O amigo que estava com o estudante de Medicina João Vilela antes do acidente com a morte da corredora Danielle Correa de Oliveira será ouvido na audiência desta terça-feira (10), no Fórum Heitor Medeiros, em Campo Grande.
Danielle foi morta atropelada aos 41 anos, na MS-010, em fevereiro deste ano. Na época, o estudante de Medicina foi preso pelo atropelamento, mas conseguiu a liberdade no mês seguinte. Recentemente, a Justiça determinou o pagamento de uma pensão mensal provisória à filha de Danielle. O valor, de R$ 1.518, é correspondente a um salário mínimo.
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Na tarde desta terça (10), ocorre a segunda audiência de instrução e julgamento. A primeira ocorreu no mês passado, quando foram ouvidas a vítima sobrevivente, um PRF (Policial Rodoviário Federal), dois treinadores e um corredor. Ambos estavam no local no momento do acidente que vitimou Danielle.
Ao Jornal Midiamax, o advogado de defesa de João, José Roberto Rosa, adiantou como deve ocorrer a audiência. “Hoje faremos a segunda audiência, serão tomados os depoimentos das testemunhas trazidas pela defesa. Na realidade, inicialmente havíamos arrolado 13 testemunhas e abrimos mão de 9 delas. Hoje vamos ouvir apenas 4 e depois da oitiva será interrogatório do João Vitor”, explicou.
Conforme a defesa, entre as testemunhas ouvidas, estará um amigo do estudante de Medicina. Ele deve detalhar sobre o que ocorreu naquele dia quando estava na presença de João.
“As testemunhas que a defesa está trazendo são testemunhas que vão abonar a conduta do João Vitor, pessoas que conhecem ele há muito tempo, sendo um dos amigos que estava com ele naquele dia. É uma testemunha importante que vai apenas trazer detalhes do quanto foi ingerido de bebida alcoólica”, afirmou o advogado.

No entanto, José Roberto disse que o principal depoimento desta terça-feira (10) é o de seu cliente. Nesta segunda audiência, João deve esclarecer tudo o que ocorreu no dia do atropelamento de Danielle.
“Hoje eu quero também ter a versão dele sobre como é que aconteceu, como era o campo visual dele no momento do ocorrido, até para podermos mensurar, de fato, se aquelas pessoas estavam ali devidamente escoltadas e com todas as providências tomadas. [Quero] ver exatamente a versão dele, sobre o que aconteceu, o que ele estava fazendo naquele lugar, como é que ele foi parar lá. Então, acho que essa ideia defensiva que o João vai trazer, que é o que chamamos de autodefesa, vai ser o ponto alto da audiência de hoje”, falou.
Primeira audiência
Durante seu testemunho, a vítima sobrevivente pediu para que o acusado, João Vilela, fosse retirado. Todos os outros testemunhos foram feitos na presença do estudante.
Segundo o advogado de defesa de João, José Roberto Rosa, a audiência foi dentro da normalidade e importante para a defesa, pois as testemunhas puderam falar sem “aquele nervosismo de ser ouvido logo após o evento”. Isso porque as mesmas pessoas que estiveram na audiência nesta terça foram ouvidas logo que o acidente ocorreu. Conforme o advogado, isso permitiu que elas retratassem “com maior veracidade tudo aquilo que aconteceu”.
“O que discordamos da acusação é apenas no tocante ao tipo penal. Não estamos negando a embriaguez, não estamos negando o evento ocorrido, não há negativa de autoria. O que discordamos aqui é que o Ministério Público diz que está se tratando de um homicídio com dolo eventual e, portanto, a pena prevista vai de 6 a 20 anos, mas nós estamos dizendo que estamos tratando de um crime culposo, previsto no Código de Trânsito”, aponta a defesa.
Liberdade do estudante
No dia 11 de março, a Justiça havia negado um pedido de liberdade impetrado pela defesa. Mas o estudante ganhou a liberdade provisória com algumas medidas cautelares.
“Concedo a liberdade provisória para responder ao processo em liberdade, sob o compromisso de comparecer sempre que necessário aos atos do processo, de não mudar de residência sem prévia permissão da autoridade processante ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência sem comunicar ao juízo.
Diante das particularidades do caso, necessária, ainda, a suspensão da habilitação para condução de veículo automotor, proibido o Paciente, sob as penas do art. 312, parágrafo único, do CPP, de dirigir veículo automotor durante o curso do processo e de frequentar bares e estabelecimentos congêneres, onde se promova a venda e consumo de bebidas alcoólicas”, diz a decisão.
Estudante de Medicina chorou ao ouvir decisão de prisão
Vídeo da audiência de custódia, que ocorreu no dia 16 de fevereiro, mostra o estudante de Medicina aos prantos ao ouvir a decisão do magistrado no Fórum de Campo Grande.
Nas imagens, é possível ver o estudante de cabeça baixa e, quando ouve a decisão do juiz, vai aos prantos. Ele estava embriagado quando dirigia o carro e atropelou Danielle, que treinava para uma maratona com um grupo, na MS-010.
João se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas era visível seu estado de embriaguez. O estudante utilizava uma pulseira de uma casa noturna localizada na Avenida Afonso Pena e, dentro do veículo, foram encontradas latas e garrafas de cerveja.

Motorista desorientado
A publicitária Gisele Dias praticava corrida com a vítima e estava no grupo que treinava na manhã de sábado (15).
“Ele [o motorista embriagado] falava que estava indo para a casa dele, falava que morava em Campo Grande, outra hora ele falava que morava perto da Santa Casa, outra hora falava que morava perto do shopping, e a gente estava indo a Rochedo, estávamos a 7 km de Campo Grande”, detalhou a atleta.
“Ele [o motorista] estava muito distante de onde ele pensava que ele estava indo, totalmente sem noção de qualquer coisa”, completa Gisele.
“Não deveriam ser só crimes hediondos que deveriam ser inafiançáveis. Isso foi um crime hediondo, gente, precisa ser revisto isso. Não dá para a pessoa deliberadamente se embriagar, pegar o carro, sair, atropelar uma pessoa, matar uma pessoa, depois voltar para casa e seguir a vida dele. O rapaz, ele estava extremamente embriagado”, desabafou.
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