A facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que está espalhada em mais de 28 países pelo mundo, também é uma das maiores detentoras de propriedades rurais no Brasil. O grupo teria mais de 511 mil hectares de terras no país bloqueados pela Justiça. Conforme investigações, as fazendas seriam usadas para lavagem de dinheiro e logística para o tráfico. Os bloqueios das terras são desde 2006.
A maioria das terras bloqueadas está em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Pará. Em 2008, foram bloqueadas 85 fazendas no Estado, que totalizaram 368 mil hectares. Já em Mato Grosso, uma única propriedade bloqueada tinha 140 mil hectares, conforme o Compre Rural.
Luiz Carlos da Rocha, conhecido como o ‘Cabeça Branca’, tinha 16 fazendas em Mato Grosso e no Pará, acumulando 40 mil hectares. Segundo a Polícia Federal e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), o PCC movimenta entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões por ano.
Membros espalhados pelo mundo
Conforme mapeamento feito pelo MPSP (Ministério Público de São Paulo), integrantes da facção estão presentes em ao menos 28 países. O documento detalhou como o grupo se infiltrou em prisões estrangeiras para fortalecer sua rede de tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro, além de recrutar novos integrantes.
Na América do Sul, o relatório aponta que o PCC tem membros em todos os países, da Argentina à Venezuela, mas com maior número de membros no Paraguai, com 699 membros da facção — sendo 341 presos e 353 em liberdade.
Já na América do Norte, a facção está presente no México, com três membros, e nos Estados Unidos, com 15, sendo dois dentro do sistema prisional. Na Europa, o PCC está em países como Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Irlanda e Portugal, onde há maior concentração de membros do grupo criminoso — 29 presos e 58 em liberdade.
PCC em Mato Grosso do Sul
O PCC é uma facção criminosa que nasceu e cresceu dentro dos presídios, no interior de São Paulo, e depois se expandiu. Nos dias atuais, é ‘dona’ da rota do tráfico de drogas que abastece boa parte do Brasil e exporta para a Europa.
Foi em MS que começou a expansão da facção, na década de 1990, quando São Paulo tentava isolar lideranças e, sem avisar, trocou presos considerados ‘problemas’, no Estado, pelos dois líderes da facção que se tornaria uma das maiores da atualidade: César Augusto, conhecido como ‘Cezinha’, veio para Mato Grosso do Sul; e José Márcio Felício, conhecido como ‘Geleião’, foi levado para o Paraná.
E assim começou a expansão do PCC para outros estados brasileiros. O Governo do Estado, na época, não tinha ideia de que ‘Cezinha’ era líder de uma facção criminosa. “Carismático, tinha facilidade de comunicação. Ele fazia discursos para a massa carcerária”, comentou o promotor de Justiça do Estado de São Paulo, Márcio Sérgio, autor do livro “Laços de Sangue – A História Secreta do PCC”, em entrevista para o Jornal Midiamax.
Sem restrição alguma dentro da penitenciária sul-mato-grossense, já que ‘Cezinha’ era visto como um preso comum, ele passou a reproduzir no presídio do Estado o mesmo que era feito no interior paulista, segundo Márcio Sérgio, promotor de Justiça e especialista no PCC. Assim, nasceu no Estado o PCC. A facção se espalhou tanto em Mato Grosso do Sul como no Paraná.
De lá para cá, a facção se especializou e modernizou, criando um organograma, com subdivisões e tarefas específicas. Toda esta ‘modernização’ veio depois de Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como ‘Marcola’ e líder da facção na atualidade. Ele ficou preso por cerca de 1 ano com Maurício Hernandes, conhecido como ‘Capitão Ramiro’ – militar treinado no Exército da Bulgária.
‘Capitão Ramiro’ foi um dos mentores do sequestro do publicitário Washington Olivetto, que ficou 53 dias em cativeiro, entre 2001 e 2002. Após este tempo em companhia do militar, ‘Marcola’ implementou novas diretrizes no PCC, que tem ‘planos de carreira’ no submundo do crime. A facção é do tráfico de drogas, como diz Márcio Sérgio. “Ninguém trafica sem o PCC permitir, porque vai ser eliminado pela facção’, diz o promotor.
“O PCC exerce a tirania e, se você não se submete, ele [facção] te mata. Exerce poder de vida e morte”, fala o promotor paulista. Em Mato Grosso do Sul, a facção é dominante e detém a rota da Bolívia, de onde sai a cocaína para o resto do país e para a Europa.
Segundo o promotor paulista, a rota da Bolívia é uma das mais importantes para a facção, que tentou ‘tomar’ do CV (Comando Vermelho) a rota dos Solimões, no norte do país, mas não conseguiu. “Eles querem o monopólio”, disse Márcio Sérgio.
Para o promotor, quanto mais tráfico existir, mais a facção terá poder. “O que o Brasil quer com o tráfico de drogas? Esta é a questão”, termina o promotor de Justiça de São Paulo.
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