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Polícia

Adolescentes entre 12 e 15 anos lideram conflitos escolares em Campo Grande

Entre o ano passado e os primeiros seis meses deste ano, a Secretaria contabilizou 122 situações relacionadas a conflitos escolares
Lívia Bezerra -
Esfaqueamento foi registrado por testemunhas. (Reprodução: Fala Povo)

Em meio à repercussão do caso da adolescente que esfaqueou uma colega na saída de uma escola, em , no último dia 26 de junho, a pergunta que ecoa é: há uma faixa etária de adolescentes que se envolvem mais em conflitos no ambiente escolar?

Segundo dados da (Secretaria Municipal de Educação) de Campo Grande, alunos com idade entre 12 e 15 anos são os que mais se envolvem em conflitos escolares. Entre o ano passado e os primeiros seis meses deste ano, a Secretaria contabilizou 122 situações relacionadas a ameaças ou indícios de confrontos entre os estudantes.

Apesar do número baixo, a faixa etária dos alunos que se envolvem em conflitos escolares chama atenção. Com a repercussão do caso da adolescente esfaqueada em Campo Grande, percebe-se que há um excesso de agressividade entre os estudantes.

Entre hormônios, redes sociais e falta de limites, quais as raízes dos conflitos escolares na adolescência? Segundo a terapeuta e doutoranda em Neurociências, Glaucia Benini, os fatores são diversos, entre eles: biológicos, comportamentais, psicológicos e tecnológicos.

O primeiro ponto a ser analisado é o fator biológico. “O adolescente está em fase de formação do córtex pré-frontal. Isso contribui para que ele esteja produzindo o tempo todo — de forma não controlada — hormônios, como testosterona e estrogênio, que estão ligados à agressividade. Há também a falta de controle dos instintos, pois isso faz com que, por exemplo, eles tenham uma certa vontade de fazer diversas coisas, já têm uma consciência, mas ainda não têm ferramentas internas de autorregulação, aquela maturidade emocional. Isso faz com que os comportamentos acabem sendo um tanto inconsequentes por essas questões hormonais biológicas”, explica Glaucia.

Desenvolvimento emocional

Há ainda o lado comportamental que, conforme a terapeuta, está ligado ao ambiente familiar, social e à escola. Já a questão psicológica aborda o desenvolvimento emocional do adolescente.

“Hoje em dia, tem um número absurdo de crianças e adolescentes não acompanhados com TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), com transtorno de personalidade. Nos dias atuais, também há um número expressivo de crianças já desenvolvendo ansiedade”, afirma Benini.

Outro fator que exerce bastante influência sobre a formação de personalidade e comportamento dos adolescentes é o tecnológico. “Esse bombardeio de informações toda hora. A gente ‘abre’ a internet, liga a e vamos olhando notícias ruins, frieza, jogos virtuais, assédio, comportamentos do ser humano se autodestruindo e destruindo o outro também… Isso acaba gerando uma certa frieza, porque ver essas coisas o tempo todo faz com que, de certa forma, se torne comum no cérebro do jovem”, analisa a terapeuta.

Mas o que mudou dos últimos anos para o período atual? Após a notícia da adolescente esfaqueada pela colega na saída da escola, surgiram muitos comentários relatando que há cerca de 10 a 15 anos, os conflitos entre os estudantes eram menos agressivos.

Por isso, Glaucia pontua: “Antigamente, as famílias eram mais hierarquizadas, pois tinham pai e mãe como figuras de autoridade e, hoje em dia, isso foi se perdendo. Por um lado, a educação se tornou mais afetiva, mas, por outro, os limites acabaram se perdendo. Tem ainda a questão da , pois a vivência no mundo digital fez com que eles [adolescentes] perdessem a capacidade de se relacionar e a interação, o que gera um impacto na formação da empatia e até mesmo na formação de vínculos com outras pessoas e crivo moral mesmo”.

Acompanhamento de adolescentes em casa e mobilização da escola

Em meio aos conflitos registrados no ambiente escolar, vê-se a necessidade de acompanhamento dos adolescentes dentro de casa. A terapeuta orienta que seja monitorado por parte dos pais e responsáveis o consumo das redes sociais.

“É indicado que não só as crianças, mas os adolescentes sejam monitorados, pois ainda estão em fase de formação. Então, cabe aos pais e responsáveis o controle do que esse adolescente está consumindo na rede social e por quanto tempo, e o diálogo, que sempre foi o melhor amigo”.

Benini ainda ressalta à reportagem que, além do monitoramento em casa, a instituição escolar precisa se mobilizar. “Promover debates, conscientização, o melhor ambiente que favorece o respeito, a resposta da criação de vínculos uns com os outros, a empatia. Então, é um trabalho em conjunto de toda a sociedade, família, escola e, também, ajuda profissional, quando necessário”, finaliza.

Ao Jornal Midiamax, a Semed informou que rodas de conversa, mediação de conflitos, formação de educadores e campanhas de promoção da cultura de paz são intensificadas nas escolas.

Ainda, reforçou que as ocorrências que envolvem conflitos escolares são acompanhadas pelas equipes e recebem apoio da GCM (Guarda Civil Metropolitana).

Adolescente que esfaqueou colega foi apreendida

A agressão entre as adolescentes ocorreu por volta das 22h30 da noite de 25 de junho e foi registrada por outros colegas na saída da escola.

Um dia após a agressão, a adolescente que esfaqueou a colega foi apreendida e encaminhada para a Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude). Na especializada, ela foi ouvida e alegou que duas garotas estavam brigando naquela noite.

À delegada Daniella Kades, foi relatado que uma das garotas seria amiga da suspeita e, quando a rival ‘olhou feio’ para ela, a adolescente disse que foi tirar satisfação. A adolescente disse na delegacia, também, que esfaqueou a colega no ‘calor do momento’ e que não queria ferir a vítima.

Agressão

Nas imagens enviadas ao Jornal Midiamax no dia 26 de junho, é possível ver o momento em que as adolescentes estão em luta corporal, quando uma delas cai ao chão e começa a ser agredida a facadas.

Diversos estudantes observam a cena de violência, até que a vítima se levanta e corre, momento em que um adolescente dá um empurrão e consegue conter o ataque.

No vídeo, uma das testemunhas cita o uso de canivete durante a agressão, no entanto, não é possível identificar o tipo de arma branca utilizada.

Em meio à briga das adolescentes, uma moradora próximo da escola disse que escutou um pedido de socorro. Em seguida, ela abriu a porta de casa, ofereceu-se para socorrer a adolescente, foi até a residência de um familiar de carro e se dirigiu a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento).

Conforme o relato da moradora, o desentendimento teria se iniciado dentro da sala de aula, após a adolescente se irritar com o olhar da vítima. “Ela passou e disse que a menina [vítima] olhou para ela. Ela cismou que a menina olhou feio, voltou e questionou. Então, a vítima respondeu ‘Não quero confusão com ninguém, não estou olhando para ninguém’. Nisso, a adolescente falou para todo mundo que, na saída, iria pegar a menina”.

Ainda segundo a moradora, ela tentou ir atrás da adolescente que teria atacado a vítima, mas, quando a menor percebeu sua presença, fugiu para a vegetação nas imediações. A adolescente seria conhecida na região por envolvimento em outras confusões.

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