A defesa do jovem acusado de tentativa de feminicídio contra a ex-companheira nega o crime relatado pela vítima. A jovem, de 24 anos, afirma que precisou deixar Mato Grosso do Sul para fugir do ex, que teria tentado matá-la duas vezes.
Na quarta-feira (16), a jovem entrou em contato com o Jornal Midiamax para relatar ameaças psicológicas, que evoluíram para agressões físicas. Já nesta sexta (18), a advogada Giselli Bompard Nunes, que representa a defesa do ex-companheiro da vítima, procurou a reportagem para negar a violência relatada pela jovem.
A defesa explica que um dos vídeos que a jovem enviou ao Jornal Midiamax com rastros de sangue pela residência do casal foi registrado em fevereiro, quando o rapaz machucou o pé em uma lixeira. “Esse vídeo que ela gravou foi ele que se machucou, pois cortou o pé em uma lixeira e ela gravou. Agora, ela está usando como se fosse ela, [mas] não existiu isso”, disse.
No relato da jovem à reportagem na quarta-feira (16), ela contou que descobriu que o companheiro estava lhe traindo com sua funcionária, situação negada pela advogada de defesa.
“Devido a essa separação, ela ameaçou até a própria empregada doméstica dela, falando que a mesma estava tendo um caso com o marido. Está publicando coisas racistas na internet… Não teve briga, não teve nada, eles estavam juntos, é tudo mentira, não existiu isso”, afirmou Giselli Bompard.
A advogada do rapaz ainda falou que as informações divulgadas pela jovem sobre o caso estão sujando a imagem de seu cliente. “Eu tenho foto dele agredido, dela ameaçando empregada, pois ela ia sujar as facas. É um absurdo, porque meu cliente é empresário e todo mundo está ligando para ele. Ela está fazendo isso para sujar a imagem dele, nos próprios vídeos ela fala que ele se sujou de sangue”.
Giselli Bompard alega também que a jovem fugiu do Estado para não assinar o divórcio. “Ela não quer assinar o divórcio e cada hora inventa uma história diferente. Primeiro ele bateu nela, depois teve feminicídio e não teve nada disso… Ela fugiu para não assinar o divórcio, pois ela não quer dar o divórcio para ele”, pontuou a advogada.
Defesa diz que jovem admitiu fuga geográfica ao sair de MS
Ainda nesta sexta-feira (18), a advogada Giselli Bompard Nunes encaminhou uma nota esclarecendo que os relatos da vítima são inverídicos.
“Esclarecemos que os fatos noticiados são absolutamente inverídicos e carecem de qualquer respaldo na realidade. Todo o processo tramita sob segredo de justiça, e nele já constam provas cabais de que não houve qualquer tipo de agressão física, psicológica ou moral por parte de L.s, conforme conversas, vídeos e áudios — inclusive produzidos e divulgados pela própria suposta vítima.
Ressalta-se que determinados vídeos divulgados nas redes sociais, com intuito sensacionalista, foram editados e manipulados para simular uma agressão inexistente, fato que será apurado judicialmente. A verdade é que a ex-companheira de L. abandonou a cidade de Campo Grande não por medo, mas para evitar a assinatura do divórcio e a partilha de um veículo pertencente ao casal.
Em vídeo de sua própria autoria, inclusive, a suposta vítima conversa com seu advogado, o qual admite tratar-se de uma “fuga geográfica” e não de qualquer situação de violência doméstica. Fica evidente que a tentativa de transformar esse conflito conjugal em um “circo de horrores” visa, unicamente, manchar a imagem do meu cliente perante a opinião pública, com acusações falsas e irresponsáveis.
Por respeito ao devido processo legal e aos direitos da personalidade do Sr. L., solicitamos a imediata retratação da matéria publicada, bem como a observância ao princípio da presunção de Inocência e ao respeito às decisões judiciais.
Todas as alegações de defesa, devidamente comprovadas com provas documentais e audiovisuais, encontram-se nos autos. A verdade prevalecerá.”
Jovem disse ter vivido momentos de terror em dois anos de relacionamento
A jovem, que terá o nome preservado, relatou à reportagem o terror que sofreu nos dois anos de relacionamento com o rapaz. Segundo ela, no início, o homem era carinhoso, mas depois a atenção passou a virar possessividade e ciúmes.
Para o Jornal Midiamax, a jovem disse que era proibida de ver família, amigos, estudar, trabalhar, e que as violências contra ela começaram com ameaças psicológicas para depois evoluir para as agressões físicas.
Além de todas as violências sofridas, ela contou que ainda descobriu que o companheiro estava lhe traindo com uma funcionária que trabalhava em sua casa. O homem chegou a ser preso por tráfico e, conforme a vítima, ele passou a fazer ameaças de dentro do presídio.
Quando saiu da cadeia, ele ainda chegou a morar com a jovem por um tempo, mas, no dia 9 de maio deste ano, ela colocou um ponto final no relacionamento. À reportagem, ela relatou que vários móveis e objetos da casa foram quebrados e rastros de sangue ficaram pela casa devido às agressões sofridas por ela.
Tentativa de feminicídio no Dia dos Namorados
A jovem relatou que, mesmo separada do rapaz, no Dia dos Namorados, ele pediu para que ela passasse a data com ele, já que ela havia saído de casa para morar com o irmão, após as agressões. “Neste dia, foi Deus que me tirou de lá, ele ia me matar a facadas”, revelou.
Na madrugada do dia 13 de junho, ela foi até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) para pedir medidas protetivas contra ele. E, neste mesmo dia, ela contou que o autor tentou matá-la novamente a tiros.
Para se sentir segura, a jovem disse que teve de sair de Mato Grosso do Sul. “Saí com a roupa do corpo, meu carro e R$ 500. Deixei tudo para trás”, falou.
A jovem está na casa de uma amiga em outro estado, o qual não será revelado, para a sua segurança. “Nunca passei por isso”, disse a jovem, que vive com medo e assustada. Hoje, ela tenta refazer sua vida, e o caso está em segredo de Justiça.
📍 Onde buscar ajuda em MS
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana.
Além da DEAM, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.
☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180 é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.
As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.
Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.
📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.
⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.
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