Maioria dos eleitores em MS, mulheres não comandam nem 10% das prefeituras
Elas ocupam menos cadeiras no Executivo e Legislativo e defendem maior participação
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Elas ocupam menos cadeiras no Executivo e Legislativo e defendem maior participação
As mulheres possuem historicamente menos representatividade do que os homens na política sul mato grossense. O que pode nos ajudar a perceber isso é a quase ausência de mulheres como chefes do Executivo na história dos nove maiores municípios do Estado: foram 272 prefeitos contra quatro prefeitas, desde o surgimento dessas cidades.
Os avanços são pequenos e lentos. Nas últimas eleições, foram apenas seis prefeitas eleitas nos 79 municípios do Estado. Enquanto isso, no entanto, Campo Grande e Mato Grosso do Sul possuem mulheres nas posições de vice do Executivo.
Para essas mulheres que atuam no cotidiano político regional, vários são os desafios em ter de lidar com um ambiente predominantemente masculino. “O preconceito começa intrapartidário, dos partidos que não dão espaço”, pontua a senadora, ex-vice-governadora e ex-prefeita de Três Lagoas, Simone Tebet (MDB).
Esse preconceito não acaba depois que uma mulher consegue espaço para ser eleita. “Uma vez que você é eleita, você tem que trabalhar o dobro, mostrar muito mais trabalho, pra conseguir a confiança política dos partidos”, diz Tebet.
Para a prefeita de Antonio João, Márcia Marques (MDB), esse tratamento diferenciado entre os gêneros no ambiente político incentiva a mulher a se destacar. “Por você ser mulher e ser minoria, você quer fazer um trabalho bom, de destaque, até pra você mostrar pras mulheres que não é difícil”, diz ela.
Já a prefeita de Iguatemi, Patrícia Nelli (PSDB), diz não sentir dificuldades em lidar com a política masculina de Mato Grosso do Sul. “Apesar de em todos os lugares que a gente vai nós sermos minorias, não sinto uma dificuldade. Não me sinto desrespeitada, me sinto sempre muito bem atendida”, aponta ela.
Qual é a importância das mulheres estarem na política?
Atualmente, o Brasil possui leis que exigem que haja uma cota de 30% de mulheres nas vagas de cada partido para candidatos às eleições, como forma de garantir a representação feminina. Mas porque é importante assegurar a participação das mulheres na política?
Tebet explica que esse é um fator determinante para elaboração de políticas públicas para as mulheres. “Das 512 assinaturas da Constituição Federal de 1988, havia 26 deputadas, nenhuma senadora. E elas sozinhas conseguiram incluir no texto avanços para as mulheres, como licença-maternidade e igualdade salarial”, lembra a senadora.
“Quando a mulher entra na política, ela tem um olhar mais social” diz Tebet. A prefeita Márcia Marques atribui esse olhar a uma sensibilidade feminina. “Pelo fato de ser mãe, mulher, dona de casa, ela tem uma sensibilidade né, e tem uma perceptividade maior com as pessoas e o bem público”.
Por que é difícil para as mulheres se elegerem?
Apesar de comporem a maior parte do eleitorado (53,9% em Campo Grande e 52% em Mato Grosso do Sul), as mulheres acabam tendo poucas cadeiras no Legislativo estadual também. Na Assembleia Legislativa, são três entre 24 deputados, e na Câmara da capital, são duas para 29 vereadores.
Qual o motivo dessa dificuldade das mulheres se elegerem? “Acredito que falta mais vontade das mulheres em entrar na política. Depende de uma postura, de um enfrentamento, você se colocar”, critica a prefeita Patrícia Nelli.
A prefeita acredita que a ausência de mulheres na disputa política é causada por um desestímulo em um cenário predominantemente masculino. “É muito triste, mas é uma realidade. É uma cultura difícil, o importante é plantar uma sementinha, mostrar que a gente veio pra trabalhar e que estamos em pé de igualdade com os homens”.
Para Tebet, o problema está na falta de apoio dos partidos às candidaturas femininas. “Quantas candidatas têm em um ano e quantos homens?” questiona a senadora.
A senadora acredita que o problema não está no eleitor. “O eleitor votaria na mulher sim, mas elas não recebem o mesmo apoio, o mesmo incentivo, a mesma visibilidade que os homens ganham”, afirma.
Márcia percebe também que a falta de participação na política diminui a representatividade das mulheres. “Talvez elas [as eleitoras] não se sintam representadas, porque muitas candidatas só colocam seu nome a disposição pra preencher uma vaga de legenda. E elas não trabalham, não correm atrás”
“Eu penso que se as mulheres se empoderassem, se colocassem para defender uma causa que acreditam, elas teriam mais chance de se eleger. O que elas precisam fazer é acreditar na causa e trabalhar”; complementa a prefeita Marques.
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