Vizinhos e moradores da região onde o menino de 3 anos foi socorrido desnutrido e sob maus-tratos em Anastácio, cidade a 134 km de Campo Grande, relataram que já haviam denunciado o caso várias vezes às autoridades.
Conforme um morador, que prefere não se identificar por medo de represálias, a mãe da criança morava no local há cerca de um ano e nesse tempo dormia com o menino em um colchão do lado de fora da casa.
“No começo, a sogra da mulher cuidava, mas depois foi deixando, largando mão. A gente presenciava roupa com cocô, presenciava o menino brincando com fezes”, contou ao Jornal Midiamax.
Certo tempo, os moradores perceberam que a criança havia parado de sair de dentro da casa. Sempre que questionavam, os parentes diziam: “Tá ali dentro”.
Ainda segundo os moradores, a avó da criança chegou a ficar internada em Campo Grande, depois retornou e a criança sempre dentro de casa. Sem precisar quanto tempo desde a última aparição do garoto, a informação é de que assim que conseguiram ver o menino já veio o susto.
“Ele estava muito desnutrido. Parecia uma criança da África”, lamentou. Outros vizinhos questionaram a avó, e ela teria dito que ele não estava querendo comer.
“Denunciei e nada. Depois outros moradores também denunciaram e nada. Agente de saúde foi alá, mas eles não a deixaram entrar. Ela marcou consulta para criança, mas a família não levou. Disseram que o Conselho Tutelar chegou a ir lá também, mas não fizeram nada. Porque não vieram com a polícia?”, questiona a vizinhança.
Ainda conforme relatos, na casa moram cerca de 14 pessoas, sendo a maioria adultos, dois adolescentes e o menino como única criança.
“Eles fumam, se prostituem, bebem de segunda a segunda. Eles tem comida, sim, que já presenciei recebendo sacolão. Eles recebem bolsa-família e vale renda e outras coisas. Não cuidaram porque não quiseram cuidar mesmo”, afirma.
Maus-tratos
Segundo o boletim de ocorrência, a Polícia Militar foi acionada por volta das 20h, após uma denúncia feita pelo Conselho Tutelar e pela equipe hospitalar. Os conselheiros relatavam que a criança apresentava marcas visíveis de maus-tratos, como hematomas e feridas por todo o corpo, incluindo a cabeça, o queixo, os braços e o abdômen.
O médico plantonista que atendeu a criança também confirmou o quadro de desnutrição e desidratação, o que fez com que a criança fosse imediatamente transferida para um hospital em Campo Grande, em razão da gravidade de seu estado.
Durante a apuração dos fatos, a mãe da criança informou à polícia que havia deixado seu filho sob os cuidados de sua sogra, em uma fazenda. Contudo, ao questionar a avó, ela entrou em contradição, negando que a criança morasse ali e relatando que presenciava a filha agredir a criança em diversas ocasiões. A avó afirmou ainda que, apesar de ter solicitado que a mãe levasse a criança ao médico, ela não tomava as providências necessárias.
A mãe da criança, ao ser ouvida pela polícia, alegou que sua irmã teria agredido o menino, amarrando-o com cadarços de tênis e utilizando um cano de água para bater nele. No entanto, a irmã negou as acusações e afirmou que quem maltratava a criança era a própria mãe, sua irmã.
Diante das informações contraditórias, a polícia conduziu as três mulheres para a delegacia de Anastácio, onde prestaram depoimentos. O Conselho Tutelar, por sua vez, ficou responsável pela guarda da criança, que segue recebendo cuidados médicos em Campo Grande.
Vídeo registra agressão
A reportagem Jornal Midiamax recebeu vídeo que registra uma das agressões. Nas imagens, a mulher, que seria mãe da criança, bate na criança com um objeto similar a um cano de PVC.
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