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Polícia

‘Ela estava sempre sorrindo’, relembra irmã de Doralice, morta a facadas pelo ex-namorado

Em uma entrevista exclusiva à reportagem do Jornal Midiamax, Danila da Silva, irmã da vítima, relembrou os últimos momentos com ela
Carol Leite -
Irmãs Doralice e Danila (Arquivo Pessoal)

“Ela estava sempre sorrindo, uma pessoa alegre e companheira”, é assim que os familiares de Doralice da Silva vão guardar na memória os momentos vividos com ela. Doralice, de 42 anos, foi assassinada a facadas na última sexta-feira (20), pelo ex-namorado, Edemar Santos Souza, de 31 anos, que acabou preso horas depois do crime.

Em uma entrevista exclusiva à reportagem do Jornal Midiamax, Danila da Silva, irmã da vítima, relembrou os últimos momentos com ela. “Eu falei que amava ela, quando ela estava viva eu abracei, me diverti com ela”, contou Danila.

Doralice deixou três filhos, um jovem de 23 anos e duas meninas de 16 e 9 anos. Conforme relato de Danila, a irmã estava desempregada e ajudava a cuidar da sobrinha. “Qualquer detalhe que ela achava da neném fazer ela mandava para mim. É difícil falar isso, mas a gente tem que guardar uma memória boa dela. Para mim ela sempre foi uma ótima irmã”, recorda emocionada.

A irmã contou que Doralice era uma mulher alegre, com um coração bom e que nunca estava desanimada. “Ela era muito brincalhona, gostava de dançar, uma pessoa incrível”, conta Danila.

Histórico de agressividade

“Ele era uma pessoa meio explosiva. Uma pessoa que a gente olhava para ele e via que ele guardava algum sentimento agressivo”, explicou. Segundo a irmã, a própria de Edemar avisou a Doralice sobre o antigo relacionamento do filho. “Ela disse para Dora tomar cuidado, que ele era agressivo, batia na ex-mulher e deixava trancada”, contou.

Danila chegou a presenciar cenas de agressividade por parte de Edemar. “Ele bebia e sempre começava a discutir, saía bravo de casa”, disse.

Conforme o relato da irmã, durante uma discussão do casal, Edemar machucou a boca e precisou levar pontos. Após essa situação, ele ameaçou Doralice. “Ele falou bem assim para mim, ‘eu não fiz nada com ela porque estou calmo, mas se eu quiser eu faço’”, relembrou Danila.

Dia do crime

Em depoimento, a filha de 16 anos de Doralice contou que a mãe se relacionava com Edemar havia 1 ano, e que neste ano os dois passaram a morar juntos, mas o relacionamento do casal seria marcado por muitas brigas. 

A adolescente conta que a mãe havia saído cedo de casa na companhia de Edemar e, por volta das 13 horas de sábado (21), ligou para avisar que faria o almoço. Já na ligação, a adolescente ouviu ao fundo Edemar falando que chamou a mãe dela para beber.

Por volta das 16 horas, a menina mandou mensagem para a mãe, pedindo para ela voltar para casa, sendo que Doralice disse que já estava retornando. Desconfiada, ela ligou por videochamada para a vítima e ouviu o padrasto dizendo: “vamos pedir mais uma cerveja”. 

A tia da menina foi até a residência por volta das 17 horas, falando que Doralice e Edemar haviam sofrido um acidente de motocicleta. Doralice chegou à residência por volta das 19h30, quando tomou banho, jantou e saiu novamente. Já Edemar chegou à residência por volta das 20 horas desorientado, saindo novamente após buscar uma carteira.

Logo depois, a adolescente saiu com seu namorado e sua irmã para comerem um lanche. Ao retornar, encontraram Doralice morta em meio a uma poça de sangue na sala da casa. 

‘Matei por ódio’

‘Movido por ódio e ciúmes’, essa foi a motivação para o feminicídio de Doralice da Silva, de 42 anos, em Maracaju, segundo o depoimento de Edemar Santos Souza, pedreiro de 31 anos, que confessou o crime.

Midiamax teve acesso ao depoimento em que Edemar contou ao delegado que no dia do feminicídio havia saído com Doralice até um bar e beberam cerveja, por volta das 11 horas, sendo que depois foram para outro bar, onde ingeriram mais bebidas alcoólicas. Na volta para casa, acabaram se envolvendo em um acidente de motocicleta.

Doralice conseguiu ligar a motocicleta e foi até a sua residência para deixar comida para as filhas e Edemar ficou esperando para irem até outro bar. Mas, como Doralice demorou para retornar, ele foi até a residência e ficou esperando por ela.

Quando Doralice chegou, deixou a motocicleta na calçada, e ao entrar mandou que Edemar fosse embora de sua casa. Ele, então, disse que ia pegar suas roupas e ferramentas, mas ela o mandou buscar no dia seguinte.

Edemar pegou algumas roupas e colocou em uma carriola. Quando voltou para buscar o restante, questionou Doralice se ela iria sair com o homem que a estava esperando em um veículo Gol, na esquina.

Quando Doralice disse que iria sair com o homem, Edemar relatou que foi movido pelo ódio e ciúmes e pegou uma faca desferindo um golpe no pescoço de Doralice. Assim, ela caiu no chão da sala.

Logo em seguida, ele desferiu três socos no rosto dela e passou a dar mais facadas no pescoço da namorada. Ele ainda disse que ficou com mais raiva quando se lembrou que na semana anterior havia sido agredido por Doralice. 

Ameaçou a própria mãe

Edemar Santos Souza já tem ficha policial por crimes contra a mulher. Há quatro anos, a mãe de 57 anos o denunciou por ameaça em Maracaju. Edemar e a então companheira se mudaram para a cidade após dificuldades financeiras em Ponta Porã. O casal estava morando nos fundos da casa da mãe do pedreiro.

Alcoólatra, o suspeito tinha o hábito de ofender a mãe e a ameaçou caso ela denunciasse à Polícia Civil. A então companheira também era alvo de xingamentos. Porém, a mulher relatou ter medo do pedreiro e nunca o denunciou. A mãe de Edemar solicitou medidas protetivas e que o filho fosse retirado da casa.

Doralice não tinha medidas protetivas contra o pedreiro. A mulher já tinha solicitado proteção contra o ex-marido, mas os dois não tinham mais contato há um ano.

Dados

Segundo o Monitor de Violência Contra a Mulher da Polícia Civil de MS, o último em Maracaju ocorreu em 2021. Desde 2015, quando o monitor foi instalado, foram quatro feminicídios registrados na cidade até o momento.

16º feminicídio em MS

Mato Grosso do Sul registra 16 feminicídios em 2025:

Karina Corim (Caarapó) – 4 de fevereiro

Vanessa Ricarte () – 12 de fevereiro

Juliana Domingues (Dourados) – 18 de fevereiro

Mirielle dos Santos (Água Clara) – 22 de fevereiro

Emiliana Mendes () – 24 de fevereiro

Gisele Cristina Oliskowiski (Campo Grande) – 1º de março

Alessandra da Silva Arruda (Nioaque) – 29 de março

Ivone Barbosa (Sidrolândia) – 17 abril

Thácia Paula (Cassilândia) – 11 de maio

Simone da Silva (Itaquiraí) – 14 de maio

Olizandra Vera Cano (Coronel Sapucaí) – 23 de maio

Graciane de Sousa Silva (Angélica) – 25 de maio

Vanessa Eugênio Medeiros e a filha dela, Sophie Eugenia Borges (Campo Grande) – 28 de maio

Eliana Guanes (Corumbá) – 6 de junho

Doralice da Silva (Maracaju) – 20 de junho

📍 Onde buscar ajuda em MS

Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana.

Além da DEAM, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.

☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180 é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.

As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.

Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.

📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.

⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.

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