Mãe de Sophia chora ao tentar desmentir sogra e amigos de Christian por acusações de agressão e uso de drogas

Stephanie disse que sogra é mentirosa e que apenas fingia usar drogas com os amigos

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(Madu Livramento, Jornal Midiamax)

A mãe de Sophia Ocampo – morta e torturada aos 2 anos em janeiro de 2023 – chorou durante o interrogatório de seu julgamento. Ela tenta desmentir a sogra e a dupla de amigos de Christian Campoçano Leitheim, padrasto e um dos acusados pela morte da criança. 

Durante o júri popular na tarde desta quarta-feira (4), Luciana Campoçano Leithem, mãe de Christian relembrou o dia em que Stephanie de Jesus da Silva teria agredido Sophia e até sufocado a menina com um travesseiro. 

Porém, ao ser interrogada,Stephanie chorou e negou a acusação, alegando que o padrasto de Sophia foi quem se envolveu em uma briga com o marido da mulher. “Ela (sogra) é uma mentirosa, porque nesse dia o Christian que fez isso, ele e o pai dele começaram a ‘rolar’ na sala. O pai do Christian pegou uma faca e derrubou o portão para tentar matar ele. Ela é uma mentirosa para tentar defender o próprio filho”, disse. 

Ainda, a dupla de amigos de Christian, Matheus Siqueira e Erick Douglas prestaram depoimento, mas apresentaram diversas contradições. Inicialmente, Matheus afirmou que estava com o casal na madrugada que antecedeu a morte de Sophia e contou que havia saído com Stephanie para comprar cocaína. 

Depois, o amigo de Christian se contradisse e falou que, apesar do uso de drogas ser frequente na residência do casal, não se recordava dos fatos. “A Stephanie usou cocaína também. A princípio não me recordo porque estávamos na frente da casa dela na varanda e as crianças dentro da casa”, disse. 

Ainda durante o depoimento de Matheus, ele contou que viu Stephanie entrando em um carro de aplicativo com Sophia nos braços, em direção a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), mas não soube dizer se ela já estava morta. 

Contudo, revelou que ouviu Christian confessando o assassinato. “Eu estava em casa e o Christian tinha comentado que a Stephanie tinha ido para o UPA. Eu cheguei e vi a Stephanie entrando no carro com a Sophia e ouvi o Christian falando que era culpa dele”, disse. 

Já Erick afirmou que é usuário de drogas há três anos e que, na madrugada que antecedeu a morte de Sophia, Stephanie também usou cocaína. Porém, a mãe de Sophia negou o uso de drogas.

“Não chegava a usar, eu fingia que usava para o Christian me deixar em paz. Eu fazia o mesmo gesto que eles, mas fingia. Foi uma surpresa para mim eles usarem drogas na parte da tarde enquanto eu estava trabalhando, pois eu confiei as minhas filhas para ele cuidar e não sei o que acontecia”, falou Stephanie.

Mãe de Christian chorou ao relembrar dia em que Stephanie agrediu Sophia em sua casa

Em plenário, Luciana relembrou uma confraternização ocorrida em sua casa em um domingo, quando Stephanie teria agredido Sophia após a criança se recusar a comer. “A Sophia não queria comer comida, ela ficou brava e bateu nela ‘de mão aberta’ e levou ela para o quarto, querendo que ela dormisse a força”, afirmou a mãe de Christian.

Aos jurados, ela disse também que Stephanie teria sufocado Sophia com um travesseiro. “Levou ela para um quarto da casa, sufocou ela com um travesseiro, falando ‘dorme, dorme’.

Luciana ainda revelou que a mãe de Sophia teria dito “não, essa guria dá muito trabalho”, você não conhece como ela é”, contou a mãe de Christian. Em seguida, segundo o depoimento dela, o esposo encerrou a confraternização que ocorria na casa. 

Médica contou que mãe não olhou para Sophia ao saber da morte e questionou reação

Uma das testemunhas que prestou depoimento nesta tarde foi a médica pediátrica Thayse Capel, que trabalhava na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino e foi chamada para a área vermelha logo que Sophia deu entrada na unidade. 

Aos jurados, a médica conta que, ao notar a rigidez do corpo, constatou que Sophia já estava morta e questionou a Stephanie sobre o que estaria ocorrendo, quando notou uma reação atípica da mãe. Neste momento, a profissional percebeu que o caso era de polícia e acionou as autoridades.

(Foto: Madu Livramento, Jornal Midiamax)

“Quando nós damos uma notícia de óbito para uma mãe, a primeira coisa que a mãe faz é olhar para o filho de maneira desesperada. E ela não tirou os olhos do celular enquanto eu falava com ela”, disse a médica. 

Ainda no plenário, a profissional de saúde relatou que a mãe de Sophia se quer chorou ao ser informada da morte da pequena, apenas demonstrava ansiedade. “Estava ansiosa, mexendo no celular, não estava chorando, mesmo após o anúncio e não deu nenhuma reação”, falou.

Levada 30 vezes para unidades de saúde

Foram 30 vezes que Sophia foi levada a uma unidade de saúde, sempre com algum machucado, passando mal, mas também sempre havia uma desculpa para a criança estar com aqueles roxos pelo corpo como: ter sido agredida pelo ‘irmão’ – filho de Christian – ou ter se machucado brincando.

Mas, o que foi descoberto depois deixou uma sociedade inteira horrorizada: Torturas, beliscões, xingamentos, gritos e até estupro. Nos dois anos em que Sophia viveu, ela foi agredida pelo padrasto. A mãe nega que sabia das agressões à filha, mas conversas recuperadas  pelo Gaeco demonstram o contrário.

Nas conversas entre Stephanie e Christian, a mãe de Sophia combina com o companheiro a melhor forma de relatar os motivos para os machucados na menina. “Vamos dizer que caiu no parquinho.”, dizia uma das mensagens trocadas. 

Em agosto de 2022, a mãe de Sophia questiona o marido sobre uma marca de mordida no braço da menina, e ele responde: “sabe que não controlo a mordida, ela é macia demais”.

No dia 16 de novembro, em mais uma mensagem enviada do padrasto da menina para a mãe de Sophia, ele fala que deu uma surra na criança, e que percebeu que ela ficou com um galo na cabeça e estava com a boca sangrando. 

A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni, em 2008, teria apontado que a menina foi abusada várias vezes. “A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto, fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise.

Os dois ainda teriam sido denunciados por tortura contra Sophia quando ela teve a perna quebrada a chutes por Christian. A cena foi presenciada pelo filho do autor que prestou depoimento falando sobre o episódio. “Foi meu pai, meu pai que chutou ela pra rua, chutou ela duas vezes, aí deixou ela machucada.

A menina tinha um trauma na coluna vertebral, o que na época foi dito pelo médico legista, que uma força muito grande pode ter feito com que o pescoço tenha girado em 360º e poderia ter causado a morte instantânea de Sophia.

Assassinato de Sophia

Sophia morreu em janeiro de 2023, após passar por várias internações. Assim, as investigações mostraram que a mãe levou a menina até uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.

Além disso, a polícia identificou indícios de estupro na vítima. Ainda durante as investigações, uma testemunha contou que após receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.

Também uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe dizer que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.

Essa versão é contestada pelo médico legista, que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha.

Por fim, a autópsia apontou que Sophia pode ter agonizando por até seis horas antes de morrer. Após o início das investigações, a polícia prendeu o padrasto e a mãe da menina. Eles seguem presos.

Sophia foi torturada e morta aos 2 anos. (Reprodução, Redes Sociais)

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