O governador (PMDB) tem dois anos para se fortalecer e conseguir fazer o sucessor ou ao menos uma vaga no Senado Federal. Neste caminho, o governador terá a conturbada missão de ter como aliado indireto o mais novo rival político, o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP).

Muitas lideranças políticas, incluindo o senador Waldemir Moka (PMDB), entendem que a administração de Bernal influenciará e muito na eleição para o Governo do Estado em 2014. Puccinelli poderia cruzar os braços e esperar o resultado da administração, mas o próprio resultado negativo em Campo Grande, bem ilustrado por uma grande derrota após 20 anos, deve levar Puccinelli, mesmo se não quisesse, a investir na Capital, sempre decisiva nas eleições dele no Estado.

O vereador Paulo Pedra (PDT) avalia que Puccinelli deveria criar uma secretaria estadual só para atender Campo Grande. A avaliação é baseada na mudança do cenário político na Capital. “O Puccinelli não tem mais um prefeito como braço direito de seu governo. Antes o Nelsinho (prefeito Nelsinho Trad-PMDB) era parceiro e propagava o governo. Hoje não é mais”, analisou.

O vereador Paulo Siufi (PMDB) concorda com Pedra. Ele ressalta que Puccinelli ficou conhecido e chegou ao governo por conta da administração dele em Campo Grande. “Creio que seria burrice dele não ajudar Campo Grande, o maior colégio eleitoral do Estado. Até para contendas futuras. Acho que se o PMDB, que é meu partido, não ajudar neste momento, é burrice. O Zeca do PT ajudou o Nelsinho no que podia. É o lado bom do homem público e bom administrador”, avaliou.

Na administração de Nelsinho Trad o governador André Puccinelli recapeou toda a avenida Afonso Pena e prometeu ajudar no recapeamento da avenida Mato Grosso, o que não aconteceu até agora. Questionado sobre a promessa, Puccinelli disse que só fará se tiver recurso.

Puccinelli e Bernal já tiveram alguns encontros depois que o PMDB perdeu em Campo Grande. No primeiro o prefeito recebeu a desagradável notícia de que o repasse de ICMS de Campo Grande seria reduzido.  A relação, que já não era boa, ficou ainda mais estremecida quando Puccinelli resolveu se intrometer na eleição do presidente da Câmara e conseguiu derrotar a indicada de Bernal, Rose Modesto (PSDB), elegendo Mário César (PMDB).

A eleição rendeu várias críticas de Bernal, mas os dois voltaram a se encontrar e chegaram a assinar convênios, com troca de servidores entre o Estado e o Município. Porém, em meio a poucas gentilezas, como a ida de Bernal a encontro com prefeitos promovido por Puccinelli, sempre a espaço para alfinetadas entre os dois. Na chegada ao evento Bernal disse que estava prestigiando Puccinelli. Porém, na saída, avisou que entrará na Justiça contra o Estado para protestar contra a redução no repasse do ICMS.