Tucano recorreu à memória de

Morto em agosto de 2013 vítima de um câncer de intestino, dois anos após ser preso pela Polícia Federal acusado de corrupção, Ari Artuzi ainda pode influenciar nas eleições de , município a 228 quilômetros de Campo Grande. Ao menos parece ser essa a avaliação da equipe do deputado federal (PSDB), candidato à prefeitura que recorreu à memória do ex-prefeito durante sua propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV.

No programa veiculado dia 2, o tucano exibiu o depoimento de Juliana Freitas Artuzi, estudante de 21 anos e filha do homem que administrou a segunda maior cidade do Estado de 1º de janeiro de 2009 a 1º de dezembro de 2010, ano em que foi preso durante a Operação Uragano. A jovem lembrou atos de seu pai e declarou apoio a Geraldo, concluindo que Artuzi “está torcendo pela mesma pessoa que eu to torcendo que é você”.

“Me lembro muito do meu pai assim, ajudando as pessoas, correndo atrás, ele não parava, era paizão para todo mundo. Abraçava, beijava, pegava o carro dele e levava pra onde quisesse. Quem precisava ele ajudava, estendia a mão, não precisava saber se gostava dele ou se não gostava, ele sempre ajudou”, rememorou Juliana.

Em seguida, no enquadramento em que aparecia ao lado do candidato tucano à Prefeitura de Dourados, a jovem declarou o apoio. “Geraldo eu to morando longe mas eu sei cada detalhe que acontece em Dourados, cada coisa boa que acontece, e onde meu pai estiver ele está torcendo pela mesma pessoa que eu to torcendo que é você”, pontuou.

ADVERSÁRIOS

Ao ouvir da jovem essa declaração de apoio, Geraldo agradeceu e assumiu o compromisso de trabalhar, principalmente, pelos mais humildes, faixa da população na qual Artuzi era mais celebrado. Essa busca pelo apoio do ex-prefeito, contudo, destoa da postura que ambos mantiveram em eleições passadas.

Como noticiado pelo Jornal Midiamax no dia 5 de agosto de 2010, o deputado federal criticava a presença de Artuzi no palanque do ex-governador André Puccinelli (PMDB), à ocasião em campanha pela reeleição. “Apesar de não se desprezar apoio em política, a presença de Artuzi só causará malefícios à campanha”, disse naquela oportunidade. “O André precisa rever esta parceria”.

Dois anos antes, na campanha de 2008, Geraldo Resende apoiou Murilo Zauith. E em dezembro de 2010, quando Artuzi já havia renunciado e Délia Razuk ocupava interinamente o cargo de prefeita, o deputado chegou a dizer que a população douradense errou ao eleger Ari Artuzi e deveria assumir sua parcela de culpa, conforme publicações locais ainda disponíveis na internet.

FENÔMENO ELEITORAL

Apesar do turbulento mandato à frente da Prefeitura de Dourados, do qual renunciou no dia 1º de dezembro de 2010 após ser preso no dia 1º de setembro daquele mesmo ano, Ari Artuzi ainda é lembrado com saudosismo, sobretudo nas periferias da cidade. Conhecido como “pai dos pobres”, foi um fenômeno eleitoral. Em menos de uma década, entre 2000 e 2008, passou de presidente de associação de moradores a vereador, deputado estadual (cargo para o qual foi reeleito) e depois prefeito da maior cidade do interior.

Com votações a cada pleito mais expressivas, Artuzi conquistava no corpo a corpo os votos necessários para vencer nas urnas. Em 2000, então presidente de Associação de Moradores do Jardim Canaã I, obteve 1.594 votos, conforme dados do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul). Nessa ocasião, filiado ao PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), foi o 5º mais bem votado entre os 17 eleitos para a Câmara Municipal de Dourados.

A primeira vitória eleitoral teve forte influência do legado deixado pelo tio Dioclécio Artuzi, à época já finado e que foi vereador nas duas legislaturas anteriores (1993 a 1996 e de 1997 a 2000). Nesses mandatos, Ari Artuzi era o motorista do tio e tornou-se popular no atendimento assistencial prestado pelo mandato de Dioclécio.

Mas Artuzi não esquentou cadeira no Legislativo douradense. Dois anos após ter sido eleito vereador, chegou à AL-MS (Assembleia Legislativa do Estado). Pelo PMN (Partido da Mobilização Nacional), conquistou 6.821 votos e tornou-se deputado estadual em 2002. Na eleição seguinte, em 2006, Artuzi não apenas manteve o cargo como também deixou um recado para os caciques da política estadual: já no PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), recebeu a 4ª mais expressiva votação estadual (36.960 votos) e mostrou ser um fenômeno das urnas.

Reeleito deputado estadual, Arturzi demonstrava ter plenas condições de pleitear o cargo de prefeito de Dourados, afinal, dos 36 mil votos recebidos em todo o território estadual, 31.342 foram obtidos em seu município.

Em 2008, no PDT (Partido Democrático Trabalhista), Artuzi mais uma vez lançou mão da célebre frase “ajuda eu” e disposto como era, correu Dourados de Norte a Sul e de Leste a Oeste para conquistar os 45.182 votos que lhe renderam a vitória sobre Murilo Zauith, então no DEM, e Wilson Biasotto (PT). O segundo colocado ficou com 39.614 votos e o terceiro com 21.821.