Julgamento ocorre em março de 2018

Depoimentos de testemunhas e agora um laudo pericial, feito em setembro e disponibilizado agora, contrariam versão dada pelo vereador Ayrton Araújo (PT) à polícia sobre acidente que vitimou uma manicure em 28 de setembro de 2014. O petista colidiu o carro que dirigia contra uma motocicleta pilotada por Célia Abud Almoreno que, com o impacto, morreu na hora. Audiência e julgamento foram marcados para março de 2018.

À época, ele afirmou que a vítima estava com o farol da moto com luz azul e fraca e que estaria rente à linha que dividia os sentidos da via, fato que ocasionou a colisão fatal. De acordo com ação ajuizada pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual), o legislador não ficou no local do acidente ao constatar a morte da mulher, acionou o filho que foi até lá ‘representá-lo’ e se abrigou na residência de um conhecido, sob alegação de receio de ser linchado.

O rapaz recolheu partes da moto e levou até o delegado Daniel Rodrigues e afirmou que o farol estava queimado. Contudo, perícia solicitada pela polícia, finalizada em setembro e anexada ao processo mostra que o equipamento estava em perfeito estado de uso.

“Com base no exame das peças enviadas, podemos inferir devido aos argumentos supracitados é que o mais provável é que a lâmpada estava acesa quando do impacto do referido acidente de trânsito cabe salientar que apesar da avaria a lâmpada se mostrou eficiente nos testes, ou seja, estava funcionando”. A relatoria da perícia ficou por contas da perita Aline Assunção Souza com revisão do perito Albenir Echeverria.Depoimentos e laudo contrariam versão de vereador sobre acidente com morte

O vereador chegou a colocar em xeque o estado de consciência da vítima e pediu que houvesse análise sanguínea para detectar possível presença de álcool. Mas, devido ao longo espaço de tempo entre a coleta e o pedido, não foi possível fazer o exame. Os depoentes, contudo, afirmam que a manicure não aparentava estar alcoolizada.

Com o resultado da perícia, todas as testemunhas e defesa ouvidas, o juiz Roberto Ferreira Filho marcou audiência de instrução e julgamento para o dia 16 de março de 2018, às 13h30. Além de pessoas que presenciaram o episódio, o policial militar que atendeu a ocorrência também testemunhou.

Na época, Ayrton estava em finalizando o terceiro ano do primeiro mandato e na Câmara Municipal seu envolvimento no acidente não causou efeito. Ele ficou uns dias sem frequentar as sessões, recebeu apoio dos colegas e depois retornou. Em 2016 foi reeleito com 2.834 votos e hoje é o único representante do PT na Casa de Leis.

Condenação

A família de Célia ingressou com uma segunda ação pedindo danos morais e em setembro deste ano conseguiu sentença favorável. O juiz Juliano Rodrigues Valentim condenou o vereador a pagar R$ 300 mil a familiares da vítima. O legislador entrou com recurso para tentar anular a decisão e agora o caso tramita em segunda instância.

Defesa

Testemunhas que estavam no carro com Ayrton, afirmaram que não se atentaram aos fatos no momento, mas acreditam que o carro não estava em alta velocidade. Relataram a preocupação do condutor ao ver a vítima e que precisou de atendimento médico devido ao estado de choque em que se encontrava.