PCC usava de passadeira a aposentado como ‘laranjas’ para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas

Operação Last Chat do Gaeco interroga envolvidos em esquema com participação de advogados, policiais militares e servidor público

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Operação Last Chat (Divulgação, MPMS)

A facção criminosa do PCC (Primeiro Comando da Capital) usava de passadeira até aposentados como ‘laranjas’ em esquema de lavagem de dinheiro para o tráfico de drogas e armas. O esquema foi desmantelado em investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que deflagrou a Operação Last Chat com alvos membros do grupo, que eram policiais militares, advogados e servidor público. No total, 29 pessoas foram presas.

Todos que receberam dinheiro da empresa de fachada criada especialmente para fazer a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas feito pela organização estão sendo ouvidos entre esta quinta e sexta-feira na sede do Gaeco, em Campo Grande.

Conforme o advogado Francisco Romero, que atua na defesa de Aldair Antônio Garcia, houve quebra de sigilo fiscal da empresa e todos que receberam quantias estão sendo ouvidos. Inclusive, quatro ex-namoradas de Rafael da Silva Lemos, conhecido como ‘Gazela’, que está encarcerado em penitenciária, mas continuava a dar ordens para a organização na logística do transporte de drogas.

O advogado Reinaldo Monteiro, que defende Kelli Letícia de Campos, apontada como dona da empresa de fachada, limitou-se a dizer que não teve acesso ao processo, mas que sua cliente é cozinheira e produz marmitas. Ainda conforme o defensor, os agentes não encontraram drogas ou armas na casa de Kelli, que está preso sob força de mandado de prisão.

Um dos ‘laranjas’, segundo as investigações do Gaeco, seria Sérgio Vinicius. O advogado dele, Selmen Dalloul, disse que Sérgio seria aposentado e que sequer teria dinheiro para pagar advogado. Ressaltou ainda que seu cliente “não tem participação com essa organização criminosa”.

Outro advogado que acompanhava depoimento de sua cliente é Telmo César Lemos Gellen, que disse apenas que sua cliente é uma passadeira.

Advogada recebeu R$ 100 mil para obter informações sigilosas de policiais

A advogada é apontada pela denúncia do Gaeco como a ponte entre o preso Rafael da Silva Lemos, conhecido como ‘Gazela’, que está encarcerado em penitenciária, mas continuava a dar ordens para a organização na logística do transporte de drogas. Segundo a denúncia, uma empresa foi criada especialmente para fazer a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas feito pela organização. 

A advogada que atuava como ‘gravata’ para a organização criminosa ainda levantava informações sigilosas para Rafael. A denúncia traz que a advogada teria recebido da organização criminosa mais de R$ 100 mil. Sabe-se também que um dos integrantes da organização havia sido preso quando transportava drogas.

Mais de uma tonelada de maconha acabou apreendida e, depois da prisão do integrante, a advogada ficou incumbida de saber se corria riscos de outros endereços onde estavam armazenadas drogas serem descobertos pela polícia. Para isso, a advogada pagou para um policial militar descobrir informações e repassar a ela. Assim, posteriormente, informaria a Rafael, líder da organização.

Quando o integrante da organização foi preso, ele e outro membro falavam sobre armas, munições e drogas que estariam em um depósito em uma casa na Rua Baraúnas, no bairro Parque dos Novos Estados. Depois de presos, a advogada teria instruído a não dar informações sobre a organização dificultando o trabalho da polícia.

A advogada já havia sido presa quando da deflagração da Operação Courrier, em 2022, quando o Gaeco deflagrou a ação onde advogados estavam envolvidos com uma organização criminosa. 

Confira a lista dos presos:

  • Anderson da Silva Ferreira, conhecido como ‘Ninho’
  • Aldair Antonio Garcia
  • Alex Benitez Gamarra
  • Cleber Ferreira Alves
  • Cybelle Bezerra da Silva
  • Debora Cristina dos Santos
  • Edson Ribeiro de Souza
  • Fabiano Augusto 
  • Francisco Jales
  • Francisco Moura Amorim
  • Glenio Cesar da Costa 
  • Italo Eufrasio Lemos
  • Jardeson Marx Teixeira
  • Kelli Letícia de Campos
  • Kelmo de Oliveira
  • Klemerson Oliveira
  • Lindisleir Aguilera do Nascimento
  • Lucas Eric Ramires 
  • Luciana Lima
  • Mayron Mendes
  • Paula Tatiane Monezzi
  • Rafael da Silva Lemos, o ‘Gazela’
  • Renan Santana de Souza
  • Ricardo Rodrigues
  • Sérgio Simão
  • Sérgio Vinicius
  • Suelen Pereira 
  • Valdinei Freitas
  • Viviane Fontoura

Organização altamente estruturada

A Operação Last Chat é para desmantelar organização criminosa altamente estruturada que opera no tráfico de drogas em cinco estados, desde o interior dos presídios, contando com uma rede sofisticada de distribuição e vários integrantes e apoiadores já identificados, cerca de 40 membros, entre eles policiais militares, servidor público municipal e três advogados.

A organização criminosa também atuava no comércio ilegal de armas de grosso calibre, como fuzis e submetralhadoras, além de granadas, munições, acessórios e outros materiais bélicos de uso restrito, bem como na lavagem do dinheiro relacionado aos crimes, para a qual se utiliza de diferentes métodos, como a constituição de empresa fictícia, uso de contas bancárias de terceiros, aquisição de veículos de alto valor econômico em nome de terceiros – Porsche, caminhões, entre outros.

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