Nomeado ganha mais de R$ 10 mil e quer ‘Bernal bonito'

O superintendente municipal de comunicação da Prefeitura de , Djalma Machado Jardim Neto, interpelou uma jornalista em plena agenda pública do prefeito (PP) na manhã desta sexta-feira (6) e constrangeu a repórter a mostrar todas as fotos registradas no equipamento profissional do Jornal Midiamax. Ele tinha medo de que o chefe que o nomeou no cargo público sem concurso estivesse ‘feio' nas imagens.

Na sequência, a jornalista foi conduzida até uma sala do gabinete onde ficou sozinha com o prefeito. Lá, Bernal fez breve discurso para a jovem, dizendo que os donos de jornais de Campo Grande o perseguem e que usariam as fotos dele em flagras ‘desfavoráveis'. O áudio de todo o episódio foi gravado pela equipe jornalística.

Segundo a repórter fotográfica, Djalma Jardim foi truculento na abordagem. “Deixa eu ver as fotos que você estava fazendo de baixo”, disse. Ao ser questionado sobre o motivo, a jornalista foi surpreendida com o tom intimidador. “Porque eu quero ver!”

“Eu me senti ameaçada e acabei cedendo. Mostrei as fotos e não tinha nada demais. Ele olhou e disse que estava ok. No final do evento, que aconteceu no gabinete, no entanto, o prefeito me chamou para uma sala onde estava e fiquei lá dentro sozinha com ele, enquanto um homem ficou na porta”, relata.

Bernal fez um rápido discurso dizendo que os órgãos de comunicação de Campo Grande trabalhariam ‘contra' seu governo. Citou o dono do jornal Correio do Estado, Antônio João Hugo Rodrigues, afirmando que o proprietário do veículo usa os funcionários para que façam imagens que o desfavoreça. “Eu fiquei assustada com toda aquela situação. Me senti muito constrangida com a situação e não entendi porque ele falou tudo aquilo para mim”, diz a repórter fotográfica.

Djalma Machado Jardim Neto não tem concurso e está no cargo público por nomeação política de Bernal. Ele foi nomeado no último dia 21 de setembro e, em 8 de outubro, designado para assumir a Superintendência de Comunicação da Prefeitura da Capital, com salário mensal de R$ 5.049,45, mais 100% de adicional, que ultrapassa ganhos mensais de R$ 10 mil.

O jornal entrou em contato com a assessoria de comunicação do município cobrando explicações sobre o episódio. A Prefeitura pediu tempo para avaliar e o Jornal aguardou até o fim do expediente, mas até o momento não recebeu posicionamento. Atualmente o Brasil ocupa a 99ª posição do ranking internacional da ong Repórteres Sem de Liberdade de Imprensa. Mesmo assim, é livre o exercício profissional do jornalismo sem prévia censura.

O episódio foi levado pelo Jornal Midiamax à polícia, a quem os dois devem se explicar pelo crime de constrangimento ilegal. Já no MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), ambos serão acionados por abuso de autoridade.

Recentemente, Alcides Bernal já havia constrangido jornalistas durante o evento de sorteio do IPTU. Na ocasião, o prefeito convidou profissionais do Correio do Estado e do  para realizarem o sorteio, sugerindo, no microfone, que iria agradá-los para que escrevessem matérias positivas. Bernal é radialista e, segundo os colegas, deveria saber que a prática soa muito mal entre os jornalistas profissionais.

Djalma Jardim, que deveria cuidar da relação entre Bernal e a imprensa, também tem histórico de episódios polêmicos envolvendo profissionais do jornalismo campo-grandense. Já como superintendente de Comunicação da Prefeitura de Campo Grande, Jardim foi flagrado mostrando o dedo do meio para os vereadores durante a sessão de julgamento do prefeito Alcides Bernal (PP), em 26 de dezembro de 2013. O flagra feito pelo fotógrafo Roberto Higa, que foi ameaçado de processo.