Dos nomes já lançados como pré-candidatos para disputar a prefeitura de Campo Grande, a lista está cheia de conhecidos, porém, dos 14 políticos, apenas uma é mulher até o momento. Outras personalidades femininas podem surgir durante as convenções partidárias, que ocorrem geralmente no início do segundo semestre do ano.

Até agora, apenas o nome de Cris Duarte, filiada ao PSOL aparece na disputa como a única mulher. É a primeira vez que Cris vai disputar uma campanha majoritária. “Vejo minha participação nas eleições como uma forma até mesmo de denunciar como o machismo é tão estrutural na sociedade e tão evidente nos partidos. Não é a toa que no Estado não temos sequer uma deputada estadual e apenas duas vereadoras em Campo Grande”. 

Questionada se a falta de mulheres na política no Estado é por preferência das mesmas, Cris avalia que na lógica machista, culpar as mulheres é o mais comum. “Historicamente a política sempre foi o “não lugar” das mulheres. A nós foi destinado por essa sociedade patriarcal o espaço doméstico e aos homens o espaço público. Quando uma mulher se propõe a ir fazer política ela já precisa romper internamente com essa lógica”.

A pré-candidata diz ainda que as mulheres nunca têm as mesmas condições de disputa que os homens. “Se não são de famílias tradicionais da política ou com indicação política de um homem, é difícil uma mulher conquistar seu espaço. Sempre digo que lógica funciona assim nos partidos: para uma mulher sentar, um homem terá que levantar. E eles não querem perder esse poder para uma mulher”.

Campo Grande nunca foi comandada por uma mulher, menos em 1983 após Nelly Bacha assumir a prefeitura interinamente por três meses. A cidade, segundo dados do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral) é composta por 53,9% de mulheres votantes.

Representatividade

Segundo o sociólogo Paulo Cabral, ter apenas uma pré-candidata até o momento, é um quadro esperado. “As mulheres foram permitidas a votar há 74 anos e em termos históricos, é um tempo pequeno. O fato de ter apenas uma mulher está dentro do contexto histórico”.

Cabral diz que tem presença política pontual e no Senado Federal, dois terços das é ocupada por mulheres. “Simone Tebet e Soraya Thronicke ocupam duas das três cadeiras do Estado no Senado. Na Câmara Federal, 25% são mulheres de Mato Grosso do Sul”. 

O sociólogo ressalta que a presença é minoritária e o caminho a ser percorrido é grande. “Isso para se chegar a condição de igualdade com os homens. Mas este é um fato que acontece também com os negros, pois, a presença de negros na política é menor do que o eleitorado negro”.

Pré-candidatos

Os nomes anunciados para disputa eleitoral em Campo grande, até agora, são os seguintes: Pedro Kemp (PT), Vinicius Siqueira (PSL), Marcelo Miglioli (SD), Marquinhos Trad à reeleição (PSD), Sérgio Harfouche (Avante), Guto Scarpanti (Novo), Márcio Fernandes (MDB), Marcelo Bluma (PV), Dagoberto Nogueira (PDT), (PRB), Esacheu Nascimento (PP), Mario Fonseca (PCdoB) e Paulo Matos (PSC).

O PSTU ainda não definiu pré-candidato e o PMN vai apoiar a candidatura de Miglioli. 

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