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Polícia

‘Apavorada’: mãe relata desespero ao encontrar filho que morreu após possível intoxicação por metanol

Jovem começou a passar mal após beber meia garrafa de Corote
Aline Machado, Thatiana Melo -
Jovem tomou 'meio Corote' e, horas depois, começou a passar mal. (Reprodução)


Em luto, Maria José Duarte Santana, de 46 anos, relata os momentos de desespero que antecederam a morte do filho, Matheus Santa Falcão, de 21 anos. O jovem morreu na noite de quinta-feira (2), após ingerir meia garrafa de Corote. A Polícia investiga se a morte foi provocada por intoxicação de metanol.

À reportagem do Midiamax, Maria conta que estava de férias e, quando chegou em casa, encontrou o filho passando mal. “Fiquei muito apavorada e liguei para meu outro filho nos ajudar. Se eu não estivesse de férias, teria chegado em casa e já encontrado meu filho morto”, diz.

Quando o filho mais velho chegou, a família acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e Matheus foi levado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Universitário.

O jovem chegou à unidade com sintomas de desconforto estomacal e náuseas. Maria conta que o filho vomitou um líquido escuro. Segundo relatos, Matheus estava consciente, foi andando até a triagem, respondeu às perguntas e a pressão dele estava estável.

Cerca de 15 minutos após chegar à UPA, o jovem começou a apresentar crise convulsiva e foi levado, inconsciente, para a ala vermelha da unidade. Pouco depois, teve uma parada cardiorrespiratória.

A equipe médica realizou manobras de ressuscitação cardiopulmonar. O rapaz sofreu outra parada cardiorrespiratória e não resistiu. O óbito foi confirmado às 19h53.

Conforme o boletim de ocorrência, o rapaz, que tem histórico de alcoolismo, havia ingerido meia garrafa de Corote, na quarta-feira (1º), um dia antes de começar a apresentar os sintomas. A família diz que o jovem fazia uso de bebidas alcoólicas para que conseguisse dormir.

Investigação apreende frascos para verificar metanol

A Polícia Civil abriu investigação para descobrir se houve relação com o consumo das bebidas, como as adulteradas com o metanol. Amostras de urina de Matheus e da bebida alcoólica ingerida por ele serão analisadas.

O caso é acompanhado pela Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes contra as Relações de Consumo), segundo a Polícia Civil, que recolheu 13 frascos de bebida na loja onde o produto foi comprado, para análise.

Assim, de acordo com o delegado Wilton Vilas Boas, a morte foi provavelmente causada por uma intoxicação. “Contudo, para comprovação desse fato, teremos que aguardar os laudos de laboratório e o laudo de exame necroscópico. Tendo em vista que essa bebida foi entregue para os próprios familiares na unidade de saúde, nós, por cautela, recolhemos esse produto, para que ele possa ser submetido à perícia. Tudo que está sendo feito é por cautela e uma investigação normal”, disse.

Neste caso, não há confirmação de que tenha alguma relação com os casos de intoxicação por metanol registrados no Brasil, mas exames toxicológicos vão apontar a causa da morte. Segundo o boletim de ocorrência, há a solicitação para “que seja verificada eventual intoxicação, inclusive por metanol, encaminhado o corpo ao IML para exame necroscópico”.

Em nota, a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) e a SES (Secretaria de Estado de Saúde) informaram que acompanham o caso.

“O corpo foi encaminhado ao Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL), da Polícia Científica de Mato Grosso do Sul, onde passou por exame necroscópico. Amostras foram coletadas e encaminhadas para análise laboratorial aprofundada, que deverá indicar a real causa da morte. O prazo estimado para conclusão dos exames complementares é de aproximadamente 30 dias.

A Polícia Civil de , por meio da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (DECON), conduz as investigações, que envolvem os seguintes registros preliminares:

  • Formas qualificadas de crime de perigo comum (Art. 258 do Código Penal);
  • Falsificação, , adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios (Art. 272 do Código Penal);
  • Morte decorrente de fato atípico.

A Secretaria de Estado de Saúde também foi formalmente notificada sobre a suspeita de intoxicação por metanol, e atua em conjunto com os órgãos de segurança e vigilância sanitária na apuração do caso. Até o momento, não há confirmação da presença de metanol. A análise pericial segue em andamento.

O Governo do Estado lamenta o ocorrido, se solidariza com os familiares da vítima e reitera que todas as medidas necessárias estão sendo adotadas para o esclarecimento completo dos fatos”.

Casos de intoxicação por metanol

O aumento de notificações de intoxicação por metanol nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil acendeu um alerta em Mato Grosso do Sul, mesmo sem registros semelhantes no Estado. Para quem não abre mão da bebida no fim de semana, a principal recomendação é redobrar os cuidados e desconfiar de produtos vendidos a preços muito abaixo do mercado, que podem indicar sonegação, adulteração ou até risco de contaminação.

Em Mato Grosso do Sul, somente neste ano, o Procon-MS (Secretaria Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor) notificou nove estabelecimentos por comercializar produtos suspeitos. A lista inclui principalmente destilados como gin, uísque e vodca.

Até o momento, o país registrou seis mortes e 59 notificações por suspeita de intoxicação por metanol.

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(Revisão: Dáfini Lisboa)

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