Avenida com prédio de filho de gestora teve recapeamento ‘ímpar’

O MPE-MS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) está de olho em uma obra realizada pela ex-prefeita de Três Lagoas, Márcia Moura (PMDB), de recapeamento na Avenida Eloy Chaves. A obra de iniciativa do poder municipal contou com investimentos de R$ 1,2 milhão.

Segundo o MPE-MS, o recapeamento teria uma ‘qualidade impar’, sendo que, contrastando com o restante da cidade, a Avenida não necessitaria tanto do recape, uma vez que a via ‘não estava com a malha asfáltica precária’.

A suspeita é de que as obras tenham sido realizadas para favorecer o filho da ex-prefeita, o empresário Murilo Souza Moura de Paula, que possui um empreendimento imobiliário na Avenida, o que sugere “velado e indevido favorecimento em final de mandato”.

Murilo é sócio e representante legal de duas empresas que participaram da parceria para realizar a construção do Condomínio Comercial Terrace Business Center, na Avenida Eloy Chaves. 

O empreendimento está avaliado em R$ 12 milhões e deve ser uma das maiores obras de Três Lagoas. Segundo os jornais locais, o prédio comercial terá nove andares, com 248 salas comerciais e dois níveis de subsolo.

A investigação do MPE-MS pretende apurar se houve improbidade administrativa e favorecimento indevido por parte da prefeita Márcia Moura.

O inquérito, instaurado pelo promotor de Justiça Fernando Peixoto Lanza, corre em sigilo .

Prefeita nega favorecimento

O Jornal Midiamax entrou em contato com a ex-prefeita Márcia Moura, que negou as suspeitas do MPE-MS e disse que ainda não foi notificada da instauração do inquérito, mas que não tem o menor medo dos resultados da investigação.

Quanto à necessidade de recapeamento na Eloy Chaves, Márcia afirma que a obra era necessária, ao contrário do que afirma o MPE. “Estava um caos, uma malha velha, antiga, toda ruim. A avenida toda estava necessitando do recape”.

Quanto a situação das outras vias de Três Lagoas, Márcia afirma que o asfalto da cidade é antigo e que várias outras ruas precisariam de recapeamento, mas que “fez o que pôde”. “Foi uma decisão minha, com base na manifestação de moradores e pareceres técnicos de engenheiros”, diz a respeito da escolha da Avenida Eloy Chaves.

Ela nega que tenha tentado favorecer o empreendimento do filho Murilo com o recapeamento. “Eu não posso recapear onde ele trabalha? O empreendimento nem é dele”, diz. 

Márcia diz que o prédio da Terrace Business ocupa um terreno pequeno na avenida, e que a Eloy Chaves nunca passou por recapeamento. “Se tem uma coisa que eu nunca fiz na vida foi favorecer a vida de alguém da minha família e nem ninguém”, reforça.

(sob supervisão de Ludyney Moura)