Pular para o conteúdo
Polícia

Estudante que matou corredora atropelada fala em ‘desatenção que terminou em tragédia’

João Vitor Vilela é interrogado pelo juiz em audiência de instrução e julgamento quatro meses após o acidente
Layane Costa, Lívia Bezerra -
Danielle foi morta aos 41 anos, enquanto praticava o esporte que mais amava. (Reprodução, Redes Sociais)

O estudante de medicina João Vilela, acusado de atropelar e matar a corredora Danielle Correa de Oliveira na MS-010, em , fala em ‘desatenção que terminou em tragédia’ durante a audiência desta terça-feira (10). Ele é interrogado pelo juiz de Direito, Aluizio Pereira dos Santos, na segunda audiência de instrução e julgamento, que ocorre desde às 14h30 no Fórum Heitor Medeiros.

João Vitor disse que na noite de sexta-feira, horas antes do , ingeriu bebida alcoólica, mas não se recorda a quantidade exata.

“Eu bebi só cerveja mesmo, exatas quantos eu tomei não sei, mas ao total foram as seis. Logo depois eu saí, eu estava com algumas fichas e peguei essas fichas [cervejas]. Depois eu fui para o prédio de uma colega nossa, acompanhado de amigos. Lá não foi muito, acredito que foram umas duas latinhas. Fiquei lá até por volta de umas 5h da manhã”, contou.

Clique aqui e receba notícias pelo WhatsApp

Sobre o acidente que matou a corredora no dia 15 de fevereiro, o estudante disse que fez uma ultrapassagem, mas nada que pudesse ter causado o atropelamento.

“Eu fiz a ultrapassagem, nada que poderia ter ocasionado o acidente. Eu estava na velocidade da via, não estava correndo. Eu estava sozinho no meu carro, não estava com nenhum pensamento suicida no dia”, mencionado sobre ter dirigindo em zigue-zague.

O estudante também falou ao magistrado que se distraiu e acabou atingindo Danielle naquela manhã. Logo, ele atribuiu uma desatenção momentânea em relação ao atropelamento.

“Eu atribuo desatenção momentânea que eu tive e ocasionou uma tragédia. Poderia influenciar[o álcool], mas mesmo com e sem, eu acredito que foi mais devido ao cansaço. Estava distraído, não tinha nenhuma sinalização. Em relação às pessoas, cada um estava na sua velocidade, estavam espaçadas, não vi sinalização nenhuma. A vítima não estava no acostamento, andando no lado direito da via”, falou João.

Depoimentos

Uma das testemunhas ouvidas na audiência desta terça-feira (10) foi uma dentista que atendia João ainda criança em Piranhas, Goiás, sua cidade natal. “Eu conheço ele, desde criança, sempre foi um menino que colaborava em todos os tratamentos. Um menino com a índole muito bonita na cidade. Ele tinha uma moral muito bonita e foi estudioso, ele sempre colaborou”, disse.

A dentista ainda contou que o rapaz é de índole muito bonita e a notícia do acidente com a morte da corredora chocou a cidade. Ao ouvir a fala da profissional, o estudante de medicina chorou.

“Uma pessoa que tem uma índole muito bonita, nós aqui da cidade ficamos muito chocada e triste com o acontecimento. Ele sempre foi meu paciente e às vezes eu perguntava, pelo menos em Mineiros, aparentemente onde eu o via, nunca vi consumindo bebida alcoólica”, relatou a dentista.

Um dos amigos de João Vitor Vilela lembrou que viu o jovem bebendo cerveja antes de atropelar e matar a corredora Danielle. O amigo contou que no dia anterior ao atropelamento esteve com o estudante até às 19h e depois cada um foi para a casa.

Horas depois, eles se encontraram em um bar na Avenida Afonso Pena e o amigo se lembrou que viu João tomando cerveja.

“A gente chegou lá era umas 23h30 e ficamos até 1h20 da manhã. Estávamos em vários amigos, a turma ajuntou para comemorar com o pessoal. Eu me retirei antes dele, mas o João já não estava mais, ele foi para outro local. Eu me recordo dele bebendo apenas cerveja, não prestei atenção quantas vezes ele foi buscar mais. Ele ficou a todo momento tranquilo, só aparentava estar cansado, mas sem relação ao álcool”, relatou.

Quem também foi ouvida na sala de audiências do fórum de Campo Grande pelo juiz de Direito, Aluizio Pereira dos Santos, é uma médica de , que mora em Piranhas, cidade do estudante de medicina.

Ela contou que conhece João desde a infância e sempre via o rapaz na rua e em festas pela cidade. Disse também que o acidente que ocasionou na morte da corredora deixou toda a população chocada em Piranhas.

“Eu nunca vi o João Vitor dessa forma, quando eu soube desse acidente, pelas redes sociais, todas as pessoas estavam falando sobre isso, foi algo que chocou a cidade de Piranhas. Mas eu nunca pensei que essa pessoa seria o João Vitor. Foi realmente um choque para todo mundo”, disse.

Liberdade do estudante

No dia 11 de março, a Justiça havia negado um pedido de liberdade impetrado pela defesa. Mas o estudante acabou ganhando a liberdade provisória com algumas medidas cautelares.

“Concedo a liberdade provisória para responder ao processo em liberdade, sob o compromisso de comparecer sempre que necessário aos atos do processo, de não mudar de residência sem prévia permissão da autoridade processante ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência sem comunicar ao juízo.

Diante das particularidades do caso, necessária, ainda, a suspensão da habilitação para condução de veículo automotor, proibido o Paciente, sob as penas do art. 312, parágrafo único, do CPP, de dirigir veículo automotor durante o curso do processo e de frequentar bares e estabelecimentos congêneres, onde se promova a venda e consumo de bebidas alcoólicas”, diz a decisão.

Estudante de medicina chorou ao ouvir decisão de prisão

Vídeo da audiência de custódia, que ocorreu no dia 16 de fevereiro, mostra o estudante de medicina aos prantos ao ouvir a decisão do magistrado no Fórum de Campo Grande.

Nas imagens, é possível ver o estudante de cabeça baixa e, quando ouve a decisão do juiz, vai aos prantos. Ele estava embriagado quando dirigia o carro e acabou atropelando Danielle, que treinava para uma maratona com um grupo, na MS-010.

João se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas era visível seu estado de embriaguez. O estudante utilizava uma pulseira de uma casa noturna localizada na Avenida Afonso Pena e, dentro do veículo, foram encontradas latas e garrafas de cerveja.

Estudante em audiência de custódia. (Foto: Leitor Midiamax)

Motorista desorientado

A publicitária Gisele Dias praticava corrida com a vítima, e estava no grupo que treinava na manhã de sábado (15).

“Ele (o motorista embriagado) falava que estava indo para a casa dele, falava que morava em Campo Grande, outra hora ele falava que morava perto da Santa Casa, outra hora falava que morava perto do shopping, e a gente estava indo a Rochedo, estávamos a 7 km de Campo Grande”, detalhou a atleta.

“Ele (o motorista) estava muito distante de onde ele pensava que ele estava indo, totalmente sem noção de qualquer coisa”, completa Gisele.

“Não deveriam ser só crimes hediondos que deveriam ser inafiançáveis. Isso foi um crime hediondo, gente, precisa ser revisto isso. Não dá para a pessoa deliberadamente se embriagar, pegar o carro, sair, atropelar uma pessoa, matar uma pessoa, depois voltar para casa e seguir a vida dele. O rapaz, ele estava extremamente embriagado”, desabafou.

💬 Fale com os jornalistas do Midiamax

Tem alguma denúnciaflagrantereclamação ou sugestão de pauta para o Jornal Midiamax?

🗣️ Envie direto para nossos jornalistas pelo WhatsApp (67) 99207-4330. O sigilo está garantido na lei.

✅ Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar nas redes sociais:
InstagramFacebookTikTokYouTubeWhatsAppBluesky e Threads.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Dólar fecha em baixa, a R$ 5,53, com inflação menor nos EUA

Com campo-grandense Judson titular, Brasil estreia na Liga das Nações com vitória sobre Irã

Salgadeira é condenada a 17 anos de prisão por esquartejar marido em MS

Governo lança seleção com 204 vagas para HRMS com salários de até R$ 6 mil

Notícias mais lidas agora

claudinho serra tornozeleira

Justiça nega HC e mantém Claudinho Serra preso por chefiar esquema de corrupção

cPI CONSÓRCIO EX-FUNCIONÁRIOS FROTA

Frota sucateada e condições de trabalho abusivas: ex-funcionários expõem Consórcio Guaicurus

Valores dobraram: Promotoria investiga contrato de Papy com escritório de advocacia

PRF apreende caminhão carregado com maconha e munições na BR-262

Últimas Notícias

Brasil

PF faz operação contra quadrilha que lesava clientes da Caixa

As investigações tiveram início em fevereiro de 2024

Trânsito

Motorista fica preso às ferragens em acidente na BR-158 em Brasilândia

Trecho ficou interrompido no local

Brasil

Senado aprova projeto que torna homicídio em escola crime hediondo

Texto segue agora para a sanção do presidente Lula

Cotidiano

Carreta da Justiça registra mais de 240 atendimentos em Ladário

A Defensoria Pública também esteve presente realizando 53 atendimentos