolsonaro. O modelo 2009/2010 foi vendido por meio de intermediação do negócio, pago com transferência de R$ 50 mil (abaixo do valor de R$ 77 mil sobre o qual o automóvel havia sido avaliado à época).