A Polícia Civil de Douradina, a 195 quilômetros de Campo Grande, abriu uma investigação sobre o ataque ocorrido neste domingo (14) que acabou com um indígena de 43 anos ferido a tiros na perna. Os indígenas Guarani e Kaiowá retomavam parte do território de Panambi – Lagoa Rica, quando houve o ataque.

De acordo com o delegado Gustavo Mucci, o caso é tratado inicialmente como tentativa de esbulho possessório. Segundo o delegado, a Polícia Militar foi até o local e ninguém foi detido na ocasião. Ainda de acordo com Mucci, espera-se que a vítima receba alta para ser ouvida.

Mucci afirmou que os proprietários rurais da região também serão ouvidos. A Polícia Federal não teria ido até o local. 

Reivindicavam território

Os indígenas da organização Aty Guasu contam que estavam em uma estrada em frente à aldeia. “Não provocamos eles. Estávamos fazendo nosso protesto e o fazendeiro passou por nós e atirou”, publicou o líder Guyra Kambiy Ezequiel. Alvo da retomada, a Terra Indígena Panambi – Lagoa Rica é uma terra oficialmente reconhecida, identificada e delimitada com 12,1 mil hectares desde 2011. Seu processo de demarcação, contudo, está paralisado por conta de medidas que tentam instituir a tese do Marco Temporal.

Segundo nota da Aty Guasu, em represália à retomada, durante a tarde de domingo, os indígenas foram atacados por fazendeiros da região, que invadiram a comunidade em bando. Durante o ataque denunciado, no tekoha Guayrakamby”i, um indígena foi alvo de tiros, ficando ferido na perna.

Em 2015, segundo os indígenas, o mesmo grupo de fazendeiros atacaram a comunidade de Guyrakamby”i. Na ocasião o MPF (Ministério Público Federal) interveio no conflito. “Nossa área do Lagoa Rica está delimitada, porém nunca foi entregue a nós. Retomamos para garantir a vida do nosso povo, mas agora estamos temendo a morte”, finaliza.