O fazendeiro acusado do assassinato de Volnei Kommers Beutinger, 52 anos, após discussão envolvendo gado, nesta quinta-feira (10), no distrito de Itahum, município de Dourados, distante aproximadamente 220 quilômetros de Campo Grande, foi liberado após 2 horas de depoimento.
Para o delegado Lucas Veppo, o fazendeiro alegou legítima defesa em relação ao filho que estava sendo agredido, segundo ele, por Volnei, em uma briga em sua propriedade. Ele ainda relatou que Volnei estava armado com uma faca. “A vítima teria sacado uma arma branca, uma faca de sua cintura para atacar seu filho, quando ele teve que usar uma arma de fogo que estava em sua posse para desferir um tiro contra a vítima e fazer cessar a agressão, no entanto, o tiro foi fatal”, disse o delegado.
O fazendeiro foi liberado, já que, segundo o delegado, irá ser apurada a legítima defesa e não houve flagrante. “Não havia mais a possibilidade de realizar sua prisão em flagrante, mas nós vamos adentrar a investigação para verificar os laudos periciais, o laudo necroscópico da vítima e os depoimentos escolhidos, que são bastante ricos em detalhes.”
O delegado não passou mais detalhes do depoimento que ainda será analisado. O autor saiu da delegacia sem prestar declarações à imprensa.
Volnei foi jogado já sem vida na frente da sede de sua fazenda, pelo autor, que teve ajuda do filho e de um indígena para ‘desovar’ o corpo.
De violência doméstica a trabalho escravo
O autor tem registros policiais que vão desde violência doméstica, ameaça e lesão corporal dolosa, até denúncia de trabalho escravo em sua fazenda, que já foi alvo de uma visita de procuradores do trabalho.
O fato ocorreu em 2013, quando policiais do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), juntamente dos procuradores do trabalho, foram até a fazenda às 15h20, do dia 23 de abril. Chegaram à fazenda e, em busca realizada, foi encontrada uma espingarda cal. 32; posteriormente, foi localizado, por volta das 17h45, o autor em uma de suas propriedades, precisamente no retiro da Fazenda São Lourenço.
Assim, foi efetuada uma busca na sede da fazenda, momento em que foi localizado sobre a cama do quarto do proprietário um revólver magnum cal. 353 3 pol, municiado com cinco munições intactas, e, sobre um armário, várias munições de diversos calibres. Neste dia, o fazendeiro foi levado para a delegacia.
Já em abril de 2020, o fazendeiro foi acusado de lesão corporal dolosa, ao agredir uma mulher em frente a sua loja de produtos agropecuários. Na época, a vítima relatou que estava passando na frente da empresa agropecuária e elogiou um senhor que estava no local, dizendo que a loja dele era muito bonita, que ele estava de parabéns.
O autor não gostou, ficou nervoso e mandou ela sair. Em seguida, empurrou a mulher, derrubando-a no chão, causando uma lesão no seu cotovelo direito, e ainda quebrou o aparelho celular que estava no bolso de sua bermuda.
A morte de Volnei foi causada por brigas antigas entre os dois fazendeiros. Mas, diferentemente do suspeito, Volnei não tinha passagens pela polícia.
O assassinato e a ‘desova’ do corpo
Volnei foi assassinado com tiro no peito depois de uma discussão com o filho do suspeito. Um funcionário da fazenda relatou aos policiais que as desavenças já eram de longa data.
A vítima estava na propriedade do suspeito, quando ele e seu filho se aproximaram e começou uma discussão entre o filho do suspeito, um funcionário e Volnei. Ainda conforme a testemunha, Volnei disse: “joga o machete e vem na mão”. Em seguida, entraram em luta corporal e teria tentado separar a briga. Contudo, o autor empurrou Volnei e deu um tiro no peito dele.
Logo depois, o autor disse para a testemunha: “pega seu carro e vem pegar o seu patrão”. Mas a testemunha disse que não iria mexer no corpo. O autor, seu filho e um indígena pegaram o corpo e colocaram na caminhonete, entraram na propriedade de Volnei e jogaram o corpo em frente à casa da vítima.
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