Medo constante, humilhações vividas: assim foi a vida de uma autônoma de 38 anos por quase duas décadas quando era casada, com o homem que hoje a persegue. Foram vários boletins de ocorrência registrados pelas agressões físicas e psicológicas contra a vítima.
Agora o ex-casal briga na Justiça pela guarda do filho, de 14 anos, em Campo Grande. Ao Jornal Midiamax, a vítima disse que foi casada com o agressor e pai de seus três filhos, por quase duas décadas. No entanto, o casamento foi conturbado durante cinco anos, marcado por violência psicológica e física.
“No início do casamento, era tranquilo; depois, ele começou a sair para ingerir bebida alcoólica, se alterava muito, dormia fora de casa, por cerca de dois a três dias. Por vezes, chegava gritando comigo e com as crianças em casa. Em uma das vezes, ele me chutou e jogou minhas roupas na varanda, depois, pediu perdão, falou que iria mudar e estava precisando de ajuda”, relata a vítima.
Segundo a autônoma, o casal se separou em 2022, época em que ela conseguiu uma medida protetiva na Justiça contra o companheiro, em decorrência da violência doméstica. Contudo, a medida foi descumprida pouco tempo depois.
“Postei uma foto no WhatsApp, ele viu e ficou com ciúmes. Então, foi até minha casa com uma faca e disse que queria me matar. Ele começou a querer escalar o muro para entrar; então, acionei a polícia, mas não tinha viatura. Logo que ele viu uma caminhonete pela rua, pensou que fosse uma viatura policial e foi embora”, conta.
O episódio de quebra de medida protetiva foi, inclusive, filmado pela filha do casal, conforme relata a autônoma. Com o descumprimento da decisão judicial, um mandado de prisão foi expedido.
No entanto, o homem só foi preso no dia em que ele mesmo foi até a delegacia registrar boletim de ocorrência contra a ex-companheira, acusando-a de maus-tratos contra os filhos. “Ele foi à delegacia tentar denunciar que eu estava maltratando meus filhos, que eu não cuidava deles, e acabou preso por causa dessa medida protetiva”, relata.
Após a prisão, o ex foi encaminhado ao presídio, mas depois ganhou a liberdade, com monitoramento por tornozeleira eletrônica. Mesmo assim, a autônoma conta que passou a viver dias ainda mais turbulentos. “Começou a ir nos locais onde eu estava, ir até o portão da minha casa. Ele ia buscar meus filhos em dia de visita e mandava a atual esposa ir ao portão para me filmar. Já me filmou até da janela do banheiro. Eu vivo com medo”, afirma a autônoma.
Aliado aos episódios de violência, há a denúncia de falta de pagamento de pensão alimentícia, segundo a vítima. Ela conta que, desde 2022, o pai de seus filhos nunca pagou pensão, o que resultou em um mandado de prisão expedido pelo Poder Judiciário.
Entretanto, o homem teve uma decisão favorável da Justiça, que suspendeu essa ordem. “Agora, ele alega que as crianças moravam com ele e que eu maltratava os meus filhos. Foi retirado o mandado de prisão por conta das pensões atrasadas, que desde 2022 ele não paga”, explica.
Atualmente, o ex-casal disputa a guarda de um dos filhos na Justiça. Além do medo de perder a guarda, a autônoma teme pela própria segurança. “Eu fico perdida, não sei o que devo fazer, pois tenho o sentimento de impunidade”, desabafa a mãe.
📍 Onde buscar ajuda em MS
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos fins de semana.
Além da Deam, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.
☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180 é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.
As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os fins de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.
Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.
📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.
⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.
(Revisão: Dáfini Lisboa)