A Justiça de Mato Grosso do Sul concedeu liberdade para Antônio Matheus de Souza Silva, de 23 anos. Ele é acusado de participar do furto do apartamento do ex-governador Reinaldo Azambuja, de onde foram levadas joias, relógios e R$ 30 mil em espécie. Antônio está encarcerado na supermáxima da Gameleira, em Campo Grande.

A concessão da liberdade de Antônio foi no dia 8 deste mês e assinada pelo magistrado Robson Celeste Candeloro. Na decisão, o juiz disse: “O acusado apresentou documento que comprova residência fixa, além de bons antecedentes, conforme certidão juntada aos autos. Vislumbra-se que a ordem pública não se encontra violada ou que, de modo concreto, o indiciado apresente real situação de perigo”.

Ainda segundo o juiz, “Até o momento, nada indica que, se ficar solto, impedirá a produção das provas necessárias à instrução criminal e ao deslinde da questão. Deste modo, verifico que não mais estão presentes os fundamentos para manutenção da prisão preventiva”.

Porém, mesmo com o pedido de liberdade concedido, a irmã de Antônio, a microempresária Kelly Silva, por conta de uma burocracia, ainda não conseguiu soltar o irmão. “Tinham o mandado daqui de MS e de lá de São Paulo do mesmo caso e mesmo tendo sido remanejado para cá (Campo Grande), o de São Paulo não foi extinto”, disse Kelly, que tenta tirar o irmão do presídio.

“Foi expedido alvará de soltura, só que não foi possível a liberdade por impedimento decorrente do processo que iniciou em São Paulo quando houve a prisão”, afirmou o advogado de defesa, Paulo Tarso. O advogado ainda explica que o processo foi remetido para Campo Grande, e por isso, o que estava em São Paulo teria de ser extinto.

Álibi e câmeras de segurança

A família de Antônio Matheus de Souza Silva alega que ele é inocente e que nunca veio para Mato Grosso do Sul. Ele teria um álibi para o dia em que o furto foi cometido. Kelly Souza, de 30 anos, microempresária em São Paulo, conversou com o Jornal Midiamax onde relatou que Antônio era amigo de infância de Ítalo e Davi e que não sabia do crime. No dia do furto, o irmão estava no condomínio onde mora, na Rua Vitória, no bairro Santa Efigênia. “Eu vi meu irmão antes da meia-noite neste dia quando ele estava indo para uma balada e antes de sair me entregou R$ 40, na portaria do prédio”, disse Kelly.

O furto ocorreu no dia 8 de junho, mas só foi descoberto no dia seguinte, domingo (9), quando o ex-governador percebeu ao voltar para o apartamento e ver que a porta havia sido arrombada. Azambuja estava em Maracaju, no dia em que teve o apartamento invadido. Os criminosos usaram a escada de incêndio para entrar e sair do apartamento, não usando elevador para não serem identificados.

As imagens de câmeras de segurança mostram que no dia 8 de junho, às 14h08, Antônio sai na portaria do prédio onde mora, em São Paulo. Ele está de camiseta listrada de azul e short, quando volta às 19h50 para o prédio com as mesmas roupas. 

Por volta da meia-noite e 27 minutos, Antônio é flagrado novamente saindo pela portaria do prédio de camiseta, de cor preta e calça de cor cáqui para ir até uma balada no Tatuapé, segundo a irmã. Além das câmeras de segurança que mostram Antônio na portaria do prédio no dia do furto, ele passou a madrugada do dia 9 na companhia de uma ficante indo para a casa da jovem, que postou fotos nas redes sociais do casal na balada.  

“Ele passou a noite com a menina com quem foi para a balada, e não tinha como ele estar em dois lugares ao mesmo tempo”, disse Kelly, que afirmou que no domingo (9), antes da mãe dos dois ir para o culto, viu Antônio no apartamento dormindo.

Ainda segundo Kelly, o irmão nunca veio para o Estado e o único lugar para onde viajou fora de São Paulo foi para o Nordeste, onde visitou os avós. Antônio é apontado como motorista da dupla que invadiu o apartamento de Azambuja, mas a irmã afirma que Antônio não sabe nem dirigir. “Ele não tem nem CNH e nunca pegou no volante de um carro”, disse. 

Kelly ainda diz estranhar a rapidez com que o irmão foi transferido de São Paulo para Mato Grosso do Sul. “Nós estávamos atrás dele sem saber onde estava e só no dia 19 conseguimos notícias dele”, disse a microempresária. O trio foi preso no dia 10 de junho em São Paulo, por equipes do Garras que conseguiram rastrear o carro alugado, que foi usado para cometer o crime.

Antônio teria ajudado a vender as joias roubadas, segundo a PCMS

Segundo a Polícia Civil, Antônio teria participação no grupo criminoso, o “acusado mencionado foi flagrado recebendo os valores da venda das joias furtadas no apartamento em Campo Grande, junto com os outros dois responsáveis, já identificados (inclusive confessos), pelo furto ora investigado. Sendo assim, o acusado é suspeito de pertencer a referida associação criminosa”, diz PCMS. De acordo com a polícia, o inquérito já foi relatado, mas as diligências continuam.

Contudo, segundo o relatório da Polícia Civil, o trio foi visto por volta das 14h30, dias depois do crime, na Rua Barão de Paranapiacaba, onde há um prédio em que são negociadas joias. Pelas imagens coletadas pela polícia de São Paulo, Davi e Italo entram no prédio de mãos vazias e Antônio fica na frente do prédio.

Momentos depois, a dupla sai do prédio e, em seguida, o trio acaba preso no carro alugado para cometer o furto em Campo Grande, com uma sacola, de cor verde, onde foram encontrados R$ 67 mil da venda das joias. A esposa do dono da loja afirmou que dois homens, sem dizer quem seriam os autores, teriam negociado com seu marido as joias, e que eles não negociavam relógios.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, as imagens de câmeras apresentadas eventualmente pela defesa serão levadas em consideração, após verificar a sua real confiabilidade pelos exames periciais. Mas, mesmo com as imagens, não há isenção da participação de Antônio na associação, seja no levantamento de dados, seja na venda dos bens subtraídos da vítima a receptadores. 

Por fim, a polícia apontou que Antônio é investigado em São Paulo por furto qualificado em diversos outros inquéritos. A família nega que ele tenha passagens.