Vereador alega que prefeito tinha conhecimento de que empresas eram prioridade

O vereador (PMDB), líder do prefeito Gilmar Olarte na Câmara, admitiu na manhã desta terça-feira (10) que não atuou como deveria por ter outras prioridades desde que assumiu a função. O vereador alega que tinha por objetivo instalar 110 empresas em Campo Grande e que deve concluí-lo em breve, para depois atuar mais na parte política.

Segundo Edil, o prefeito sabia que a volta dele à Câmara teria por objetivo, primeiramente, garantir as empresas, para depois pensar na “inserção” com vereadores, que começa a partir de agora.

Edil foi criticado por alguns vereadores por não ter autonomia para agir como líder do prefeito, mas discorda da opinião dos colegas, por avaliar que não tinha esta legitimidade porque não cuidava desta parte política.

“Também não é falha. Estou cumprindo aquilo que foi encaminhado. Meu objetivo era acompanhar todos os projetos do Prodes. Não dava para cuidar das duas coisas ao mesmo tempo. Agora é que vou fazer a parte política”, justificou. Edil ficou como titular da Sedesc por alguns meses, mas depois saiu e passou a responder como líder de Olarte na Câmara.  

Denúncia

Na semana passada o Midiamax relatou a preocupação em relação ao número desordenado de doação de terrenos para empresários em Campo Grande, com suspeita de esquema milionário de favorecimento a empresários. O vereador Carlão (PSB) chegou a pedir a retirada de urgência de uma doação da Câmara, desta vez para a empresa Cruzeiro do Sul.

 O projeto do prefeito Gilmar Olarte (PP) prevê a doação de uma área de 21.897,39 m² localizada no Polo Empresarial Conselheiro Nelson Benedito Netto. “Me falaram que a empresa tinha a Cruzeiro do Sul Embalagens na Ernesto Geisel e vendeu por R$ 5 milhões. Agora querem área da prefeitura no pólo. Eles têm capital. Muitas empresas estão pegando o terreno com sede na cidade e vendendo para pegar  um terreno da prefeitura”, criticou. A empresa Cruzeiro do Sul pertence a família do ex-vice prefeito de Campo Grande, da gestão de André Puccinelli (PMDB), Oswaldo Possari.

Na avaliação do vereador, a Câmara precisa rever estas autorizações. “Eles podiam doar este terreno que já têm na cidade para fazer creche ou posto de saúde. Não podemos doar para quem é rico e já tem área. Tem que mudar as regras ai. É importante ajudar o empresário, mas tem que fazer uma pesquisa de quem realmente precisa. Não podemos ficar doando para empresários ricos, que têm vários milhões. Eles vendem um patrimônio por um valor absurdo e pegam um patrimônio de graça. Nossos filhos e netos não terão mais área em Campo Grande daqui alguns anos se continuar deste jeito”, reclamou.

O vereador Paulo Pedra também reclamou das doações, que na avaliação dele, são feitas de maneira extremamente aleatórias. “Daqui a pouco Campo Grande não tem mais área para questão fundiária. Acho que a Sedesc não tem bom senso. Tem que doar para quem está vindo gerar emprego. Doar para quem já está aqui é nefasto para economia”, criticou.

Edil já declarou que colocou como condição para ser líder o acompanhamento da movimentação destas empresas. Porém, negou que haja uma farra de doações. “Não é simplesmente quero o terreno e ganha o terreno. É preciso um projeto, bem elaborado. A análise é detalhista, é preciso uma relação grande de documentos e uma proposta bem embasada, com oferecimento de toda a contrapartida. Tudo começa com consultores de empresas privadas que vão prospectar indústrias, para gerar emprego e renda para Campo Grande. São pessoas com familiaridade e conhecimento de outros Estados do país, para atrair os empresários”, alegou.