Após a Operação Ligação Familiar, deflagrada na manhã desta sexta-feira (3), um dos alvos, o empresário Renier de Souza Pinheiro, alega que o vídeo compartilhado nas redes sociais em tom de deboche ‘não passa de brincadeira’. A operação investiga uma família por contrabando de eletrônicos, cujo faturamento foi de R$ 290 milhões em cinco anos.
Além de Renier, seu irmão Renan de Souza Pinheiro, o empresário Marcos Freire Junior, Wanderson Lorais Salviano da Silva e Dyegho Magno Miranda Amarilho compõem a lista dos investigados pela Receita Federal, PF (Polícia Federal) e MPF (Ministério Público Federal).
Procurado pelo Jornal Midiamax, Renier, proprietário de uma loja de celulares na Avenida Ceará, contou que não teve nenhum produto apreendido nesta sexta-feira (3). Ele afirmou que, em sua casa, alguns aparelhos usados foram recolhidos, juntamente com a pistola — anteriormente mencionada como propriedade do irmão — que está regularizada.
O empresário relatou que foi surpreendido com as equipes em sua casa e na loja, mas defendeu que trabalha dentro da legalidade. “Hoje nós fomos surpreendidos pela Polícia Federal na minha residência e dentro da minha loja, que ainda estava fechada. Infelizmente, nós não tínhamos acesso ao processo, que estava ocorrendo em sigilo. Então, hoje tivemos uma surpresa, mas infelizmente a gente não consegue mostrar como é feita a nossa operação, dentro da legalidade”.
De acordo com as investigações, foi identificado um grupo, que reúne amigos e familiares, atuando na comercialização de mercadorias de procedência estrangeira introduzidas irregularmente em território nacional, principalmente de celulares de alto valor.
Diante disso, o empresário explicou que ele e o irmão já tiveram um vínculo no passado, mas hoje, o vínculo não existe mais. “Isso foi criado por nós há cinco anos atrás, a gente já teve um vínculo há uns dois anos, mas hoje cada um tem a sua empresa”.

‘Brincadeira’
Questionado sobre os vídeos compartilhados na rede social anteriormente, Renier alegou que foi uma brincadeira. “Hoje tendo a federal na minha casa, vejo que realmente a gente precisa ter calma e a paciência de mostrar para eles que isso não passa de uma brincadeira ou suposição de algo, porque, inclusive, eu tinha postado, mas é um vídeo que não é meu, pois está circulando na internet há muito tempo”, alegou ao Jornal Midiamax.
Já sobre o vídeo em que o empresário deixa um alerta, afirmando que tem ciência dos riscos e de possíveis ações da Receita Federal, ele pontuou que somente alguns trechos foram divulgados. Falou também que o intuito foi orientar os colegas do mesmo ramo.
“Se olhar o vídeo completo, a gente fala que realmente para operar no mundo de celular, precisa ter notas fiscais e fazer da maneira correta para que não tenha uma fiscalização. E foi o que aconteceu comigo, na época, realmente eu não tinha toda essa orientação de como funcionava. Esse é um vídeo antigo que posso ter falado palavras erradas, eu entendo que está errada a forma que foi conduzida, mas empresa está legalizada há muitos anos”, pontuou.
Por fim, em nota assinada por Renier e Renan, os empresários defendem que ambos atuam “há anos no mercado sem qualquer mancha em sua reputação”.
Apreensão na loja de irmão
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, durante o cumprimento de mandados na loja de Renan, foram apreendidos mais de R$ 100 mil em mercadorias, em sua maioria, capas de celulares. Também, foram apreendidos quatro aparelhos usados e um celular novo. Os aparelhos seriam de clientes e estariam na loja para reparos e outros para revenda.
Informações obtidas pela reportagem são de que o proprietário não estava na loja no momento em que os agentes chegaram na manhã desta sexta-feira (3). Além dos acessórios e celulares, uma pistola de calibre 9mm foi apreendida dentro de um cofre. A arma está devidamente regularizada.
Ainda segundo apuração, além da Gold Imports, Renan teria outra loja, localizada em Ribas do Rio Pardo, cidade que também é alvo da operação.
Outra loja alvo da operação nesta sexta-feira (3) foi a Carandá Imports CG, em Campo Grande, de propriedade de Marcos Freire Júnior. Em nota enviada ao Jornal Midiamax, o advogado Antônio Cairo Frazão explicou que a loja foi alvo de mandado de busca e apreensão, mas nada de ilícito foi encontrado.
Operação Ligação Familiar
Segundo a Receita Federal, a Operação Ligação Familiar identificou o grupo, que reúne amigos e familiares, atuando na comercialização de mercadorias de procedência estrangeira introduzidas irregularmente em território nacional, principalmente de celulares de alto valor.
Logo, a investigação constatou que os empresários teriam aberto empresas “com o propósito principal de conferir aparência de legalidade a atividades ilícitas, em especial à comercialização de mercadorias de procedência estrangeira introduzidas irregularmente no país”, descreve a nota.
A Receita ainda indica que entre as principais características observadas nas empresas, destaca-se a emissão de notas frias que teriam sido utilizadas com o objetivo de acobertar a comercialização e o transporte de mercadorias descaminhadas, seja por transportadoras, seja por meio dos Correios.
Notas frias
No período de janeiro de 2020 a abril de 2025, essas empresas emitiram mais de R$ 18 milhões em notas fiscais de vendas e, de acordo com a análise bancária, realizaram movimentações financeiras que totalizam cerca de R$ 290 milhões. Nos endereços investigados, a equipe encontrou joias e relógios de alto valor.
“As informações fiscais dos sócios dessas empresas apontam indícios de movimentação financeira incompatível, ocultação de renda e patrimônio, enriquecimento ilícito, além de outros indícios de fraudes tributárias”.
Estão sendo cumpridos 10 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul. Os responsáveis poderão responder pelos crimes de descaminho e de lavagem de dinheiro, envolvendo a participação de 14 Auditores-Fiscais da Receita Federal e 29 Analistas-Tributários da Receita Federal e 29 policiais federais.
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