Pular para o conteúdo
Polícia

Laudo não confirma embriaguez de jornalista que se negou a fazer bafômetro após acidente com morte

Laudo foi anexado nesta quarta (2), dia em que ocorre a segunda audiência do caso que vitimou Belquis Maidana
Lívia Bezerra -
Acidente ocorreu no centro de Campo Grande. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Laudo pericial juntado ao processo a pedido da defesa não confirma que o jornalista Guilherme Pimentel, acusado de matar Belquis Maidana, de 51 anos, em um acidente de trânsito, estava embriagado. No entanto, no dia do acidente que causou a morte, ele se recusou a realizar teste do bafômetro e apresentava sinais visíveis de embriaguez, de acordo com os registros policiais.

O acidente aconteceu em 9 de dezembro de 2023, na Rua Antônio Maria Coelho e o documento foi anexado nesta quarta-feira (2) nos autos do processo, dia em que ocorre a segunda audiência do caso. 

No dia do acidente, Guilherme foi preso em flagrante e a Polícia Civil indicou que o carro que ele dirigia estava a 100 km/h. Ainda segundo o registro policial, o jornalista estava na casa de seu companheiro às 5h30 da manhã de um sábado, onde os dois beberam vinho. Logo depois, o assessor saiu dirigindo o Toyota Etios, carro oficial do Governo, quando ocorreu o acidente. 

Contudo, o advogado Fábio Andreasi, que representa a defesa do jornalista, pediu que o laudo técnico fosse juntado ao processo. A defesa alega que houve um equívoco na denúncia. 

“Desde a resposta escrita à acusação, a defesa insiste no equívoco da denúncia com foco em suposto dolo eventual, consistente em pretensa alta velocidade, embriaguez e avanço de sinal semafórico vermelhos não existentes. O laudo aqui juntado mostra tecnicamente que a defesa tem razão”, requereu o advogado de Guilherme. 

Laudo não confirma embriaguez

Em seguida, o laudo que a Perícia Científica Aplicada elaborou – e ao qual o Jornal Midiamax teve acesso – foi anexado. O documento mostra a constatação de apenas alguns sinais que confirmariam a embriaguez.

Sobre os olhos avermelhados que o jornalista apresentava logo após o acidente, o laudo diz: “A aparência está muito mais ligada ao horário do acidente e suas características do que à ingestão de bebida alcoólica. É de esperar que um sinistro ocorrido nas primeiras horas do dia, com explosão dos airbags, enseje vermelhidão nos olhos”. 

Naquele 9 de dezembro, o jornalista se recusou a fazer o teste de bafômetro, mas os policiais identificaram sinais de embriaguez, sendo elaborado um TCE (Termo de Constatação de Embriaguez). Entretanto, o laudo pericial afirma que em relação ao hálito, é comum a confusão do etílico com o cetônico próprio do jejum noturno.

“Com gosto metálico, que lembra a acetona, ou às vezes mais adocicado, a halitose cetônica é apenas um reflexo das alterações que o organismo teve de fazer para se adaptar à falta de glicose ou a um jejum prolongado”, diz o estudo. 

Perícia aponta erro material

Assim, a perícia afirma que houve um possível erro material, pois o TCE demonstra que não há indícios de embriaguez ao volante e que não é possível afirmar que Guilherme – que conduzia um carro modelo Etios – estava bêbado. 

“Ante tudo o que foi exposto ao norte, utilizando a técnica adequada e mais aceita no meio científico, não há como afirmar que o condutor do V2 – carro Etios, estava em estado de embriaguez, pois o próprio TCE atesta que Guilherme de Souza Pimentel estava orientado, com memória e sem apresentar nenhuma desconformidade na capacidade motora e verbal”. 

Em relação à velocidade com que ambos os veículos eram conduzidos, a perícia indica que o carro conduzido pelo jornalista estava com velocidade “bem inferior” ao permitido na via. Já a velocidade da motocicleta, conduzida pelo marido da vítima, não foi possível calcular. 

“A melhor técnica disponível indica que o V2– carro Etios possuía velocidade bem inferior (40,8km/h) à máxima (60km/h) permitida para a via que trafegava. A velocidade pós-colisão dos dois veículos foi estimada 34 km/h, por estarem acoplados”, indica o estudo técnico. 

O laudo também atesta que as mídias não foram analisadas corretamente e não houve preservação da cadeia de custódia. “Inviabilizando qualquer análise e invalidando a conclusão trazida no Laudo Pericial 168.541, por não utilizar técnica adequada. Isto posto, no nosso modesto entendimento, indicamos não há elementos suficientes, concretos e seguros para estabelecer a causa determinante do sinistro”, concluíram os peritos. 

Segunda audiência

Na tarde desta quarta-feira (2), acontece a segunda audiência de instrução e julgamento do caso após a defesa do jornalista pedir pelo adiamento da mesma. A alegação foi de que Guilherme estaria trabalhando em campanha eleitoral e que suas testemunhas também, o que dificultaria o comparecimento 

Contudo, a Justiça negou o pedido de adiamento e a audiência foi mantida, com previsão de início às 14 horas.

No dia da primeira audiência, realizada em 11 de setembro, o advogado Fábio Andreasi pediu a dispensa de Guilherme na audiência alegando estresse pós-traumático. A defesa apresentou um atestado psicológico ao Poder Judiciário, em que cita que o jornalista faz acompanhamento desde 30 de outubro de 2020.

Vale ressaltar que em junho deste ano, o juiz determinou que o jornalista vai a júri popular. A decisão ainda traz que: “Requer-se ainda a fixação na sentença do valor mínimo para reparação de danos causados pela infração, consistente no valor da fiança de cinquenta salários-mínimos – sessenta e seis mil reais – à época, nos termos do Artigo 387, Inciso IV do Código de Processo Pena”.

O acidente

Policiais militares prenderam Guilherme em flagrante após o acidente que terminou na morte de Belquis Maidana, de 51 anos. 

Ainda conforme a polícia, Guilherme estava na casa de seu companheiro às 5h30 da manhã de um sábado, 9 de dezembro de 2023, onde os dois beberam vinho. Logo depois, o assessor saiu dirigindo o Toyota Etios, carro oficial do Governo, quando ocorreu o acidente na Rua Antônio Maria Coelho.

Então, Guilherme colidiu o carro contra a Honda Biz azul, no cruzamento com a Rua Bahia. Também segundo a polícia, o motorista furou o sinal vermelho, atingindo a moto e a arrastando por 25 metros.

Assim, Guilherme foi ouvido na delegacia e contou que esteve com o namorado. Também relatou que seguia para o trabalho, pois estava de plantão na Segov. Depois, o jornalista permaneceu detido na delegacia, até a audiência de custódia.

O caso é tratado como homicídio simples, por considerar que o jornalista assumiu o risco de provocar o acidente. Isso, porque ingeriu bebida alcoólica, estava acima da velocidade permitida e também por furar o sinal vermelho.

Ele ainda responde por lesão corporal de natureza grave e por conduzir veículo automotor com a capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Oruam vira réu por tentativa de homicídio contra policiais; entenda

Homem é preso por vender combustíveis irregularmente em Nova Andradina

Deputado Lindbergh protocola requerimento para cassar mandato de Carla Zambelli

Onde assistir: Derby Paulista é destaque em confrontos das oitavas da Copa do Brasil

Notícias mais lidas agora

flexpark ação

Campo Grande contesta perícia de indenização ao Flexpark e alega que valor é R$ 1,8 milhão menor

Amante diz que jogou corpo de mulher em vala em Terenos após entrar em surto

Em abril, membros do MPMS comemoram escolha de Alexandre Magno (esq.) para indicação ao CNMP, que já tem de MS o procurador Paulo Passos (centro) (Acervo público da Assecom/MPMS)

CNMP valida desculpas para nota zero de transparência no MPMS, alerta especialista

Bolsa Família: beneficiários com NIS final 9 recebem parcela de julho nesta quarta-feira

Últimas Notícias

Cotidiano

Bonito recebe circuito nacional de corrida no fim de semana

Circuito LIVE! RUN XP já passou por várias cidades do Brasil

Cotidiano

Com aumento de 3.500%, MS lidera crescimento de acidentes com escorpiões no país

Estudo elaborado pode pesquisadores da UFMS leva em consideração dados levantados entre 2007 e 2023

Transparência

Campo Grande contesta perícia de indenização ao Flexpark e alega que valor é R$ 1,8 milhão menor

Empresa move ação na Justiça alegando que contrato operou com defasagem

Política

Último dia de missão contra tarifaço, senadores de MS têm reuniões e coletiva de imprensa

A medida que impõe 50% de taxa em cima de produtos brasileiros pode começar a valer a partir de sexta-feira