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Polícia

Prisão de pecuarista brasileiro deixa crime organizado em alerta e políticos paraguaios sob tensão

Clã ganhou fazenda de Alfredo Stroessner e depois se associou a Minotauro
Marcos Morandi -
Prisão aconteceu nesta terça-feira (Foto: Reprodução, PF)

Além de abalar as estruturas do crime organizado na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, a prisão do pecuarista e narcotraficante Antônio Joaquim Mota, o ‘Tonho’, nessa terça-feira (20) em Ponta Porã, fez estremecer os bastidores da política do país vizinho. Lideranças tradicionais e outras emergentes mantêm ligações íntimas com o brasileiro.

Considerado de muita influência na fronteira com Pedro Juan Caballero, ‘Tonho’ tem relações que extrapolam as cidades gêmeas e fazem conexão nas entranhas do poder político, envolvendo até ex-presidentes e personagens influentes no atual governo.

Boa parte da carteira de amigos do brasileiro consta nas investigações feitas pela Polícia Federal com robustas provas do MPF (Ministério Público Federal). É o que revela um dos inquéritos mais recentes e que culminou na prisão de membros da organização comandada por ‘Tonho’ e também pelo seu filho Antônio Joaquim Mendes da Mota, vulgo ‘Motinha’.

Segundo informações obtidas pela reportagem do Jornal Midiamax todos os detalhes da operação realizada nessa terça-feira (20) foram mantidos em sigilo. Na última ação deflagrada contra o Clã Mota em julho do ano passado, o alvo era o filho. Avisado, ‘Motinha’ foi resgatado em helicóptero e nunca mais foi visto.

Amigo de Stroessner

Os laços de amizade entre políticos paraguaios e criminosos com o Clã não é de agora. O precursor do núcleo familiar na região de fronteira foi o baiano Joaquim Francisco da Mota, pai de ‘Tonho’. “Ele chegou em Ponta Porã nos anos 1960 e, já na década seguinte, era considerado o maior contrabandista de café na região ao lado de Fahd Jamil e de Adilson Rossati Sanches”, diz um trecho do inquérito do MPF.

Ainda segundo informações usadas na investigação, o trio levava ilegalmente grandes carregamentos do grão produzido no Paraná, Minas Gerais e interior de São Paulo até o Paraguai e exportava o produto pelo país vizinho, pagando tributos muito mais baixos do que no Brasil.

“Do café, Joaquinzinho, como era conhecido devido à baixa estatura (tinha apenas 1,60 metro), diversificou os negócios nos anos 1980, primeiro para o contrabando de uísque e eletroeletrônicos, depois para as drogas (ele chegou a ser preso por narcotráfico no Paraguai em 1985)”, diz o documento.

Nessa época, Joaquinzinho estreitou laços com o então ditador paraguaio Alfredo Stroessner e ganhou do governo do país vizinho 2,7 mil hectares de terras públicas antes destinadas à reforma agrária em Pedro Juan. Era o primeiro latifúndio do clã.

Sociedade com Minotauro

Após a morte do precursor do Clã Mota, aos 64 anos, em 1998, Antônio Joaquim da Mota, o ‘Tonho’, um dos seus seis filhos, já havia assumido os negócios do pai, lícitos e ilícitos, e realizava a sua expansão com o auxílio, inclusive, de grandes autoridades paraguaias.

“Na última década, ‘Tonho’ e seu filho Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, se associaram aos narcotraficantes Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, e Caio Bernasconi Braga, ambos ligados à facção PCC, para enviar cocaína do Paraguai até os portos de Santos, São Paulo; Paranaguá, Paraná; e Itajaí, Santa Catarina, de onde era exportada para a Europa e América Central”, ressalta outro trecho do inquérito do MPF.

Segundo investigações da Polícia Federal, a droga saía de helicóptero da fazenda Buracão, dos Mota, há 15 km da cidade de Pedro Juan Caballero e era entregue no interior de São Paulo ou no Norte do Paraná, para depois seguir viagem em caminhões até os três portos.

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