Paulo Corrêa e Edson Giroto ensinaram cabos eleitorais como pedir o segundo voto para o senador Delcídio, candidato da chapa de Zeca do PT

Com a presença do governador (PMDB), o deputado Paulo Corrêa (PR) organizou uma festa política para receber correligionários do interior e anunciar oficialmente o apoio ao candidato da chapa de Zeca do PT, senador Delcídio (PT), como segundo voto para o senado.

O evento recebeu a de fiscais do TRE que flagraram irregularidades como o almoço servido para a lista de convidados, onde figuram de prefeitos do interior a caciques indígenas, e uso de veículos oficiais durante o ato político. Além disso, despertou curiosidade sobre a aproximação de Delcídio e Puccinelli.

“Gente, eu quero chamar aqui o nosso amigo Giroto, que foi emprestado pra gente lá do PMDB pelo governador, porque nós vamos falar de uma coisa muito importante, que é o jeito como a gente vai pedir votos nessa eleição”, disse Corrêa.

“Eu voto assim, totalmente dentro do que a legislação permite, e nós vamos pedir voto assim: o primeiro voto, é claro, é 22222, que é meu número, o segundo, é no companheiro Giroto, 2222. Daí vêm os votos para o senado. O primeiro é do Moka, 151, e o segundo, é onde está a novidade, porque nós vamos pedir voto para o Delcídio, com o número 138”, ensinou o deputado e candidato à reeleição.

O candidato declaradamente predileto de Puccinelli para deputado federal, Edson Giroto, que está no PR, também instruiu publicamente os correligionários seguindo uma “cola” gigante impressa para fins “didáticos”.

No momento em que a cúpula ia falar, o banner caiu da parede, mas foi imediatamente recolocado pelo governador, causando aplausos e comentários. “Olha lá, o André vai suspender os nomes deles literalmente”, brincou um dos presentes.

Brincadeiras à parte, o fato agita o cenário político da corrida pela sucessão estadual. Tanto no lado de Delcídio, o candidato que recebeu o apoio inesperado, como do lado de Puccinelli, a novidade causa certo desconforto.

“Esses boatos aí são todos fruto de dor de cotovelo de quem não se conforma com a liderança que o Delcídio possui dentro e fora do PT. O senador acredita na democracia e as pessoas têm o direito de apoiar quem quiserem. A legislação não impede o apoio para candidatos de outras coligações”, justificou a assessoria de Delcídio.

O governador Puccinelli disse durante o evento que manteria o segundo voto para o senado em Murilo “por uma questão de obrigação com a coligação”. O candidato Murilo Zauith, até o momento da publicação desta reportagem, disse que não acreditava. “Não posso acreditar numa coisa dessa”, espantou-se.

Com relação à expressão utilizada por Paulo Corrêa, de que Giroto, homem forte do governador desde o tempo de prefeito, teria sido “emprestado pelo PMDB” ao PR, a assessoria de Puccinelli disse que a colocação não passa de brincadeira.

“Isso é força de expressão. A decisão do apoio ao Delcídio foi tomada pelo PR, que é um partido da base aliada do Lula, que apóia a Dilma e o Delcídio, então não tem nada de errado. Quem tem que comentar é o PR”, explicou o assessor de comunicação da campanha de Puccinelli.