“É um sentimento muito grande de medo, porque o cara está solto e eu não sei quem ele é e o que ele pode fazer comigo”, desabafa a estudante de 25 anos que denunciou assédio na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) nesta segunda-feira (25). Ela flagrou o homem se masturbando ao ar livre na universidade.
Em entrevista ao Jornal Midiamax a jovem relatou que o suspeito fez outras vítimas na noite de ontem. O vídeo acima mostra que o homem continuou se masturbando em público no câmpus da UFMS e foi flagrado por outros alunos. Além disso, ela se queixa do atendimento na Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher).
Assediador fez mais vítimas
A estudante de 25 anos contou à reportagem que, por volta de 21h, estava sozinha na Concha Acústica – local utilizado para apresentações culturais na UFMS – quando o homem se aproximou e perguntou as horas. “Aí ele foi para o canto, eu achei meio estranho e já fui saindo de lá, mas minha mochila estava perto dele e quando fui pegar, ele começou a me assediar”.
Segundo a vítima, o homem fez convites sexuais e já estava com o órgão genital exposto. Assustada, a jovem se afastou rapidamente e depois voltou para filmar o crime. Neste momento, cada um correu para um lado diferente e ela procurou ajuda em um auditório próximo ao local. “O pessoal chamou os guardas da UFMS, que já foram atrás do cara”, relata.
Enquanto a equipe de segurança interna da UFMS fazia buscas pelo assediador, cerca de dez pessoas no ponto de ônibus flagraram o homem, mais uma vez, se masturbando em público. “Começaram a filma e um desses estudantes correu atrás do cara. Já chamaram o guardinha e aí ele foi preso”, afirma a jovem.
‘Soltaram o cara pelo mesmo portão que eu’
A estudante, alguns amigos e seguranças da UFMS acionaram a PM (Polícia Militar) e seguraram o suspeito até a chegada dos policiais. Conforme boletim de ocorrência, no momento da abordagem diversas pessoas agrediam o indivíduo, que teve lesões corporais constatadas na delegacia.
A jovem reclama do atendimento que recebeu na Deam. “A pessoa que me atendeu fez poucas perguntas, eles nem quiseram ver o vídeo”, afirma a vítima. No registro policial, consta apenas a descrição do momento em que um grupo flagrou o assédio no ponto de ônibus. No entanto, não há menções ao assédio sofrido quando a estudante de 25 anos estava sozinha na Concha Acústica, nem à filmagem.
Outra surpresa veio no momento em que ela foi liberada da delegacia. O suspeito teria sido solto pelo mesmo portão e no mesmo horário que a vítima. “Me falaram que só pode prender se tiver um estupro comprovado. Não sei se isso é verdade, mas se for, precisa mudar essa lei”.
A jovem também gostaria de ter sido escoltada para casa, o que teria sido negado pela Deam, segundo ela. “A gente, inclusive, perguntou cadê os policiais que levaram a gente para lá e eles falaram que tinham ido embora e ninguém poderia levar a gente para casa. Por sorte, meus colegas estavam lá e pediram Uber para mim”.
‘Sentimento muito grande de medo’
A estudante afirma que agora sente muito medo de voltar à UFMS. “É um sentimento muito grande de medo, porque o cara esta solto e eu não sei quem ele é e o que ele pode fazer comigo. Tenhi medo e vontade de fazer justiça, expor o que aconteceu”, diz a jovem.
“Até então eu estava me sentindo segura, normal, porque nunca tinha acontecido nada, mas agora não vou mais ficar sozinha lá. Vou tentar sempre andar com companhia, mas infelizmente isso não é sempre possível, as vezes tenho que andar pela UFMS para voltar para casa a noite e sozinha”, conclui a estudante em entrevista à reportagem.
O Jornal Midiamax solicitou esclarecimentos à Deam e à UFMS, mas ainda não recebeu resposta. O espaço segue aberto.
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