Deputado publicou nota sobre investigação contra rival político 

A segunda fase da operação Lama Asfáltica, denominada ‘Fazendas de Lama’, que envolveu investigação contra o ex-governador André Puccinelli (PMDB) agradou seu antigo rival e também ex-governador do Estado. Em nota, o atual deputado federal Zeca do PT disse que “já era tempo de tal iniciativa” e que “chama-lhe atenção o silêncio das ruas”.

“Já era tempo e uma expectativa de tal iniciativa por parte do povo sul-mato-grossense. Afinal é de conhecimento de muitos o antigo esquema de desvio de recursos públicos, por meio de contratos da Agesul, que segundo Polícia Federal resultaram em aquisições de imóveis urbanos, aviões e fazendas com aproximadamente 66 mil hectares de terras”.

O deputado ressaltou o período de disputas políticas com André, dizendo que se sente compensado com a ação da Polícia Federal. “Eu que durante muito tempo fui vítima da calúnias torpes deste mesmo grupo, acusando-me de enriquecimento ilícito, sinto-me recompensando. Que seja feita Justiça”. Também questionou a falta de movimentação diante de tantas prisões. “Chama-me a atenção o silêncio das ruas. Onde estão os arautos da luta contra corrupção. Com certeza envergonhados, porque muitos fazem parte do mesmo grupo”.

Zeca ainda afirmou que se sente indignado com “a vergonhosa omissão do Ministério Publico Estadual” e que irá tomar medidas cabíveis neste sentido. “Além de omisso, se esquiva do seu papel de investigar, por isso, estou mais uma vez denunciando o MPE no Conselho Nacional. O MPE nos envergonha, e não cumpre com seu papel constitucional”, finaliza.

Fazendas de Lama

A segunda fase da operação Lama Asfáltica bloqueou pouco mais de R$ 43 milhões em bens de 24 pessoas, apreendeu dois aviões, um do empreiteiro João Amorim e outro do empresário João Baird, e encontrou na casa dos acusados US$ 10 mil em espécie e um montante em real que ainda está sendo contabilizado pelos agentes da Polícia Federal.

A ação, que envolveu 201 policiais federais, 28 da Controladoria Geral da União e 44 da Receita Federal cumpriu 28 mandados de busca e apreensão e 15 mandados de prisão temporária, bem como 24 mandados de sequestro de bens dos investigados, dentre eles imóveis rurais e urbanos e contas bancárias.

De acordo com o superintende da PF, Ricardo Cubas, do montante de R$ 195 milhões em obras da gestão Puccinelli, na 1ª fase da operação foram identificados desvios de R$ 11 milhões e nesta 2ª fase, mais R$ 33 milhões que teria sido desviados, um total de R$ 44 milhões. Segundo a Polícia, pelo menos 23% de cada empreendimento era desviado pelo grupo, classificado de organização criminosa pela Polícia.

O delegado ainda contou que foram apreendidos livros didáticos durante as buscas, que comprovam que apenas entre os anos de 2012 e 2014, foram desviados R$ 13 milhões de obras da gestão Puccinelli que perfazem um total de R$ 29 milhões, ou seja, 44% do investido foi desviado.

Cubas contou que todo material apreendido na casa do ex-governador ainda vai passar por análise, para apontar o ‘possível’ envolvimento de André no esquema de desvios de recursos públicos.

Entre os presos estão Edson Giroto, sua esposa, Rachel Giroto, e o empresário João Amorim. Segundo o delegado, são temporárias, com prazo máximo de 5 dias, porém pontuou que dependendo do resultado do prosseguimento da investigação, a PF pode solicitar a conversão da detenção em prisão preventiva, sem prazo para soltura dos investigados.